Na semana passada contei como foi um fim de semana de verdadeira sobrevivência em meio a tiroteios em Bogotá, na Colômbia.
Agora vou falar de um programa bem mais tranquilo, uma visita a um castelo, um verdadeiro castelo (Schloss em alemão), o Neuschwanstein. Ele fica na região da Bavária, Alemanha, a poucos passos da fronteira com a Áustria. Sua construção começou em 1869 e foi concluída parcialmente em 1886.
Era março de 1996, um frio danado apesar de a primavera estar próxima, e fui convidado por um colega de trabalho da Audi, o Gyula Haber para passar o fim de semana com ele e sua esposa Sigrid. Seria uma excelente oportunidade de conhecer um pouco melhor o sul da Alemanha, a região da Bavária, passando por Munique e seguindo em direção à Áustria. Havia nevado, mas estávamos preparados para enfrentar o frio.
Depois de algumas horas de viagem, sempre por rodovias muito bem construídas e conservadas como as da Alemanha, chegamos ao nosso destino, o famoso Castelo Neuschwanstein (até o final desta leitura você saberá pronunciar este nome…).
Não foi difícil estacionar o carro, um local reservado e muito organizado como tudo lá indicava o local certo (foto da esquerda abaixo). Como quem vai a Disney e pega o trenzinho para chegar à entrada, neste local chegou uma carruagem com lindos e muito fortes cavalos que nos levariam do estacionamento até a entrada dos turistas. E um detalhe, havia cobertores para as pernas porque a carruagem era aberta.
O ingresso já tinha sido comprado o que facilitou a nossa entrada, esta visita é uma das mais concorridas da Alemanha.
O castelo é lindo, parece um sonho, por esta razão é conhecido como o Castelo do Conto de Fadas.
Tem este nome por que foi utilizado pelo seu criador, o rei Ludwig II por apenas 172 dias e ainda não estava terminado. Ele se mudou para o castelo em 1886, após a conclusão parcial. Este dado consta no ingresso que guardei como lembrança:
Ao adentrar ao interior do castelo não tem quem não fique boquiaberto. Tinha avançadas inovações técnicas para a época, um verdadeiro espetáculo.
Entre os itens mais importantes que me lembro de terem sido comentados pelo guia, estavam:
• Sistema de comunicação rei-serviçais por chamadas via um intercomunicador alimentado a bateria
• Forno a lenha na cozinha com grill giratório movido pelo calor
• Ar quente canalizado para aquecer ambientes
• Água quente para os banheiros e torneiras da cozinha e sanitários
• O projeto original previa a construção de 200 cômodos, mas apenas 15 foram concluídos e decorados
Devido a suas características pessoais, principalmente sua extravagância, Ludwig II foi deposto em 1886, tendo morrido logo em seguida. Sua morte até os dias atuais sua morte não foi esclarecida — foi encontrado afogado, seu corpo boiando no lago Schwangau, próximo ao castelo.
Revendo meus papéis encontrei alguns dados referentes à construção desta maravilha. Foram gastas 465 toneladas de mármore de Carrara, 1.550 toneladas de arenito, 400 mil tijolos, 2.050 m³ de areia e 600 toneladas de cimento. Com estes dados entende-se por que o governo da Baviera o acabou destituindo Ludwig do trono e ainda declarando-o incapaz para as funções de rei.
A viagem foi espetacular, nunca tinha visto tanta neve na vida. O interior do castelo, uma maravilha que nunca será esquecida. Quem já foi à Disneylândia, tanto na Flórida quanto em Paris, deve ter visto o Castelo da Bela Adormecida, ambos construídos inspirados na obra gigantesca do rei Ludwig II.
E agora, por último, uma fofoca local: o rei mandou construir no topo de uma montanha próxima um pequeno castelo onde, dizem, moravam suas namoradas. O acesso a este castelinho só podia ser feito por uma ponte (foto abaixo) e esta era monitorada, vigiada por ele próprio ou seus seguranças.
Mas dizem as más línguas que o rei era homossexual e que naquele castelinho ele mantinha seus encontros às escondidas. Mas essa é uma história que não nos interessa, um assunto muito pessoal, sem comentários, portanto. O fato é que foi mais um fim de semana inesquecível que o trabalho na Audi me proporcionava. E o qual agradeço ao meu amigo Gyula Haber.
RB