Espanhol troca GP de Mônaco pela Indy 500. Honda vai melhor nos EUA que na F-1. McLaren se associa com Andretti.
Não chegou a ser uma bomba tão poderosa quanto à explosiva aposentadoria de Nico Rosberg dias após o alemão ter conquistado o título de Campeão Mundial de F-1 de 2016. Nem por isso o anúncio de que o triunvirato McLaren-Honda-Alonso concordou em trocar a corrida mais charmosa do calendário da F-1 pela cereja do bolo da F-Indy é algo para ser encarado com simplicidade: cortesia dos japoneses, os três vivem um prolongado inferno astral na categoria de escola europeia enquanto na América do Norte o construtor oriental tem o melhor motor do grid desta temporada.
Para dar ares de alegria e festa, todo o pacote para inscrever Alonso na 500 Milhas de Indianápolis deste ano, a 101ª, foi embrulhado no melhor papel de presente possível: a equipe que vai cuidar da operação é a Andretti Autosport, comandada por Michael Andretti e vencedora da corrida de 2016 em uma operação conjunta com Bryan Herta e o piloto Alexander Rossi. Ironicamente, a vaga de Alonso foi conquistada em prejuízo da participação de Stefan Wilson, piloto inglês e irmão de Justin Wilson, falecido em consequência de um acidente no autódromo de Pocono em 23 de agosto de 2015. Stefan abriu mão de participar para ceder sua vaga ao espanhol.
O passado da McLaren em Indianápolis conta com três vitórias no tradicional circuito retangular de 4 quilômetros. Mark Donohue venceu em 1971 com um McLaren M16 B inscrito por Roger Penske, e Johhny Rutherford foi o melhor em 1974 e 1976 a bordo de modelos M16D e M16E, respectivamente, inscrito pela fábrica. Esse retrospecto, ainda que ocorrido quatro décadas atrás, ajuda a dar corpo à estrutura que será montada este ano e contribui para aumentar o apelo promocional. Em outras palavras, facilita a obtenção de fundos para financiar a operação e cria um ambiente positivo de trabalho.
Ao citar ambiente positivo de trabalho, chegamos também à grande razão desta operação inesperada para o grande público. A ideia de participar da 500 Milhas é uma grande ação para mostrar que o insucesso da Honda na F-1 é um ponto fora da curva e, portanto, aliviar o clima pesado que a equipe vivencia desde 2015, quando começou a atual associação com os japoneses. As duas provas já realizadas este ano, em São Petersburgo e Long Beach, foram vencidas com carros equipados com os motores japoneses V-6 biturbo de 2,2 litros. Na comparação com o rival Chevrolet, a Honda leva vantagem de 50 pontos: 185 pontos contra 135.
O carro de Alonso será pintado na cor laranja oficial da McLaren e um dos seis que a Andretti Autosport inscreveu na Indy 500 2017, que se realiza no dia 29 de maio. É bastante provável que um número bastante significativo de engenheiros da fábrica inglesa desembarque em Indianápolis para reforçar a equipe que cuidará do carro de Alonso. Pelo regulamento da categoria todos os concorrentes usam o mesmo chassi, fabricado pela italiana Dallara. O espanhol viaja para os EUA imediatamente após o GP da Espanha (14/5), um dia antes do início dos treinos para a competição de Indiana que marcará sua estreia nessa prova.
O último campeão mundial de F-1 a disputar a Indy 500 foi Nigel Mansell (1993/4), inclusive sagrando-se campeão em 1993. Michael Andretti é velho conhecido da McLaren, onde competiu boa parte da temporada de 1993 e obteve resultados decepcionantes. Por seu lado, o time fundado por Bruce McLaren tem presença importante na F-Indy atual, consequência de ser o fornecedor oficial das ECUs (unidade de controle eletrônico do motor) da categoria.
A McLaren e Fernando Alonso confirmaram que a prova de Indianápolis será a única prova de F-Indy que a dupla participará este ano e o GP de Mônaco como o único que o espanhol vai deixar de disputar nesta temporada. Ainda não foi definido quem pilotará o McLaren MCL32-Honda de Alonso nas ruas do principado monegasco — Jenson Button, ainda ligado à equipe, é o favorito para a vaga.
WG