O Honda Civic de 10ª geração — a primeira é de 1972, 45 anos atrás — chegou aos EUA em maio do ano passado e logo, três meses depois, chegou aqui, produzido na fábrica Honda de Sumaré, SP, não muito longe da capital do estado, 120 quilômetros a noroeste. Fora o que o Juvenal Jorge experimentou no lançamento, o AE ainda não tinha andado o suficiente na versão EXL com câmbio CVT e motor 2-litros de aspiração atmosférica de 150/155 cv.
Haviam passado pelas nossas mãos o Touring 1,5-L turbo (Arnaldo, 19/10) e o Sport 2-L manual (eu, 23/10). Fazia tempo que estávamos devendo ao leitor ou leitora falar mais extensamente do EXL, o sedã de R$ 105.900.
Posso adiantar que só duas coisas não me agradaram, a falta de saída de ar-condicionado para o banco traseiro e luz traseira de neblina, pois todo o resto, do volante de direção de Ø 370 mm com aro de seção oval (e não circular) em que os dedos nele repousam naturalmente, ao conjunto motriz, passando pelo conforto de marcha com amplo espaço interno e pelo para-brisa com a indispensável (para mim) faixa degradê (foto abaixo), mostra ser o Civic um excelente sedã.
O câmbio CVT com suas sete marchas virtuais me levou a divagar sobre a impropriedade de chamá-lo de “continuously variable transmission”: a variação contínua pertence ao passado, o câmbio troca marchas praticamente como se fosse um epicíclico. Tanto é assim que passo a considerá-lo um ‘automático de polias antagônicas variáveis’. Acabou definitivamente a sensação de elástico, aquilo que o nosso Josias Silveira apropriadamente chama de “o motor vai e o carro fica”.
Chama particularmente a atenção a saída da imobilidade, aquilo que os americanos chamam de “Launch”, lançamento: preme-se o pedal do acelerador, não precisa ser muito, e o carro arranca disposto, certamente ajudado pelo conversor de torque cujo estol é a 2.200 rpm. Sem exagero, parece um motor de 3~3,5 litros. Uma pena não termos podido fazer o vídeo, em que isso você perceberia de imediato (vou providenciar um segundo empréstimo com a Honda só para essa finalidade; aguarde).
Como é sabido, acabou o quadro de instrumentos em dois níveis, agora voltou ao convencional de olhá-lo por dentro do volante. O quadro é dominado por um grande instrumento central contendo o bem-vindo velocímetro exclusivamente digital, ladeado pelo termômetro do líquido de arrefecimento e pelo liquidômetro (termo aeronáutico para medidor da quantidade de combustível no tanque). O conta-giros é periférico, de fácil leitura, solução que liquida a discussão se ele deve ficar na esquerda ou na direita.
As sete marchas virtuais e sequenciais só são selecionáveis pelas borboletas e nas reduções há aceleração interina. A “marcha” em uso é sempre indicada no painel. O controle automático de velocidade atua mesmo nos trechos em descida quando em freio-motor, uma capacidade de que só os automáticos desse tipo são capazes, uma vez que variabilidade “escolhe” a relação que proporcione o efeito frenante à velocidade predeterminada.
A calibração do kickdown (movimento rápido do pedal do acelerador ao fundo) é correta e se baseia também na velocidade de acionamento do pedal. O câmbio interpreta bem o que se quer. Com a função ECON, acionada por tecla no console, ativada, a “vivacidade” das trocas de marcha e do pedal do acelerador diminuem, para consumir menos combustível.
Há a posição “S” no quadrante da alavanca seletora, que encurta o extremo longo do espectro de relações, que vai de 2,526:1 a 0,408:1, além de promover maior responsividade do câmbio nas trocas de marchas. Usa-se o S quando se quer andar mais rápido por qualquer motivo, até por diversão.
A v/1000 na condição mais longa é de 62 km/h, o que a 120 km/h significa motor a 1.935 rpm, um sossego nas autoestradas e consumindo pouco. O consumo de homologação pelo Inmetro/PBVE é 10,5/7,2 km/l na cidade e 13/10,5 km/l. Só rodei com álcool, mas o consumo no mundo real mostrou-se melhor, com 8,5 km/l na cidade e até 12,4 km/l na autoestrada. Com o tanque de 56 litros se vai longe mesmo com álcool, algo como 700 quilômetros.
Destaque também para o chassi e o comportamento dinâmico. A suspensão McPherson/multibraço cumpre seu papel à perfeição e a direção sobressai com a assistência elétrica e a relação variável, com a mais baixa 10,93:1, além da primorosa indexação inversamente proporcional à velocidade. São apenas 2,2 voltas entre batentes. Os pneus são Bridgestone Turanza ER33 215/50R17V com estepe temporário Maxxis T125/80R16M. A precisão com que aponta para as curvas é notável, aliada à perfeita posição de dirigir.
Há controle de estabilidade e tração, desligável, que inclui assistente de correção, endurecendo o volante se feita para o lado errado. Freios são a disco nas quatro rodas e o de estacionamento é elétrico, mais o de imobilização automático.
O motor 2,0 i-VTEC SOHC (comando único no cabeçote, acionamento por corrente) atende muito bem o sedã de 1.291 kg em ordem de marcha. São 150/155 cv a 6.300 rpm e 19,3 m·kgf a 4.700 rpm e 19,5 m·kgf a 4.800 rpm. A Honda, sabe-se, não informa desempenho, mas pode-se contar seguramente com aceleração da imobilidade a 100 km/h em 8 segundos altos e velocidade máxima tocando os 210 km/h. Dirigindo-o sente-se disposição, o EXL satisfaz plenamente nisso.
O espaço interno é muito bom, quem vai atrás conta com espaço de sobra cada um tem seu cinto de três pontos e apoio de cabeça. O porta-malas aloja excelentes 519 litros e os encostos do banco traseiro divididos 60:40 são rebatíveis, liberados por pequenas e convenientes maçanetas na boca do porta-malas, ampliando o espaço para bagagens e objetos. O vão do porta-malas é de 105 x 45 cm. Entretanto, a carga útil é de 404 kg, apenas mediana. Há engates Isofix para dois bancos infantis com pontos de fixação superior no dorso dos encostos dos bancos.
Há vários outros atributos no Civic EXL: luz de rodagem diurna com LEDs; duas bolsas infláveis laterais e duas de cortina além das obrigatória frontais; cintos de segurança dianteiros com pré-tensionador e ajuste de altura; e muitos outros, veja lista de equipamentos em seguida à ficha técnica.
Atualmente verifica-se uma corrida em direção aos suves, mas aqueles “rebeldes” que fizerem questão de continuar a andar de sedã têm no Civic EXL uma belíssima opção. Arrepender-se é a última coisa que lhes pode acontecer.
BS
FICHA TÉCNICA HONDA CIVIC EXL 2017 | |
MOTOR | |
Designação | 2.0L i-VTEC SOHC |
Tipo | Quatro cilindros em linha, bloco e cabeçote de alumínio, transversal, 16 válvulas, comando no cabeçote acionado por corrente, acionamento de válvulas indireto por balancim roletado sem compensação hidráulica de folga, flex |
Cilindrada (cm³) | 1.997 |
Diâmetro e curso (mm) | 81 x 96,9 |
Taxa de compressão (:1) | 11 |
Potência (cv/rpm, G/A) | 150/155, 6.300 |
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 19,3/4.700 // 19,5/4.800 |
Comprimento da biela (mm) | 152,7 |
Relação r/l | 0,317 |
Formação de mistura | Injeção no duto Honda PGM-FI |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo dianteiro CVT de 7 marchas virtuais à frente e ré, com conversor de torque |
Relações de transmissão (:1) | 2,526 a 0,408; ré 2,706 a 1,552 |
Espectro (:1) | 6,191 |
Relação de diferencial (:1) | 4,68 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço inferior triangular com buchas hidráulicas, mola helicoidal, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora Ø 25 mm |
Traseira | Independente, multibraço com buchas hidráulicas, mola helicoidal, amortecedor hidráulico e barra estabilizadora Ø 16,5 mm |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida com pinhão duplo, relação de direção variável, mais baixa 10,93:1, indexada à velocidade |
Voltas entre batentes | 2,2 |
Diâmetro do aro do volante (mm) | 360 |
Diâmetro mínimo de giro (m) | 11,2 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/381 |
Traseiros (Ø mm) | Disco/356 |
Controle | ABS (obrigatório), EBD e assistência à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 7Jx17 |
Pneus | 215/50R17V (Bridgestone Turanza ER33) |
Estepe temporário | Roda de aço com pneu T125/80R16M |
