A versão de motor 3-cilindros de 1 litro do Golf ainda pode ser chamada de recente, chegou em setembro do ano passado. Como ocorre com muitos lançamentos, dispõe-se de um pequeno percurso de teste, geralmente em autoestrada, o caso deste. Da fábrica em São Bernardo do Campo até o início do rodovia dos Tamoios (SP-99), almoço e retorno, usando o rodoanel na ida e na volta. Dá para avaliar muita coisa, mas não tudo. Foi agora, usando o carro na cidade (e na Estrada do Romeiros!), que deu para ver grau de excelência do binômio Golf e motor 1-L de três cilindros com turbocompressor.
Encanta a precisão do chassi do Golf, mesmo com suspensão traseira por eixo de torção em vez da multibraço. Direção eletroassistida muito rápida (13,6:1, 2,8 voltas entre batentes do volante de Ø 365 mm), com percepção de centro exata e indexação à velocidade exemplar. Os freios a disco nas quatro rodas têm a potência que se necessita, com modulação impecável. O punta-tacco, como em todos os Golf, é “telepático”. Tudo isso e bancos para alemães de 1,95 metro se traduz numa enorme alegria de dirigir.
A medida dos pneus, de série, é 205/55R16V, mas o carro testado tinha os opcionais 225/45R17W (Continental ContiSport Contact 3) fornecidos dentro do pacote Elegance, que sem nenhuma dúvida têm participação importante nas brilhantes qualidades dinâmicas desse Golf. O estepe com roda de aço tem o pneu de medida básica e por isso é teoricamente temporário.
Esqueça 0-a-100 km/h, esqueça velocidade máxima, apenas dados referenciais — são muito bons, 0 a 100 km/h em 9,9/9,7 s e 190/194 km/h. O que vale mesmo é a sensação de sentir o encosto do banco pressionar as costas e a paisagem passar célere pelo carro (sossegue, sei que é ao contrário), em que a alavanca de câmbio e as seis marchas do câmbio manual VW MQ200A 6F são apenas um detalhe técnico, já que as acelerações e retomadas são entusiasmantes em qualquer marcha. E o carro estava abastecido com gasolina. Um número que exemplifica a disposição para retomar velocidade é ir de 80 a 120 km/h em 5ª, a marcha da velocidade máxima, em apenas 10,5 segundos, com gasolina ou álcool.
Pense, são 116/125 cv a apenas 5.500 rpm, mas que vai a 6.500 rpm num piscar de olhos, quando ocorre o corte limpo. O torque é 20,4 m·kgf, típico de motores 2-litros de aspiração atmosférica, e já chega a 2.000 rpm, ficando nesse patamar até 3.500 rpm. A 2.000 rpm já são 57 cv; a 3.500 rpm, praticamente 100 cv.
A análise do gráfico revela pontos surpreendentes. A 1.000 rpm o torque já é de 9,7 m·kgf e são 13 cv. Note a forte inclinação da curva de torque de 1.000 a 1.600 rpm, e a essa rotação a potência já é de 40 cv. É exatamente o que se percebe ao abrir o acelerador em baixa rotação, um empurrão significativo. Só que de “caminhonal” o motor não tem nada, pois você leu acima até onde ele gira totalmente alegre, 6.500 rpm. Esse motor é mesmo uma obra de arte.
O único câmbio disponível, manual de seis marchas, com ré sincronizada, é 5+E, é perfeito sob qualquer ponto de vista. Sua v/1000 em 6ª de 41,2 km/h permite cruzar a 120 km/h com motor a 2.900 rpm. Se quiser ficar em 5ª, a marcha da velocidade máxima, a 120 km/h são 3.500 rpm (v/1000 34,2 km/h).
Com tudo o que eu disse até aqui, uma certeza: um câmbio 4+E “engoliria” este motor com perfeição, sobra-lhe elasticidade. A primeira final poderia permanecer igual para garantir a boa rampabilidade e a quarta, a mesma v/1000 da 5ª citada acima. Eu adoraria dirigir um assim, ficar com 4 marchas no “H” básico e a marcha de repouso em “perna de cachorro” virada para cima. E, de novo, certeza, a de continuar o mesmo empurrão nas costas.
