Em evento nas dependências da Venko, em Salto, SP, a empresa responsável pela marca sul-coreana SsangYong apresentou os quatro modelos com que retorna ao mercado nacional depois de quase três anos de ausência.
Depois de dois períodos (entre 1995 e 1998 e 2001 e 2015), a SsangYong retorna à atividade comercial já no começo de 2018, ano que espera contar com 50 concessionários, para se somar aos 1.645 que existem hoje no mundo. Os antigos estão sendo reativados e novos serão abertos, para atender os novos carros e os 17 mil existentes das fases anteriores. Aliás, um dos objetivos é permitir manutenção desses carros mais antigos, que não podem ser abandonados A uma manutenção de baixa qualidade, o que denigre e desvaloriza a marca como um todo. Os modelos apresentados terão garantia de três anos.
Marcelo Fevereiro, diretor de Operações SsangYong no Brasil, apresentou o histórico da marca, mostrando também que a operação está sendo financiada por um conglomerado de investimentos, feito pela Mahindra, pela Venko e pela própria SsangYong.
A marca começou sua história há cerca de 60 anos, fabricando caminhões e ônibus para as bases militares americanas na Coreia do Sul, e a partir de 1982 fabricou o Jeep Ford (Willys) sob licença. Lançou o Korando na mesma época, sendo que em 1991 iniciou uma colaboração técnica com a Daimler-Benz. Muitos se lembram dos suves dos anos 90 que rodavam por aqui com o emblema da estrela de três pontas mostrando esse acordo.
Em 2010 a marca foi adquirida pela indiana Mahindra, e a partir daí começou a desenvolver novos e mais modernos modelos, inclusive depois de 2015 com o auxílio do estúdio Pininfarina, que é 76% propriedade da Mahindra desde esse ano, negociação bastante recente, portanto. Vale lembrar que há pouco mais de dois anos a Mahindra inaugurou um centro de engenharia e desenvolvimento na área de Detroit, EUA, ficando clara a intenção de também crescer naquele mercado, o mais importante do globo.
Com essas credenciais, a SsangYong tem tudo para crescer ainda mais na origem e nos outros 125 países onde atua, e com isso posto, ficamos muito curiosos para dirigir os modelos ainda com placa verde, de fabricante, que estão aqui para homologação. Portanto, como ficou claro, o lançamento para vendas ainda não é possível, mas deverá sê-lo em alguns poucos meses, após a divulgação das regras do programa federal Rota 2030, que ainda está imerso em incertezas.
Os carros
Começando pelos menores, o Tivoli. Na categoria internacional SUV-B, tem um irmão com parte traseira diferente, o XLV. Ambos são mecanicamente idênticos, com o Tivoli sendo menor e 45 kg mais leve, 1.300 kg em ordem de marcha, com porta-malas de 423 litros. O XLV pode levar até 720 litros, mas também tem cinco lugares. O motor é a gasolina, quatro cilindros de 1,6 litro, 128 cv a 6.000 rpm e torque máximo de 16,3 m·kgf a 4.600 rpm. Câmbio apenas automático de seis marchas, da marca Aisin, sem borboletas no volante para comando manual. Há apenas tecla na alavanca, acionada pelo polegar, para frente e para trás, pouco prático.
Tivoli e XLV se comportam de modo parecido, com o XLV sendo pouco mais equilibrado pela distribuição de massas, que parece ser melhor nele. Não temos os números, mas passa essa sensação ao forçar o carro em curvas apertadas.
De tração dianteira, há controle de estabilidade, e a direção eletroassistida tem três modos de configuração, normal, inverno e esporte. Deixando no normal tem peso correto e boa sensação em relação ao que as rodas estão fazendo, mas no modo esportivo o peso fica um pouco maior e o prazer de condução se refina.
No XLV o comprimento passa a ser de mais 240 mm, todos eles para bagagem, e o porta-malas é enorme. O painel e bancos são idênticos em ambos os modelos, bem como a ótima posição de dirigir e o acabamento, muito bem-feito e com materiais de bom visual e toque. O painel de porta, por exemplo, mistura peças plásticas texturizadas com revestimento em material macio, moldura pintada e descansa-braço acolchoado, com desenho moderno e espaço generoso no porta-objetos.
Pela potência e peso, ambos não poderiam ter desempenho notável, mas se deslocam de modo limpo e suave, sem aceleração brutal, mas dando conta de subidas com desempenho que satisfaz.
Na categoria SUV-C, o Korando, de nome já conhecido mundialmente, mas todo novo em estilo agora. Tem motor diesel 2,2-litros e tração nas quatro rodas de trabalho automático, não sendo possível selecionar nada por comando do motorista. É uma típica sob demanda, ou seja, só atua quando necessário, como quando ocorre patinagem de rodas, detectado por sensores de rotação.
O motor leva muito bem os 1.750 kg, e os 178 cv e 41 m·kgf de torque máximo estão sempre disponíveis através do câmbio automático de seis marchas também da japonesa Aisin, silencioso e com baixo nível de vibrações. O câmbio trabalha para manter a rotação sempre na faixa de 1.400 a 2.800 rpm, onde está presente o torque máximo, fazendo o carro se deslocar com facilidade e respostas bem rápidas ao acelerar.
