É, eu bem que gostaria de chegar aos meus 70 anos mais forte do que nunca. De repente, aparecer na minha festa de aniversário de septuagenário mais bonito, mais esperto, mais bem vestido e por aí vai. Mas, não sei não… . Bem, o assunto aqui não sou eu e o meu envelhecimento!
Escrevo sobre o “renascimento” do Land Rover Defender, símbolo inconteste da marca cuja produção foi encerrada em dezembro de 2015 (escrevi sobre isso nessa matéria). E eis que ele “renasce” mais forte do que nunca, com um motor V-8 a gasolina de 5 litros, aspiração atmosférica, de 405 cv e 52,5 m·kgf que, acoplado à um câmbio automático ZF de 8 marchas (com modos “Sport” e sequencial na alavanca), permite que ele acelere de 0 a 100km/h em apenas 5,8 segundos. Nada mau para um “sênior” de 70 anos. Certamente, o motor deve se tratar da mesma família de motores Jaguar que equipa outros veículos da companhia.
A Land Rover divulgou a produção de apenas 150 unidades dessa edição especial chamada Defender Works V8, através de sua subsidiária Land Rover Classics (o Juvenal Jorge fala dessa divisão da JLR nessa matéria), em versões 90 (duas portas) e 110 (quatro portas), construídas a partir de veículos especialmente selecionados, entre os anos de produção de 2012 a 2016 e que estivessem com até 20.000 milhas (32.000 km) rodadas. Portanto, não estamos falando de veículos completamente “zero-km”.
Esses veículos recebem, então, o conjunto mecânico, outros itens e modificações e serão vendidos por valores a partir de £ 150.000 para o Defender 90 e a partir de £ 160.000 para o Defender 110 (valores em libras esterlinas, equivalentes a R$ 669 mil e R$ 714 mil, respectivamente ) e nenhuma unidade será importada oficialmente para o Brasil pela subsidiária aqui instalada, até porque, como vimos, no fundo estamos falando de veículo (pouco) usados. Então, claro, estamos falando de algo altamente exclusivo e, certamente, voltado para entusiastas e colecionadores. Incluídos nesses valores garantia e serviço Land Rover Assistance por um ano, sempre atendidos pela divisão Land Rover Classics.
Para ajudar no “choque” com o valor, essa nova versão será equipada com novos freios (que ajudarão a segurar e controlar os até 170km/h de velocidade máxima, limitada eletronicamente), pneus All-Terrain 265/65R18 montados em rodas aro 18″ com liga de diamante e pintura parcial em preto, sistema de entretenimento exclusivo, acabamento de maçanetas, tampa de combustível e letras com o nome Defender no capô feitos em alumínio usinado, emblemas da versão especial (dianteira nas laterais, traseira e no console central junto à alavanca de câmbio), lanternas traseiras com lâmpadas em LED (as dianteiras parecem convencionais), faróis em bi-LED, revestimento interno nos bancos esportivos e aquecidos da Recaro, painel de instrumentos e laterais de porta em couro Windsor e, finalizando a lista, pintura externa em até oito cores que contrastam com o teto e abas dos para-lamas em preto, assim como a grade dianteira (veja detalhes nas fotos e no vídeo ao final.
Dica: logo no início do vídeo, aos 15 segundos, não deixe de “escutar o ronquinho” do V-8 quando o carro é ligado).
Portanto, não se trata de voltar a fabricar o Defender como ele o era. Para estender o assunto, ainda durante 2018 espere-se que a Jaguar Land Rover apresente o “novo” Defender que, por tudo o que vem sendo paulatinamente divulgado pela fabricante, não deve ser uma “releitura” devidamente modernizada do desenho original do carro apresentando em 1948, há 70 anos, mas sim um novo veículo que honrará, isso sim, a lendária capacidade off-road do Defender.
O que é que é isso, rapaz!
Um Defender com 405 cv e capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 5,8 segundos e chegar aos 170 km/h é, certamente, algo difícil de conceber. Mas, ah!, como eu gostaria de experimentá-lo. Não recebemos detalhes, mas, imagino facilmente que a suspensão foi devidamente modificada para todo esse desempenho, incluindo barras estabilizadoras, molas e amortecedores mais adequados. Claro, ele não terá o refinamento dinâmico de outros veículos da Land Rover nesse quesito. Mas, ainda assim, imagino que sentir o poder de aceleração, a suavidade em rodar pelas rodovias em giros bem baixos e com extremo silêncio, poder fazer ultrapassagens rápidas e seguras e ter toda a força disponível para superar os mais difíceis obstáculos com sobra e reserva de potência, deva ser algo sublime. E algo que o Defender original, principalmente as edições equipadas com o motor 300Tdi diesel turbo, sempre ficaram devendo.
