A Ford lançou esta semana o EcoSport Storm 2,0 4WD, a versão aventureira que faltava na linha. Foi desenvolvido exclusivamente para o mercado brasileiro e, fora os detalhes decorativos habituais, o Storm tem tração nas quatro rodas do tipo sob demanda. O câmbio é o mesmo automático epicíclico de seis marchas introduzido na linha 2018. A apresentação à imprensa foi em Porto Feliz (SP).
O preço de lançamento é R$ 99.990, único, sem opcionais. Mas a dotação de equipamentos do Storm, lançado já como ano-modelo 2019, é significativa e pode ser vista na extensa lista em seguida à ficha técnica.
À primeira vista, o estepe pendurado na tampa do porta-malas ficou mais coerente nesta proposta do Storm — tempestade, em inglês —, que vem todo decorado com adesivos e vários outros apliques de acabamento, nas caixas de roda, nos para-choques e nas laterais do veículo, entre outros.
O EcoSport Storm parece mais encorpado e realmente é maior que os outros modelos da linha: tem 88 mm a mais no comprimento (4.357 mm) e é 20 mm mais largo sem os espelhos (1.785 mm). As rodas com acabamento em prata Magnetic posicionadas mais para fora da carroceria contribuem para aumentar a musculatura do veículo.
Sob a minha ótica, as novas rodas de 17 polegadas com pneus 205/50R17 (mesma medida do Titanium 2,0) se apresentam um pouco pequenas com relação ao volume do veículo, acentuado no visual do Storm. Creio que um pneu com perfil mais alto, por exemplo, o 205/55R17, o visual ficaria melhor em termos de proporção. Outra possibilidade seria adotar rodas de 18 polegadas, que cairiam bem em termos de aparência. De fato, os suves do mercado tendem para rodas grandes, 18″ ou até mais, pois a aparência de robustez é maior.
A grade dianteira, inspirada na picape F-150 Raptor americana, ganhou o nome STORM em letras de corpo bem grande, chegando a deixar o oval Ford em segundo plano. Creio que uma melhor solução teria sido aplicar o oval no capô, esteticamente melhor.
Disponível em quatro cores, branco Ártico, preto Bristol, prata Dublin e marrom Trancoso, o Storm se apresenta visualmente bem diferente em estilo para cada uma delas. A que melhor se destacou, em minha opinião, foi a marrom Trancoso, muito bonita por sinal, dando um contraponto aos adereços da carroceria. O branco fica muito poluído pelo contraste com os adereços escuros. Chamou-me a atenção o bom acabamento da carroceria com folgas bem resolvidas e com uma pintura de excelente qualidade.
O estrado (rack) de teto é muito bem-acabado e dá uma fluidez interessante ao perfil do veículo. O teto solar é de série.
O interior todo monocromático na cor preta, o teto inclusive, passa um pouco de claustrofobia aos ocupantes. Alguns detalhes na cor laranja abrandam um pouco esta sensação. Imagine-se a temperatura interna do veículo, estacionado ao sol em verão brasileiro.
Andando com o Storm
A posição de dirigir é bem favorável e complementada pelo ajuste do volante em altura e distância. O ajuste longitudinal do banco do motorista é manual, mas bem poderia ser elétrico, como na versão de exportação para os Estados Unidos. O roteiro de teste de apresentação escolhido pela Ford consistiu de longos trechos de terra batida com pedras, buracos e irregularidades, e também asfalto, este basicamente a Rodovia Castello Branco. Foram aproximadamente 75% off-road e 25% de estrada asfaltada.
Ficou patente o excelente trabalho desenvolvido pela engenharia da Ford nas suspensões e no pacote acústico adotado. O Storm foi impecável em todas as situações avaliadas, passando conforto e segurança. Direção precisa, sem vibrações e com característica de ser firme na reta e progressiva em curvas, com esforços compatíveis com a dinâmica do percurso.
As suspensões foram recalibradas e as bitolas traseira e dianteira foram aumentadas em 10 mm para as rodas se destacarem mais da carroceria. O raio de rolagem negativo foi alterado com a mudança para 0,23 mm. As molas traseiras são constante variável para atitude e conforto de rodagem com o veiculo vazio e carregado.
O nível de ruído interno é muito baixo, sem chocalhos e vibrações espúrias, passando qualidade percebida. Os impactos e asperezas são filtrados pelas suspensões McPherson dianteira e multibraço na traseira (o Juvenal Jorge está com um Storm em teste e fará foto dessa suspensão na próxima segunda-feira).
Os freios com modulação impecável não apresentaram ação prematura do ABS em todas as situações avaliadas, mostrando ser um conjunto potente e eficiente.
Seu sistema 4WD tem um controle automático de transferência de força de tração das rodas dianteiras para as traseiras sem que o motorista precise acionar qualquer comando. Um gráfico na tela no painel mostra a distribuição de torque nos eixos em tempo real.
