As Noites do Opala no sambódromo de São Paulo, no Parque do Anhembi, sempre são atraentes e admiráveis. Mas essa da última terça-feira (4/7), como sempre promovida pelo Clube do Opala, presidido por Sílvio Luiz Pinto e Silva, e com a fundamental participação do diretor Reinaldo Gaudêncio, o executivo da festa, foi especial: o clube convidou 17 pilotos que correram de Opala para lhes render homenagem. O Arnaldo Keller foi comigo nessa.
Esses pilotos são Bird Clemente e seu irmão Nílson, Jan Balder, Pedro Victor Delamare, Edgard de Mello Filho, Fábio Sotto Mayor, Ingo Hoffmann, Paulo Gomes (“Paulão”), Dimas de Melo Pimenta, Roberto Amaral (“Coruja”), Luiz Evandro Campos (“Águia”), Reinaldo Campello, Camillo Christófaro Jr (“Camillinho”), George Lemonias (“Gregão”), Denísio Casarini, Walter Barchi (“Tucano”), e eu.
Estava prevista homenagem para Wilson Fittipaldi Jr., que foi convidado mas alegou que não poder comparecer por estar na Europa. Wilsinho foi um dos pilotos que se destacaram com o Opala, tendo vencido a 25 Horas de Interlagos de 1974 ao comando de um 250-S dividindo a pilotagem com Ingo Hoffmann e Reinaldo Campello. Nessa importante corrida os Maverick V-8 da equipe Mercantil Finasa-Motorcraft, que representava oficialmente a Ford nas pistas, foram derrotados
Ingo não pôde comparecer à homenagem por estar acometido de forte gripe, e Dimas, por estar no exterior, mandou seu filho e campeão da Old Stock Race de 2016, Rodrigo Pimenta, representá-lo. Infelizmente Casarini e “Tucano” não estiveram nesse encontro de pilotos veteranos.
Um painel relacionava todos os pilotos homenageados:
Cada piloto recebeu um certificado de Menção Honrosa e um singelo porém significativo troféu como lembrança por participação nesta XV Noite do Opala.
Um dos convidados não era piloto, mas teve um papel de destaque na vida esportiva do Opala, o engenheiro Roberto Beccardi, o criador do motor 250-S. O detalhe é que o motor de maior potência foi iniciativa dele, pessoal, quando chefe da Engenharia Experimental/Motores da GM, e não da empresa. Há aí um interessante paralelo com John Z. De Lorean ao criar, em 1964, o Pontiac Tempest GTO. Ele, então chefe de Engenharia da Divisão Pontiac da General Motors, resolveu fazer o carro por conta própria, que entrou em produção e acabou sendo um retumbante sucesso, um carro cultuado até hoje. O êxito levou-o ao cargo de chefe da Pontiac três anos depois (leia a história do GTO, escrita pelo editor Milton Belli).
O curioso do motor 250-S foi eu e o Jan Balder, individualmente, termos solicitado à GM, no final de 1973, um motor mais potente para o Opala em vista da chegada do rápido Ford Maverick V-8 de 4,9 litros, e a evolução de um motor mais forte para o Chevrolet estar justamente no final de desenvolvimento. É o caso típico de fazer um pedido certo à empresa certa no momento certo. A aprovação da diretoria foi rápida e em pouco tempo, maio de 1974, o motor estava à disposição dos pilotos como opcional para o Opala 4100 cupê standard. E como sucedeu com o Pontiac Tempest GTO, uma versão de produção com motor 250-S entrou em produção dois anos depois.
Os encontros, o rever velhos amigos, foram se sucedendo:
E mais:
Geraldo Meirelles (“Mancal”, de boné) e Bird Clemente
A bela mas fria noite de inverno, com temperatura de 12 ºC, foi insuficiente para deixar em casa as mais de 6.000 pessoas que acorreram ao sambódromo para contemplar e admirar mais 500 de Opalas, a maioria em estado impecável. Havia também vários Opalas que estão competindo na Old Stock Race, a nova categoria que trouxe de volta os Opalas que andavam em Interlagos nos anos 1970 e 1980.
O clima era de total descontração e notei que havia muitos jovens presentes, mostra tanto da grande atratividade do Opala mesmo tendo sido descontinuado em 1992, quanto da paixão transmitida de pai ou avô para filhos ou netos
Como em todas noites de marcas, houve um desfile dos Opalas, com narração explicativa de cada modelo. Os pilotos homenageados foram levados no banco do carona e eu fui num Opala SS 1979 do Leonardo, filho do Reinaldo Gaudêncio, cuja marcha-lenta irregular denotava o comando de válvulas de maior duração e levantamento de válvulas.
No momento do desfile o público teve de ir para as arquibancadas do sambódromo para deixar espaço para os carros. Teve-se aí melhor ideia do número do número de pessoas que compareceu a esta Noite do Opala.
Por tudo, foi mesmo uma “Noite do Opala” memorável, promovida pelo Clube do Opala, dirigida pelo seu diretor Reinaldo Gaudêncio e organizada pela Matel, de Eduardo Ribeiro dos Santos, filho do Walter Ribeiro dos Santos que inovou na TV brasileira em 1974 com a dominical Feira Livre do Automóvel.
BS
Mais fotos: