Circuito da Catalunha vive ares de recomeço da temporada. Barcelona vai dar o tom do campeonato. Opções de pneus é contestada.
Quinta etapa da temporada 2017 da F-1, o Grande Prêmio da Espanha marcado para domingo, no Circuito da Catalunha, será uma boa oportunidade para esclarecer o real potencial de cada uma das 10 equipes que disputam o campeonato. Isso acontece porque todos os testes dos carros deste ano aconteceram nessa pista situada nos arredores de Barcelona, situação que vai esclarecer se os problemas demonstrados naquela época foram superados após as corridas na Austrália, Bahrein, China e Rússia ou se alguns projetos estão próximos de serem classificados na categoria de fracassos.
Até o momento Sebastian Vettel lidera entre os pilotos: o alemão soma 86 pontos, 13 a mais que o inglês Lewis Hamilton, vice-líder. Entre os Construtores a batalha está mais acirrada: Mercedes (líder com 136 pontos) e Ferrari (135) mostraram-se superiores entre os construtores, condição que só deverá mudar caso a Red Bull (57) consiga finalmente acertar seu carro para as novas dimensões das asas e pneus atuais. Verdade que o motor Renault — neste caso rebatizado TAG-Heuer —, parece estar algo abaixo dos usados pelas equipes Ferrari e Mercedes, mas não é só por isso que Daniel Ricciardo e Max Verstappen ainda não podem ser considerados ameaças para Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Valtteri Bottas e Kimi Räikkönen, os quatro primeiros no campeonato.
Nestes dias que antecipam a corrida catalã Daniel Ricciardo reprovou a decisão da Pirelli em escolher os compostos duro (letras em cor abóbora na banda lateral), médio (brancas) e macio (amarelas). Segundo o australiano a escolha da fábrica italiana “não deixou ninguém contente”. Toto Wolff, o devotado líder da operação F-1 da Mercedes, tem explicações mais claras e didáticas sobre o que esperar dos tempos que serão registrados este fim de semana em Barcelona em relação a aqueles obtidos nos treinos de pré-temporada: “Pelos nossos nossos cálculos a pole position para essa corrida será 1’19”681, o que é bem menos que a melhor marca registrada em março, 1’18”635, por Kimi Räikkönen. Isso se explica porque o tempo estava mais frio, Kimi usou pneus mais macios que os que serão disponibilizados para o GP e ninguém sabe a carga de combustível que ele levava a bordo do seu carro.”
Para embasar a análise de Wolff, cabe lembrar que nos treinos de pré-temporada de 2015 a melhor marca obtida foi de 1’22”792, quase dois segundos melhor que a pole position da corrida daquele ano…
O meio do pelotão
Analisando as outras equipes, o destaque é para a Sahara-Force India, seja pelo conceito bola na rede, seja pela relação preço-qualidade: com um dos menores orçamentos da categoria, a equipe baseada em Silverstone soma 31 pontos contra 18 da Williams, 13 da Toro Rosso, 8 da Haas e 6 da Renault, todas financiadas por capitais mais vitaminados. Este ano a Force India teve um reforço financeiro importante — a chegada da alemã BTW, do ramo de filtros de água —, e da presença do franco-catalão Estebán Ocón, nome que em breve vai superar o companheiro de equipe Sérgio Perez, bem mais experiente. No lado técnico, a equipe liderada pelo magnata indiano Vijay Mallya prima por conseguir resultados criativos, simples e, o mais importante, funcionais.
Em uma situação quase oposta, a Williams se esmera em surpreender, nem sempre com sucesso. Aceitar o jovem milionário Lance Stroll deixou sobre os ombros de Felipe Massa toda a responsabilidade de marcar pontos e garantir pontos suficientes para os bônus oferecidos pela FOM. Se o Caminho de Santiago passa longe da capital da Catalunha, o décimo-primeiro ligar do canadense em Sochi serviu para aumentar as esperanças que está mais perto o momento em que ele poderá contribuir com algo mais que muitos milhões de dólares ao balanço da Williams.
Equipe júnior do planeta Red Bull, a Toro Rosso tem como principal desvantagem a performance ainda errática dos seus dois pilotos, Carlos Sainz e Daniil Kvyat. Quando conseguem terminar as corridas os dois marcam presença, situação que deverá ser alterada pelo menos por parte da Renault, que navega nas mesmas águas que a Williams. Na equipe francesa é o alemão Nico Hulkenberg quem faz as vezes de Felipe Massa, enquanto o inglês Jolyon Palmer se esmera em se envolver em situações pouco produtivas tanto para sua equipe quanto para o seu futuro na categoria. Mesmo assim pode-se olhar para a Renault como a equipe que terá a melhor evolução ao longo do campeonato.
Ainda dois pontos à frente da Renault (8×6), a americana Haas parece envolta em um verdadeiro clima de inferno astral: a equipe ainda não conseguiu resolver um crônico problema de freios que atazana a vida de Romain Grosjean desde a temporada passada e que este ano parece contemplar seu companheiro de equipe Kevin Magnussen. Equipamento que funciona numa faixa de temperatura extremamente elevada, não seria surpresa se em breve os técnicos da Haas descubram que problema que afeta o funcionamento dos freios está na circulação de ar no conjunto formado pelo disco de freio, roda e os recuperadores de energia instalados em seu interior.
O traumático ressurgimento da associação entre McLaren e Honda conseguiu ser pior que a recente e frustrada tentativa do fabricante japonês em se estabelecer como concorrente, anos atrás. Na esperança de apagar os péssimos resultados conseguidos desde 2015, Fernando Alonso aceitou até mesmo trocar o GP de Mônaco por uma experiência inédita em Indy a bordo de um Dallara-Honda. As poucas chances de uma melhora substancial no desempenho desta equipe podem ser a salvação da Sauber, ironicamente anunciada como equipe cliente dos japonese para 2018. Essa associação atrasa a possível chegada da Audi/grupo VW, que ao liberar vários técnicos de seu departamento de competição para a organização suíça, instigou uma associação mais profunda com a casa de Hinwill. Para reforçar o sabor de wiener schnitzel de tal cenário, o alemão Pascal Wehrlein é quem está pintando como o melhor piloto da equipe nesta temporada.
WG