O sistema de acoplamento 4WD é um sistema de embreagem multidisco instalada entre a árvore de transmissão (cardã) e o diferencial traseiro. Esse pacote de embreagens são discos de atrito solidários ao diferencial e discos solidários ao cardã, intercalados entre si.
Por meio de sinais elétricos vindos do PCM (sigla, em inglês, de módulo de controle do trem motriz), um mecanismo eletromagnético instalado no sistema de acoplamento comprime mecanicamente o pacote de embreagens. Essa a compressão aumenta o atrito entre os discos das embreagens levando o pinhão do diferencial traseiro a se movimentar com a mesma velocidade angular (rotação) do cardã. Essa transferência de torque pode ser variável, de totalmente aberta a totalmente fechada, dependendo exclusivamente da corrente elétrica fornecida pelo PCM. Ou seja, conforme a condução do veiculo, o PCM transfere o torque mais adequado para as rodas traseiras. O sistema é banhado em óleo para melhor dissipação de calor durante o deslizamento dos discos.
O casamento do motor 2-L com a caixa automática de seis marchas e o sistema de tração sob demanda nas quatro rodas ficou bem interessante, passando confiança no asfalto e, principalmente, na terra em condições de baixo atrito. A sensação de conectividade com o solo foi realmente motivo de destaque. Para quem gosta de dirigir agrada bastante.
No asfalto, a 120 km/h em sexta marcha, o motor parece estar desligado de tão silencioso. Contribui para a sensação o motor girando a apenas 2.700 rpm (v/1000 de 44,5 km/h). Não notei ruído de vento e tampouco ruído de rolagem e creio que os excelentes pneus Michelin Primacy 3, de asfalto, de classificação de velocidade W (270 km/h!) contribuem muito para isso. Vale notar a suavidade de funcionamento do motor em si, para o que a relação r/l 0,28 ajuda muito.
Em sexta marcha, em velocidade de cruzeiro, é necessário muito curso do acelerador para que aconteça a troca para a quinta. Embora prejudique um pouco a sensação de desempenho, permite retomar velocidade sem redução de marcha, aproveitando mais a boa elasticidade do motor. Precisando-se de mais potência imediata, o kickdown (acelerador a fundo bruscamente) resolve.
A indicação de qual marcha está engatada poderia aparecer clara e continuamente no mostrador dos instrumentos sem necessitar de acionamento de função por parte do motorista.
As trocas de marcha são progressivas e com pouco deslizamento perceptível do conversor de torque, mesmo em plena carga e/ou com acionamento manual das borboletas no volante da direção.
Outro ponto a destacar é a boa vedação da carroceria contra poeira. Como estávamos em comboio (algo que considero péssimo, como se precisássemos de babás) e havia muita poeira levantada pelos veículos à frente, foi realmente um verdadeiro teste de integridade do conjunto — com a recirculação de ar acionada, claro.
Com o EcoSport Storm a Ford brasileira mostra ter capacidade de projeto e fabricação de veículos para o mercado global.
E sem querer dar uma de futurólogo, creio que o fim do estepe na porta de carga está próximo. A utilização de pneus que rodam vazios (run flat) é uma possibilidade também para o Brasil. O tempo dirá.
CM
FICHA TÉCNICA FORD ECOSPORT STORM 2,0 4WD 2019 | |
MOTOR | |
Denominação | 2,0 Duratec Direct Flex |
Tipo | 4 cil. em linha, transversal, bloco de ferro fundido e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas, corrente, 4 válvulas por cilindro |
Diâmetro e curso (mm) | 87,5 x 83,1 |
Cilindrada (cm³) | 1.999 |
Taxa de compressão (:1) | 12 |
Comprimento da biela (mm) | 146,25 |
Relação r/l | 0,284 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 170/176/6.500 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 20,6/22,5/4.500 |
Rotação de corte (rpm) | 6.850 |
Formação de mistura | Injeção direta |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Nas quatro rodas, sob demanda, normal dianteiras |
Câmbio | Automático epicíclico, 6 marchas à frente e uma à ré |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,584; 2ª 2,964; 3ª 1,912; 4ª 1,446; 5ª 1.000; 6ª 0,746; ré 2,943 |
Relação de diferencial (:1) | 3,510 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida, indexada à velocidade |
Relação de direção | n.d. |
Número de voltas entre batentes | 2,6 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,6 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/n.d. |
Controle | ABS (obrigatório) e distrib. eletrônica das forças de frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 7Jx17 |
Pneus | 205/50R17W (Michelin Primacy 3) |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, suve 4-portas, cinco lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,35 |
Área frontal calculada (m²) | 2,39 |
Área frontal corrigida (m²) | 0,83 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento incluído o estepe | 4.357 |
Largura (sem/com espelhos) | 1.785/2.057 |
Altura | 1.693 |
Distância entre eixos | 2.519 |
Altura livre do solo | 200 |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 362 (1.178 com banco traseiro rebatido) |
Tanque de combustível | 52 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.469 |
Bruto total | 1.845 |
Carga útil | 376 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h, s G/A) | n.d./9,5 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 180, limitada |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 8,8/6,1 |
Estrada (km/l, G/A | 12/8,3 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 última marcha (6ª, km/h) | 44,5 |
rpm a 120 km/h em 6ª | 2.700 |
rpm à vel. máxima em 5ª | 5.420 |
EQUIPAMENTOS FORD ECOSPORT STORM 2,0 4WD 2019 |
TECNOLOGIA |
Alto-falantes (9) |
AppLink |
Assistência de emergência |
Câmera de ré |
Chave com sensor de presença: acesso inteligente e partida sem chave |
Comandos de voz para funções de áudio, telefone e navegador |
Computador de bordo |
Conectividade Car Play e Android Auto |
Conexão Bluetooth |
Controlador automático de velocidade de cruzeiro |
Controle ativo da grade do radiador |
Controles de áudio no volante |
Entrada USB |
Espelho retrovisor interno eletrocrômico |
Leitura e envio de mensagens SMS |
Limpador de para-brisa com temporizador e velocidade variável |
Navegador |
Rádio AM/FM |
Sensor crepuscular |
Sensor de chuva |
Sony Premium Sound |
Sync3 |
Tela de LCD de 4,2 pol. configurável no painel de instrumentos |
Tela de LCD de 8 pol. tátil no painel central |
SEGURANÇA |
Abertura e fechamento global de portas, vidros e teto solar |
Abertura elétrica da portinhola do bocal de abastecimento de combustível |
Acendimento automático do pisca-alerta após frenagem de emergência |
Alarme antifurto volumétrico |
Alerta de manutenção programada por tempo e/ou quilometragem |
Assistente de frenagem de emergência |
Assistente de partida em rampas |
Aviso de cintos dianteiros não atados |
Bolsa infláveis frontais (obrigatórias), laterais, de cortina e de joelhos para o motorista (total sete) |
Cintos de segurança dianteiros com ajuste de altura de ancoragem |
Cintos de segurança traseiros de três pontos para todos os ocupantes |
Controle de estabilidade anticapotagem |
Controle de estabilidade e tração AdvanceTrac |
Engates Isofix para dois bancos infantis com fixação superior |
Faróis de neblina |
Faróis de xenônio com máscara negra |
Freios ABS (obrigatório) e distribuição eletrônica das forças de frenagem |
Imobilizador de motor (sistema PATS da Ford) |
Luz de acompanhamento do deixar veículo (pelo faróis) |
Monitoramento da pressão dos pneus |
My Key (chave programável com funções de segurança) |
Repetidoras de setas nos espelhos |
Retrovisores externos asféricos (com dois raios de curvatura) |
Retrovisores externos com ajuste elétrico |
Sensor de estacionamento traseiro |
Trava elétrica nas portas |
Trava para crianças nas portas traseiras |
Travamento automático das portas ao atingir 15 km/h |
Travamento dos vidros traseiros pelo motorista |
INTERIOR |
Acionamento elétrico dos vidros um-toque para abrir e fechar |
Ajusta lombar do banco do motorista |
Ajuste de altura do banco do motorista |
Ajuste de altura e distância do volante de direção |
Apoios de cabeça dianteiros e traseiros com regulagem de altura |
Aquecedor |
Ar-condicionado automático e digital |
Aviso da faróis ligados |
Aviso de portas entreabertas |
Bancos revestidos em couro preto Ebony |
Bolsa porta-revistas no dorso do banco do passageiro |
Console central com porta-objetos |
Console de teto com porta-óculos |
Descansa-braço integrado ao console central |
Desembaçador do vidro traseiro |
Encosto do banco traseiro bipartido e rebatível |
Ganchos para sacolas no porta-malas |
Iluminação no porta-luvas e porta-malas |
Luz de cortesia |
Luz de leitura |
Pára-sóis com espelho |
Porta-malas com fechadura elétrica |
Sobretapetes de borracha |
Tomada 12 V |
Volante de direção revestido em couro |
EXTERIOR |
Aplique preto nas colunas das portas |
Capa do estepe rígida |
Carcaça dos retrovisores externos em cinza (cinza Dark London) |
Estrado (rack) de teto com barras transversais |
Faróis com acabamento cromado e escurecido internamente |
Ganchos para reboque dianteiro e traseiro |
Grade do radiador personalizada Storm (carbon black) |
Kit Storm (aplique frontal/traseiro e adesivos frontais e laterais |
Lanternas traseiras fumês |
Limpador e lavador do vidro traseiro |
Luzes de rodagem diurna (DRL) em LED |
Maçanetas externas em cinza (cinza Dark London) |
Moldura do farol de neblina em preto |
Para-choques na cor do veículo |
Teto solar elétrico |