Não se nota comportamento ruim em curvas, embora o maior peso e maior altura em relação aos menores Tivoli e XLV faça notar uma maior rolagem de carroceria, normal para veículos desse tipo.
O modelo mais conhecido é a picape Actyon Sports, agora com alterações de estilo. Divide a mecânica de motor e câmbio com o Korando, mas tem comando de tração em duas ou quatro rodas, esta também com reduzida, para trajetos fora-de-estrada e carga pesada, já que sua carga útil é de 681 kg de carga, entre ocupantes e caçamba. Há também bloqueio de diferencial central, para pisos realmente complicados.
No trajeto pela Estrada Parque e dos Romeiros — que os leitores conhecem bem de nossas avaliações — a Actyon Sports acompanhou os modelos menores, auxiliada pelo bom acerto de suspensões e por um controle de estabilidade que pouco trabalhou, mesmo entrando “quente” em várias curvas.
A visibilidade é perfeita devido à linha de cintura ser baixa, fato que está desaparecendo dos carros com desenho mais moderno.
Todos os modelos mostrados tem como característica uma qualidade visual e de uso elevadas. A picape Actyon Sports é diferente dos demais principalmente pela construção de carroceria sobre chassis, que sempre tem a tendência a mostrar vibrações e uma movimentação de carroceria maior que em carros monobloco, mas nada de anormal foi constatado na apresentação.
A qualidade de acabamento interno e externo é muito boa, com bons materiais e concordância e encaixes entre as partes bem solidários. Os equipamentos ainda não são 100% definidos, como, por exemplo, aquecimento e ventilação de bancos encontrado nos suves, que não sabemos se serão adotados.
Os preços estimados, considerando versões mais básicas e de topo, deverão ser aproximadamente os seguintes:
• Tivoli – de R$ 85 mil a 100 mil
• XLV – de R$ 90 mil a 105 mil
• Korando – de R$ 135 mil a 150 mil
• Actyon Sports – de R$ 120 mil a 135 mil
Para o Salão do Automóvel de São Paulo do próximo ano, a SsangYong informa que irá apresentar o novo Rexton, um suve da categoria D, maior que o Korando, para a tender aos clientes que desejam um carro de maior tamanho e luxo nesse mercado.
Muito positivo o evento de apresentação dos novos SsangYong, mesmo com os pacotes de equipamentos e preços ainda por definir. Isso demonstra respeito aos veículos de comunicação e antecipa informações para potenciais clientes, que poderão levar em conta mais uma marca para suas escolhas no início de 2018.
FICHAS TÉCNICAS RESUMIDAS
MODELO | Actyon Sports | Korando | Tivoli | XLV | |
DIMENSÕES E CAPACIDADES | |||||
Comprimento | (mm) | 4.990 | 4.410 | 4.202 | 4.440 |
Largura | (mm) | 1.910 | 1.830 | 1.798 | 1.798 |
Altura | (mm) | 1.790 | 1.680 (1.710) | 1.590 (1.600) | 1.635 |
Entre-eixos | (mm) | 3.060 | 2.650 | 2.600 | 2.600 |
Nº de lugares | 5 | 5 | 5 | 5 | |
Peso em ordem de marcha | (kg) | 2.059 | 1.750 | 1.300 | 1.345 |
Carga útil | (kg) | 720 | – | – | – |
Carroceria (CxLxA) | (mm) | 4.990 x 1.910 x 1.780 | 4.410 x 1.830 x 1.675 | 4.200 x 1.800 x 1.590 | 4.440 x 1.800 x 1.600 |
Peso bruto total | (kg) | 2.740 | 2.300 | 1.810 | 1.870 |
MOTOR | 2,2 turbo interresfriador | 2,2 turbo interresfriador | 1,6 | 1,6 | |
COMBUSTÍVEL | Diesel (S-10) | Diesel (S-10) | Gasolina | ||
(litros) | 75 | 57 | 47 | 47 | |
POTÊNCIA | (cv/rpm) | 178/4.000 | 178/4.000 | 128/6.000 | 128/6.000 |
TORQUE | (m·kgf / rpm) | 41/1.400~2.800 | 41/1400~2800 | 16,3/4.600 | 16,3/4.600 |
CÂMBIO | 6 marchas automático | 6 marchas automático | 6 marchas automático | 6 marchas automático | |
TRAÇÃO | 4×4 | 4×2 (traseira) | 4×4 | 4×2 (dianteira) | 4×2 (dianteira) | |
DIREÇÃO, FREIOS E SUSPENSÃO | |||||
Direção, assistência | Hidráulica | Elétrica | Elétrica | Elétrica | |
Freios dianteiros | Disco | Disco | Disco | Disco | |
Freios traseiros | Disco | Disco | Disco | Disco | |
Suspensão dianteira | Triângulos superpostos | McPherson | McPherson | McPherson | |
Suspensão traseira | Eixo rígido | Multibraço | Eixo de torção | Eixo de torção |
JJ
(Atualizado em 29/11/17 às 19h10, correção de informação no texto sobre a cilindrada do motor do Tivoli/XLV)