Hard Working, trabalho duro, foi o nome escolhido para esta versão da Fiat Strada, mas nem por isso essa picape de cabine simples deixa de oferecer recursos para amenizar a dureza do trabalho.
Além do novo interior escurecido adequado ao tipo de uso e itens de série como computador de bordo, protetor e iluminação de caçamba, entre outros, a versão Working oferece opcionais como protetor de cárter e grade do vidro traseiro, predisposição para rádio, rádio com a conexão USB e ar-quente.
A Hard Working testada traz os mesmos pacotes da versão de entrada Working e conta com a nova identificação da versão na traseira, ar-condicionado, direção assistida hidráulica, ajuste de altura do volante, rodas escurecidas, protetor de cárter, entre outros itens. Como opcionais a versão como a do teste oferece diversos itens como capota marítima, porta-óculos, soleira das portas com inscrição “Hard Working”, faróis de neblina, vidros e travas elétricas, janelas traseiras corrediças, sensores de estacionamento traseiro, rádio Connect com CD player, USB e Bluetooth, e calotas integrais.
O motor é o Evo 1,4-l, flex, que produz 85/88 cv a 5.750 rpm e 12,4/12,5 m·kgf a 3.500 rpm. De 2 válvulas por cilindro, o único comando de válvulas tem variador contínuo de fase por 50º e o curso dos pistões é bem maior que o diâmetro dos cilindros (70 x 86,5 mm). Por aí já se vê que é um motor voltado a ter boa pegada em baixa, ou seja, elástico, que oferece farta potência já em baixas rotações, o que é o ideal para veículos destinados a trabalho pesado. Portanto, é tipo de motor certo para o que esta picape se propõe. Inclusive, agrada bastante a rapidez com que ele levanta o giro ao fazer o punta-tacco — fácil de fazer, como em todo Fiat.
Viajei para a praia levando uma moto Honda Biz 110i (veja teste), uma cama elástica encaixotada, um monte de malas, uma pedrona de jardim, uma dor no lombar e uma passageira, a sra. Keller, feliz. E tudo isso somado ainda ficou longe da capacidade total de carga da pequena picape, 705 kg. Se coubessem, ela poderia levar cinco dessas motos, já que a Biz 110i pesa 97 kg, além da passageira, do motorista e meia pedrona de jardim. E mesmo assim, ela, apesar de ter a suspensão relativamente dura, quando vazia não chega a ser desagradável.
A suspensão dianteira é McPherson com braço triangular e a traseira é eixo por rígido localizado por mola parabólica (lâmina única) longitudinal de cada lado. O eixo rígido não é reto, tem um arco, é chamado pela Fiat de eixo ômega, isso para minimizar a possibilidade de encalhe no facão que costuma haver em estradas de terra. O vão livre do solo é de 170 mm, o que já é o bastante, sem os exagerados e desnecessários, e “lindões”, 200 mm que tanto vêm sendo usados em suves ou minissuves. A sensação é de robustez. Pouco cede à carga e a suspensão é bem isolada, pouco se ouve seu trabalho.
Boa de curva, mesmo quando relativamente carregada como viajou, e boa de estabilidade direcional, o que em parte provém da grande distância entre eixos, 2.718 mm. Viaja bem. Freios a disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira são eficazes. Em descida de serra, freou bem, mantendo estabilidade mesmo em freadas de teste mais fortes, o que demonstra cuidado na distribuição correta de ação entre freios dianteiros e traseiros, algo importante em picape, veículo sujeito a grande variação na distribuição de peso sobre os eixos. Isso sim é importante, mais do que se o freio traseiro é a disco ou a tambor.
Falta isolamento acústico para os ruídos de motor e pneus. Não é uma picape de luxo nem se propõe a tal. Falta regulagem da altura do facho dos faróis, o que considero importante para um veículo de carga. Falta maior amplitude da regulagem do volante, que, ficando alto, não permite posicionamento ideal e descansado para dirigir longas distâncias. Seria bem-vindo um lugar para opcionalmente se colocar o estepe na caçamba, pois em muitos casos é preferível tê-lo fora da cabine (ele vai atrás do banco do passageiro) e ocupar o seu lugar com bagagens. No mais, não senti falta de nada, inclusive de potência.
