A dois dias de reunião categoria é envolvida em discussões.
Quem acompanha a F-1 certamente notou que a economia de palavras é tão importante quanto a de recursos financeiros que Jean Todt quer impor na categoria automobilística mais cara do universo. No primeiro grupo o destaque vai para Guenther Steiner, o team principal da equipe Haas, que jogou duas duchas de água gelada nos pilotos dos Estados Unidos, país de origem da sua escuderia. Menção honrosa nesse quesito vai para Lewis Hamilton que detonou o próprio sobrinho de idade pueril por ir vestido de princesa em uma festa infantil. O piloto já se retratou e por isso o assunto morre aqui.
As declarações de Todt e Steiner vieram à tona às vésperas de uma reunião marcada para quinta-feira em que os diretores das equipe discutirão o futuro da categoria sob vários aspectos: da possível regulamentação de motores para 2021, passando pela distribuição de renda e até mesmo sobre os caminhos que a comunicação da categoria vai trilhar em uma época marcada pela revolução de meios e plataformas.
Recém reeleito presidente da FIA, o francês Jean Todt cobra soluções mais envolventes que a simples limitação de gastos para garantir uma F-1 mais competitiva e complexa. No linguajar típico de políticos, Todt não esclareceu muito sobre o que pretende implementar:
“Estamos falando sobre controle de custos e teto de gastos há algum tempo, mas eu acho que devemos pensar em um compromisso entre ambos. Temos que pensar regulamentos que tenham impacto sobre os custos, não creio que simplesmente impor um limite de gastos”.
Não é necessário ter pós-graduação em ciências ocultas para saber que é praticamente impossível controlar quanto uma equipe gasta para desenvolver seus carros e motores. Limitar o uso de tecnologia embarcada, seja ela avançada ou de ponta, pode ser uma boa opção para chefes de equipe como Christian Horner, que tenta convencer o parceiro Aston Martin para desenvolver um motor próprio. Andy Palmer, presidente-executivo da fábrica inglesa de esportivos de luxo, já informou que decidirá se autoriza o projeto de um motor para a categoria nos próximos 12 meses, sendo que o fator custo será o fiel da balança. Segundo Palmer, a eliminação do sistema de recuperação de energia térmica seria um passo importante nesse caminho.
Paralelamente a isso discute-se muito sobre a ideia de autorizar o uso de apenas três motores durante o ano, algo já previsto quando da adoção das regras atuais. Aparentemente sensata, essa limitação reduz drasticamente o desenvolvimento do equipamento e afeta diretamente o equilíbrio da categoria, basta ver o desempenho limitado das equipes que usaram motores Honda e Renault nos últimos anos.
No que diz respeito a Guenther Steiner, celebridades como Mario Andretti e Gil de Ferran não pouparam críticas às declarações que o italiano fez à capacidade dos pilotos norte-americanos. Segundo Steiner “atualmente não há nenhum nome em condições de chegar à F-1”, opinião que Andretti considerou “arrogante” e De Ferran “inexata”, Segundo o brasileiro, há anos radicado nos Estados Unidos, o assunto merece melhor análise:
“Apesar de o sistema norte-americano não ajudar os novos talentos que disputam campeonatos de monopostos, temos bons pilotos como, por exemplo, Joseph Newgarden. O ponto é que a maioria dos grandes nomes dos Estados Unidos foca a carreira na Nascar. Se alguns pilotos daqui não se deram bem na Europa, o inverso também aconteceu…”
Outro ponto que gera discussões na comunidade da F-1 é o debate sobre um possível novo modelo de comunicação da categoria, que durante a era Ecclestone esteve praticamente fechada às mídias sociais. A empresa Liberty Media viu-se obrigada a rever sua decisão de transmitir pela internet e em tempo real as entrevistas com os três mais rápidos da prova de classificação e da corrida após queixas dos jornalistas da categoria. O suíço Roger Benoit, veterano correspondente do diário Blick e um dos mais próximos de Bernie Ecclestone, não esconde sua preocupação com “corrida para monopolizar a cobertura jornalística da F-1, já que Zak Brown e seus parceiros bilionários estão comprando todos os sites e agências com foco no esporte”.
Pietro Fittipaldi se destaca na F-E
O brasileiro Pietro Fittipaldi ainda não definiu seu rumo para a temporada de 2018 e admite que a Telmex, seu principal patrocinador, poderá escolher que ele dispute uma temporada no automobilismo norte-americano “na F-Indy ou mesmo Indy Lights”. No fim de semana Pietro participou de um teste promovido pelas equipes de F-E para pilotos sem experiência na categoria e saiu-se muito bem: na avaliação feita no circuito de rua de Marrakesh ele obteve o segundo melhor tempo e ficou atrás apenas do suíço Nico Müller.
Com o lançamento de uma categoria de apoio com modelos Jaguar I-Pace previsto para o final do ano, é lícito esperar que caso não surja uma oportunidade na categoria de monopostos, Pietro Fittipaldi poderá ser convidado a conduzir um dos 20 automóveis do campeonato que marcará o lançamento do primeiro Jaguar 100% elétrico.
Os seis melhores do teste foram: 1) Nico Müller (Suîça), Audi, 1’19″651; 2) Pietro Fittipaldi (Jaguar), 1’20’597; 3) Max Günther (Alemanha), Penske/Dragon, 1’20”657; 4) Paul Di Resta (Escócia), Jaguar, 1; 20”774; 5) James Rossiter (Inglaterra), Renault/Techcheetah, 1’20”794; 6) Danil Juncadella (Espanha), Mahindra/Mahindra.
Ginetta apresentou novo carro
Empresa focada em carros esportivos e de competição, a Ginetta apresentou oficialmente o modelo G-60 LT-P1, ontem, no salão Autosport International. O biposto mostrado em Birmingham foi desenvolvido para o Campeonato Mundial de Resistência (WEC, na sigla em inglês), teve sua aerodinâmica desenvolvida no túnel de vento da Williams. Inicialmente concebido em torno do V-6 Mecachrome de 3,4 litros, o protótipo pode receber motores de outros fabricantes. Lawrence Tomlinson, presidente da empresa, prevê a fabricação de dez unidades do G60 LT-P1, a maioria delas para equipes inscritas no WEC e nas competições na América do Norte e Europa.
WG