As declarações do prefeito de São Paulo João Dória Júnior deixam cada vez mais clara sua falta de conhecimento do automobilismo brasileiro e aumentam cada vez mais a confusão sobre suas verdadeiras intenções acerca do complexo esportivo que inclui o Autódromo de Interlagos. Neste vídeo divulgado pelo vereador Camilo Cristófaro (PSB), o alcaide paulistano declara que o kartódromo por onde passaram grandes nomes do automobilismo brasileiro, como “Emerson Fittipaldi e Chico Landi” será reimplantado em outro local e que o autódromo “vai continuar recebendo a F-1 e grandes competições internacionais”. Em outras palavras, Dória Júnior condena o kartódromo onde foram revelados Ayrton Senna, Christian Fittipaldi, Felipe Massa, Gil de Ferran, Hélio Castro Neves, Rubens Barrichello, Tony Kanaan e tantos outros. pilotos de renome internacional.
É fato consumado que Chico Landi formou-se no autódromo e em competições disputadas em circuitos de rua e não há registro de que tenha disputado uma prova de kart sequer em sua carreira. Não bastasse isso, Dória Júnior não fez qualquer menção ao automobilismo e motociclismo nacionais, esportes que usam o circuito pagando aluguel, geram empregos diretos e perenes e recolhem impostos regularmente.
Em reunião com empresários franceses, porém (foto de abertura), Dória apresentou Interlagos como “área de potencial investimento imobiliário” (Interlagos Speedway, real estate potencial área, em inglês), como pode ser visto na foto de abertura, e não deixa de ser contraditório às suas palavras de preservação da área. A proposta do prefeito segue sendo a privatização do autódromo sob a alegação que não cabe ao estado manter um autódromo.
Ao arsenal de equívocos que agora inclui Chico Landi kartista, Dória Júnior já mencionou o circuito de Abu Dhabi como exemplo de autódromo privado. A propriedade do autódromo árabe, é de conhecimento público, é dividida entre o emirado local enquanto a Abu Dhabi Motorsports Management, uma empresa controlada pelo mesmo emirado, é responsável pela sua administração. Mais: como a planilha de custos de manutenção e conservação de Interlagos não é divulgada, é impossível checar os números alegados para esses itens. De posse desses números oficiais seria possível analisar se realmente a manutenção do local como próprio municipal é realmente deficitária e outras soluções que não necessariamente a privatização pura e simples.
Informações não confirmadas dão conta que, além do kartódromo, uma área significativa que englobaria um retângulo com a parte superior paralela ao antigo retão e um lado menor na linha compreendida entre as antigas curvas 3 e 4, serão subtraídas do terreno do autódromo. Caso isso se concretize, não apenas será extinto o kartódromo que formou nomes de destaque do automobilismo nacional e internacional, como também a possibilidade de se recuperar o histórico traçado de 8 km da pista de Interlagos.
Vale lembrar que a proposta do Arco Jurubatuba, intervenção urbanística de amplas dimensões proposta para a área, ainda não foi aprovada, situação que impede qualquer construção ou alteração do uso do solo que dependa de sua completa implementação.
O discurso do prefeito não contribui para esclarecer seus planos para a área do circuito paulistano, ao ignorar o esporte nacional e anunciar categorias a realização de provas internacionais. Ironicamente, duas competições internacionais anunciadas para o ano que vem não contemplaram esse final feliz: a prova de F-E, que seria realizada no circuito do Parque Anhembi, foi cancelada após ser anunciada no calendário oficial da categoria, e uma corrida de longa duração não passou de mera possibilidade.
A SPTuris deveria ter publicado o calendário das provas de campeonatos nacionais na semana passada, mas isso não aconteceu. Pior ainda é a situação do automobilismo paulista, cujas datas — já solicitadas —, só podem ser outorgadas após a definição do calendário nacional.
Acordo Sauber-Alfa é arma da Ferrari
Anunciado com pompa e circunstância no final de semana, o acordo de patrocínio da entre a Alfa Romeo e a equipe suíça Sauber tem ingredientes para se tornar uma moeda importante na renovação do acordo entre a Ferrari e a Liberty Media. Nos termos atuais a Scuderia recebe um bônus único entre todas as equipes pelo fato de ser a equipe mais tradicional da F-1. A missão declarada da Liberty é equilibrar o orçamento de todas as equipes através de uma distribuição mais equilibrada dos prêmios e bonificações em dinheiro e limitar os gastos e investimentos em tecnologia.
A presença de Chase Carey (homem forte da Liberty) e Jean Todt (presidente da FIA) no evento mostra o prestígio que o grupo FCA tem com os dirigentes da mais importante categoria.
Sergio Marchionne, o chefe supremo do grupo FCA e administrador de fato da Ferrari, já fez saber a Carey que não aceitará facilmente tais mudanças e já deu indícios que poderia retirar a Ferrari da F-1. A associação com a Sauber seria a forma de manter viva a ligação com a categoria: os motores da equipe Alfa Romeo Sauber em 2018 são os mesmos entregues à Ferrari e saem da mesma linha de montagem e a ligação atual entre ambas (“cooperação e intercâmbio técnico e comercial”) seria aprofundada intensamente.
O fato de Marcus Ericsson ter sido confirmado com o um dos pilotos para a próxima temporada, ao lado do monegasco Charles Leclerc, mostra que o investimento dos atuais proprietários, ligados indiretamente ao sueco, ainda é suficientemente importante para promover Antonio Giovinazzi à condição de piloto-reserva e não como titular, como era esperado pelos italianos.
Kubica ainda por ser confirmado
Terminados os testes de pneus de Abu Dhabi, a equipe Williams ainda não definiu a escolha do companheiro de equipe de Lance Stroll para 2018. O polonês Robert Kubica continua sendo cogitado como favorito, mas aparentemente há vários detalhes para serem resolvidos até que ele possa ser anunciado.
Equipe ABT novamente penalizada
Daniel Abt venceu a segunda prova da rodada de abertura da quarta temporada de F-E, em Hong Kong, mas a identificação de componente do motor e inversor diferente das indicadas no passaporte técnico do carro do alemão levou à desclassificação do companheiro de equipe de Lucas Di Grassi, que não conseguiu um bom resultado; foi a terceira vez que a equipe Abt (atualmente equipe oficial da Audi) é envolta em situação semelhante. O finlandês Felix Rosenqvist foi declarado vencedor, enquanto o americano Sam Bird venceu a corrida disputada no sábado. O campeonato prossegue dia 13 de janeiro em Marrakesh, no Marrocos, e até lá as três primeiras posições no campeonato são ocupadas por Sam Bird (35 pontos), Jean-Eric Vergne (33) e Felix Rosenqvist (29).
WG