Acelera muito bem. Segundo a Fiat, faz o 0 a 100 km/h em 12,7/12,2 segundos e atinge 170/173 km/h, números que indicam desempenho perfeitamente satisfatório para o uso normal. Além disso, é importante lembrar, tem boa retomada, boa pegada, o que permite rápidas e seguras ultrapassagens, desde, claro, que o motorista saiba fazer o correto uso das marchas – coisa que vem rareando. Na volta, subi a Serra do Mar com a mesma Biz na caçamba, um monte de malas, uma passageira cochilando e a mesma dor no lombar, e a Strada o fez com desenvoltura. Subiu rápido, sem preguiça alguma.
O grafismo dos instrumentos poderia ser mais simples. O ponteiro do conta-giros movimenta-se em sentido anti-horário, muito estranho. A 120 km/h reais e em 5ª e última marcha o giro vai a 3.800 rpm. Com ela vazia, sobra giro, mas é preciso levar em conta que as relações das marchas foram projetada para trabalhar bem também com carga, então está correta.
O comando do câmbio é a cabo, é preciso, leve e de movimentos curtos, sem problemas. Só não tem o toque seco com os de VW e Honda. Os retrovisores externos, ambos convexos, não têm regulagem elétrica, porém a cabine é estreita, o que facilita o ajuste do retrovisor direito. E são grandes, dão boa retrovisão.
Protetor de caçamba resistente, prático e fácil de limpar. Com a capota marítima colocada, a caçamba forma um volumoso “porta-malas” de 1.220 litros. A caçamba mede 1.692 mm de comprimento, sua largura máxima é de 1.356 mm e mínima (entre rodas) de 1.090 mm.
O tanque de combustível é bom, cabem 58 litros. Usei álcool e na cidade fez em torno de 8,2 km/l, se bem que o trânsito paulistano tem andado leve durante estas férias, e na estrada fez 10,5 km/l em ritmo normal, mas sem refresco e com trânsito em trechos de pista simples. Com caçamba vazia e com a capota marítima colocada eu certamente obteria ainda menor consumo na estrada. Esses números estão acima dos dados pelo Inmetro, que são cidade 10,8/7,6 km/l e estrada 12,3/8,5 km/l.
Gostei dos pneus Pirelli Chrono 175/70R14T, portaram-se bem na chuva e no seco. São só um pouco ruidosos.
Boa picape para trabalho e lazer. Robusta, sem firulas desnecessárias, fácil de limpar, econômica e esperta, de bom desempenho. Custa, básica, R$ 54.690; com todos os opcionais, inclusive a cor branco Banchisa (R$ 300), sai por R$ 58.151.
Vídeo:
AK
FICHA TÉCNICA | |
FIAT STRADA HARD WORKING CABINE SIMPLES 1,4 2018 | |
MOTOR | |
Designação | EVO 1,4 Flex |
Descrição | 4 cilindros em linha, comando no cabeçote com variador de fase contínuo por 50º, correia dentada, 2 válvulas por cilindro |
Cilindrada (cm³) | 1.368 |
Diâmetro e curso (mm) | 70,0 x 86,5 |
Taxa de compressão (:1) | 13,2 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 85/88/5.750 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 12,4/12,5/3.500 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Formação de mistura | Injeção no duto |
TRANSMISSÃO | |
Tipo | Transeixo com câmbio manual de 5 marchas mais ré, comando a cabo, tração dianteira |
Relações da marchas (:1) | 1ª 4,273; 2ª 2,316; 3ª 1,444; 4ª 1,029; 5ª 0,795; ré 3,909 |
Relação de diferencial (:1) | 4,400 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo rígido tipo ômega, molas parabólica longitudinal por lado e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica indexada à rotação do motor |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,7 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/257 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/228 |
Controle | ABS e distribuição eletrônica das forças de frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço com supercalota 5,5×14 |
Pneus | 175/70R14T (Pirelli Chrono) |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, picape cabine-simples, duas portas, subchassi dianteiro |
CAPACIDADES (L) | |
Caçamba | 1.220 |
Tanque de combustível | 58 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.113 |
Carga útil | 705 |
Peso rebocável (sem freio) | 400 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.438 |
Largura sem espelhos | 1.664 |
Altura | 1.590 |
Distância entre eixos | 2.718 |
Bitola dianteira/traseira | 1.425/1.390 |
Distância mínima do solo | 170 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 12,2/12,7 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 170/173 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 10,8/7,6 |
Estrada (km/l, G/A | 12,3/8,5 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª (km/h) | 31,5 |
Rotação a 120 km/h, em 5ª (rpm) | 3.800 |
Rotação à vel.máxima em 5ª (rpm) | 5.500 |
Alcance nas marchas a 5.750 rpm (km/h) | 1ª 34; 2ª 62; 3ª 100; 4ª 140; 5ª 173 |