Frase do título significa, em italiano, “bem-vinda de volta, Alfa”.
Várias temporadas de vacas magras afetaram substancialmente o desempenho da Sauber nos últimos anos: somado à falta de recursos financeiros, crises internas igualmente puseram em risco a própria existência da equipe fundada pelo simpático Peter Sauber em 1993 e que já teve parcerias de peso, inicialmente com a Mercedes (1993/4) e depois com a BMW (2006 a 2009). Resultado prático foi a competitividade cada vez menor dos pilotos e equipes que representaram a equipe nas pistas. Desde 2010 ligada de maneira semioficial à Ferrari, a casa de Hinwill (cidade industrial situada nos arredores de Zurique) inicia este ano um novo período de renascimento, desta feita associada à Alfa Romeo, que enxerga nessa parceria uma importante recurso para revigorar o cuore sportivo que tão bem identifica a marca italiana. Ferramenta importante nessa causa são os bons olhos de Sergio Marchionne sobre o programa: o executivo-chefe do grupo FCA tem na recuperação da Alfa, como concorrente de ponta do segmento de carros esportivos de prestígio, a meta para ser atingida antes de sua aposentadoria prevista para daqui a dois anos.
Marchionne à parte, uma breve análise do novo C37 apresentado ontem e o modelo C36 de 2017 revela soluções mais apuradas de aerodinâmica e e funcionalidade em consequência de três fatores importantes: a obrigatoriedade do uso do halo, a instalação da versão mais moderna do motor Ferrari e as facilidades que os novos recursos obtidos com a incorporação da Alfa Romeo disponibilizaram à equipe suíça. Tudo isso é visível a partir das novas cores adotadas: o azul tradicional da Sauber deu lugar ao vermelho sangue típico da casa de Balloco, tonalidade destacada com o branco usado em larga escala.
Do ponto de vista estético-funcional, o bico dianteiro confirma as novas soluções: sua linhas são mais retas, sua inclinação é mais sutil e seu plano inferior está localizado mais alto em relação à solução adotada no ano passado. Quem ganha com isso é a fluidez do ar que passa pela região responsável pela maior parcela de carga aerodinâmica. A saída do duto S foi deslocada para trás, o que deve auxiliar na laminação do ar que chega ao halo. Aliás, a solução adotada pelo diretor técnico Jörg Zander é a mais inovadora entre as apresentadas até o momento; uma de suas características é o vinco em torno do arco frontal, nítido recurso para amenizar a turbulência gerada pelo equipamento obrigatório a partir deste ano.
Na parte central do chassi também chama atenção o formato dos defletores laterais: em lugar de uma peça principal de projeção vertical foram instalados três elementos, dois de altura parcial e usados para trabalhar o fluxo ao redor do monobloco e um terceiro, em formato de “L”, usado para laminar o ar que vai para as tomadas de ar dos radiadores. É nessa peça que se destaca o logotipo colorido da Alfa Romeo. Outro, bem maior e usando apenas a cor branca, aparece no capô, cuja linha de cintura é mais afilada; o friso azul da pintura destaca a possível posição desses trocadores de calor; mais para cima nota-se que o caimento da linha central da carenagem é bem suave que a solução usada em 2017 e supõe melhor vazão do ar quente em torno do trem motriz. De acordo com Zanger, o novo C37 sumariza a nova fase da equipe:
“Nosso carro de 2018 é o resultado do trabalho duro que toda a nossa fábrica dedicou a esse projeto nos últimos meses. A filosofia desse novo projeto é muito diferente do que se viu no C36: o conceito aerodinâmico mudou significativamente e o C37 traz muitas outras novidades técnicas. O uso do motor Ferrari 2018 também será um importante catalisador para melhorar nossa performance nesta temporada.”
Como já se torna costumeiro, não foi divulgada a ficha técnica do carro.
WG