A potência e torque gerado por esse motor, aliado a uma caixa de 8 marchas e com opção de reduzida (o Defender tem tração 4×4 integral com opção do bloqueio do diferencial central), devem deixá-lo fabuloso para viajar por boas rodovias até, obviamente, chegar a uma trilha desafiadora e poder experimentar todo esse potencial para onde ele foi feito: para o uso em Off-Road. Também não recebemos informações oficiais nesse sentido, mas imagino que controle de tração e freios ABS o equipem, já que eram itens comuns nas últimas unidades produzidas desde a adoção do motor 2,2 Tdci (a partir de 2012) originário da Ford. O acionamento da reduzida e bloqueio do diferencial central — ainda bem — continuam sendo realizados por alavanca, como as fotos deixam perceber.
Ainda analisando as fotos, é possível perceber um botão cujo ideograma é para desligar o controle de estabilidade. Então podemos supor que a nova versão venha equipada com esse item de segurança (o que reforça a tese da manutenção de controle de tração e ABS), o que é muito bem-vindo num veículo com toda essa potência, construído com eixos rígidos e com alto centro de gravidade. Se for isso mesmo, ótima implementação. Mas, frise-se que também não recebemos informações sobre esse item, ou seja, fica a confirmar.
É importante ter-se a devida consciência ao se conduzir um veículo como esse, com tamanha disponibilidade de potência, devido ao seu peso e altura do solo.
Muito provavelmente, dificilmente os felizardos e abastados novos proprietários dessas versões o utilizarão para “se divertir” e não darão “vida boa” para esses Defenders Works V8 (entenda-se por vida boa levá-los para passear nas trilhas…). Quase certo que a imensa maioria ficará “presa” nas coleções, junto de outros veículos colecionáveis, da marca ou não. O que, no meu entender, é uma pena!
Ainda assim, a mim pareceu fabulosa essa notícia. O Defender é o ícone maior da marca Land Rover. Desde que foi descontinuado, nada o substituiu. O mercado e os entusiastas da marca andam sedentos por saber como será o novo Defender, que se espera seja apresentado ainda esse ano. Mas, como os executivos da fabricante já deram várias “pistas” de que o novo em nada se parecerá com o antigo, esse “renascimento” com o Works V8 aparece como um bálsamo.
70 anos
Falando de forma resumida, a Land Rover nasceu em 1948 quando foi apresentado o primeiro veículo, que hoje é conhecido como Series I e que, ao longo do tempo foi evoluindo, mas sempre mantendo o aspecto e os traços originais, até o encerramento da produção em 2015.
A evolução passou pelos Series II e Series III e ao longo do tempo foram ganhando novos formatos (quatro portas, picape, etc.) e passou a se chamar Defender a partir de 1989.
Portanto, nesse ano de 2018, a marca completa 70 anos de existência. Espera-se, então, algumas comemorações, novidades, etc.
A primeira grande notícia sobre esse marco é que a mesma Land Rover Classics irá restaurar um dos três veículos “pré-série” que foram apresentados em Amsterdã em 1948 e que foi recentemente resgatado (o Juvenal Jorge fala disso nessa matéria).
E agora, a Jaguar Land Rover presenteia seus aficionados e apaixonados entusiastas com o “renascimento” do Defender. Sem dúvida, uma belíssima notícia.
No vídeo ao final, divulgado pela Jaguar Land Rover, fiquei extremamente feliz em ver que a nova versão passa “cumprimentando” todas as antigas gerações enquanto “passeia” pelos campos e trilhas ingleses. Uma justa leitura de uma história que se constrói desde 1948.
Outro Defender V-8?
Como curiosidade adicional, é interessante saber que não é a primeira vez que a Land Rover equipa o Defender com motor V-8. Tampouco com câmbio automático. Embora, claro, seja uma exceção à concepção mecânica que sempre foi utilizada nesse valente todo-terreno.
Nos anos 90, entre 1993 e 1997, a Land Rover vendeu no mercado americano uma versão do Defender equipado com motores V-8 a gasolina, que eram os mesmos que foram utilizados no Discovery, inicialmente com 3,9-L e a partir de 1997, com motor 4-L, que foi chamado de Defender NAS (North America Specification). Nos primeiros anos acoplados a câmbios manuais de cinco marchas e, posteriormente, utilizando também câmbio automático de quatro marchas.
Para atender normas de segurança, a companhia equipava os veículos com uma “gaiola de proteção” (rollcage) e sistema de iluminação lateral, itens que podem ser vistos na foto abaixo. A partir de 1998, com a legislação exigindo a instalação de bolsas infláveis como item de segurança obrigatório, o Defender deixou de ser exportado para o mercado americano, o que encerrou a versão NAS.
Conclusão
A Jaguar Land Rover inicia a comemoração do seu 70º aniversário em grande estilo e, justamente, valorizando, reconhecendo e resgatando sua rica história.
Resgatar o Series I pré-série exibido em Amsterdã e “ressuscitar” o Defender, mesmo que com essa superexclusiva e caríssima versão, são justas homenagens para esse veículo que é uma lenda no mercado Off-Road, um marco na história do automóvel pelo o que é e representa e o mais reconhecido símbolo dessa marca.
Entendo como um ótimo pontapé inicial nesse ano comemorativo.
E que venha mais.
E que sejam tão boas notícias e novidades como as que já foram anunciadas.
Vida longa ao Defender!
Abraços 4×4
LFC