Veja como poderia ser, comparado com 5+E:
Recomendo ler o teste por ocasião do lançamento pelo vasto conteúdo de informação deste Golf, mas preços ali informados já mudaram. Hoje o preço básico do Golf 1,0 TSI é R$ 77.247 (era R$ 74.990 em setembro) e com todos opcionais de combinação possível, R$ 98.034. Os pacotes citados na matéria tiveram aumento de preço: Exclusive, de R$ 9.549 para R$ 9.836; Elegance, de R$ 3.200 para R$ 3.296; Comfort, de R$ 4.632 para R$ 4.771; teto solar, de R$ 4.573 para R$ 4.635. As pinturas metálicas foram de R$ 1.361 para R$ 1.442, mas a preto Mystic pulou de R$ 1.545 para R$ 1.917. Na matéria com link encontram todas as informações dos equipamentos.
A versão testada é a Comfortline, que existe também em versão de motor 1,6-L MSI EA211, 110/116 cv, R$ 78.130 manual de 5 marchas e R$ 83.530 automático epicíclico de seis. Exista a Highline, com o motor 1,4 TSI de 150 cv, manual de 6 marchas ou automático epicíclico de 6, R$ 101.960 e R$ 107.600, respectivamente. Todos esses preços são básicos.
No dia em que eu e o PK estivemos na Estrada dos Romeiros, mais o AK com o Renegade 1,8 flex (teste já publicado), tivemos a agradável companhia do leitor Márcio Salvo, que fez várias tomadas de imagens, em especial se valendo do seu drone, como um making of dos testes do Golf e do Renegade, aqui indo nosso agradecimento (veja o vídeo adiante).
Esse é daqueles carros em que a despedida no momento devolução à fábrica é longe de ser alegre…
BS
Vídeos:
FICHA TÉCNICA VW GOLF 1,0 TSI | |
MOTOR | |
Designação | EA211 R3 |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | Alumínio |
N° de cilindros/configuração | Três/em linha |
Aspiração | Forçada por turbocompressor BorgWarner, interresfriador ar-água, pressão de superalimentação 1,3 bar |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 76,4 |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 116/125 cv/5.500 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 20,4/2.000~3.500 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500, limpo |
N° de válvulas por cilindro | Quatro, atuação indireta por alavanca-dedo roletada |
N° de comandos de válvulas | Dois, no cabeçote, correia dentada, variador de fase na admissão e escapamento |
Formação de mistura | Injeção direta |
Gerenciamento do motor | Bosch MED |
Combustível | Gasolina comum e/ou álcool |
TRANSMISSÃO | |
Embreagem | Monodisco a seco, comando hidráulico |
Câmbio | Transeixo dianteiro de 6 marchas manuais à frente e ré, comando a cabo, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 3,769; 2ª 1,955; 3ª 1,281; 4ª 0,973; 5ª 0,778; 6ª 0,646; ré 3,182 |
Relação de diferencial (:1) | 4,353 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora de Ø 24 mm |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Diâmetro mín. de curva (m) | 10,9 |
Relação de direção (:1) | 13,6:1 |
N° de voltas entre batentes | 2,8 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido a vácuo |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado, 288 |
Traseiros (Ø mm) | Disco 253 |
Controle | ABS, EBD e assistência à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 6,5Jx16, inclusive estepe (opcional 7Jx17) |
Pneus | 205/55R16V, inclusive estepe (opcional 225/45R17W, estepe 205/55R16 temporário) |
Marca e tipo no carro testado | Continental ContiSportContact 3 |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.223 kg |
Carga máxima | 497 kg |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback 4-portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,334 |
Área frontal (m²) | 2,21 |
Área frontal corrigida (m²) | 0,738 |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |
Comprimento | 4.255 |
Largura sem/com espelhos | 1.799 / 2.027 |
Altura | 1.468 |
Distância entre eixos | 2.638 |
Bitola dianteira/traseira | 1.539/1.514 |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 313 |
Tanque de combustível | 51 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 9,9 / 9,7 |
Aceleração 0-1.000 m (s, G/A) | 31,5 / 31,0 |
Retom. 80-120 km/h, em 5ª (s, G/A) | 10,5 / 10,5 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 190 / 194 |
CONSUMO INMETRO/PBEV) | |
Cidade (km/l, G/A) | 11,9 / 8,4 |
Estrada (km/l, G/A) | 14,3 / 10,1 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª/6ª (km/h) | 34,2/41,2 |
Rotação em 5ª/6ª a 120 km/h (rpm) | 3.500/2.900 |
Rotação em vel. máxima, 5ª (rpm) | 5.700 |
MANUTENÇÃO | |
Revisões (km/tempo) | 10.000 ou 1 ano |
Troca do óleo do motor (km/tempo) | 10.000 ou 1 ano |
Troca do óleo do câmbio | Nunca, só verificar nível nas revisões |
Troca da correia dentada (km/tempo) | 120.000 km ou 4,5 anos |
Galeria