CARROCERIA | Monobloco em aço, sedã 3-volumes, subchassi dianteiro, quatro portas, cinco lugares |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 519 |
Tanque de combustível | 56 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.291 |
Capacidade de carga | 404 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.637 |
Largura com espelhos | 2.076 |
Altura | 1.433 |
Distância entre eixos | 2.700 |
Bitola dianteira/traseira | 1.543/1.557 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 8,7 (estimada) |
Velocidade máxima (km/jh) | 210 (estimada) |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 10,5/7,2 |
Estrada (km/l, G/A) | 13/10,5 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 7ª (km/h) | 62 |
Rotação a 120 km/h em 7ª (rpm) | 1.935 |
MANUTENÇÃO | |
Troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/1 ano |
Revisões (km/tempo) | 10.000/1 ano |
Ajuste da folga de válvulas (km) | 120.000 |
Filtro de combustível (km) | 80.000 |
Fluido de freio (anos) | 3 |
Líquido de arrefecimento do motor (anos/km) | 6/200.000 km; depois 5/100.00 |
Velas (km) | 100.000 |
GARANTIA | |
Termo (anos) | 3, sem limite de quilometragem |
EQUIPAMENTOS HONDA CIVIC EXL 2017 |
SEGURANÇA |
Alarme com imobilizador de motor |
Alerta de cinto desatado para motorista e passageiro dianteiro |
Assistente de dirigibilidade ágil |
Assistente de frenagem de emergência |
Assistente de partida em aclives |
Bolsas infláveis laterais e de cortina |
Câmera de manobra com multivisão, três modos selecionáveis |
Cinto de segurança 3-pontos e apoio de cabeça para todos os ocupantes |
Cintos de segurança dianteiros com pré-tensionador e ajuste de altura |
Controle de estabilidade e tração desligável |
Engates Isofix para dois bancos infantis com fixação superior |
Luz de frenagem de emergência |
Luzes de rodagem diurna (DRL) em LED |
Trava para crianças nas portas traseiras |
EQUIPAMENTOS EXTERNOS |
Antena integrada ao vidro traseiro |
Carcaça dos espelhos e maçanetas externas na cor da carroceria |
Chave-canivete com controle remoto das fechaduras das portas e porta-malas e fechamento de vidros |
Faróis de neblina halógenos |
Faróis principais halógenos com acendimento automático |
Grande frontal cromada |
Indicador da posição do câmbio em LED |
Lanternas traseiras e luz da placa em LED |
Limpador de para-brisa com função intermitente |
Rodas de alumínio 17-pol com acabamento escurecido |
Tampa da portinhola do bocal de abastecimento com abertura por pressão |
CONFORTO E COMODIDADE |
Acabamento em plástico macio na parte superior das portas e painel |
Acionamento elétrico de todos os vidros com função um-toque descida e subida |
Ajusta de altura e distância do volante de direção |
Ajuste manual do banco do motorista |
Alerta de farol ligado e desligamento automático após 15 segundos |
Ar-condicionado automático e digital |
Aro do volante e manopla do câmbio em couro |
Banco traseiro dividido 60:40 |
Bancos, portas e console central em tecido premium com costuras |
Console central com descansa-braço deslizante, porta-objetos e porta-copos |
Controlador automático de velocidade de cruzeiro, comando no volante |
Descansa-braço central traseiro com porta-copos |
Desembaçador do vidro traseiro |
Espelho nos para-sóis com iluminação |
Fechadura elétrica do porta-malas com comando interno |
Freio de estacionamento elétrico com função de aplicação automática |
Iluminação no porta-malas |
Moldura da porta dianteira prata |
Moldura da porta traseira prata |
Para-brisa com faixa degradê |
Pisca-3 |
Porta-objetos nas quatro portas |
Porta-revistas no encosto do banco dianteiro (2) |
Protetores nas dobradiças tipo convencionais |
Revestimento do teto em tecido preto |
Revestimento na tampa do porta-malas |
Tapetes em carpete com presilhas de segurança |
Tomada de 12 V |
Travamento automático das portas a 15 km/h |
ÁUDIO E CONECTIVIDADE |
Alto-falantes de 160 W (4) |
Apple CarPlay e Android Auto |
Bluetooth e streaming de áudio |
Conexão HDMI |
Controle de áudio no volante |
Interface de USB áudio com ponto de recarga na frente de 1,5 A e no console central de 1 A |
MP3/WMA |
Tela LCD de 5″ tátil |