A Honda lançou ontem em São Paulo o novo CR-V, de quinta geração. O suve surgiu no Salão de Detroit de 2017, ano em que completou 20 anos de existência. Antes produzido no México, agora é fabricado nos Estados Unidos, em Anna, estado de Ohio, de onde chega com o nome CR-V Touring para estar nas concessionárias já em abril ao preço público sugerido de R$ 179.900. Não há opcionais. A Honda do Brasil planeja vender 500 unidades por ano. A arquitetura básica é do Accord e do Civic de 10ª geração.
O nome Touring indica mesma motorização básica de 1.498 cm³ turbo do Civic homônimo, porém com mais potência e torque, que passou de 173 cv a 5.500 rpm para 190 cv 5.600 rpm, e de 22,4 m·kgf de 1.700 a 5.500 rpm para 24,5 m·kgf de 2.000 a 5.000 rpm. É a primeira vez que o modelo é propulsionado por motor com turbocompressor. O combustível continua apenas gasolina.
O câmbio também é automático CVT, com conversor de torque. Os extremos de relações são os mesmos do Civic, porém o diferencial é mais curto, 5,64:1 ante 4,81:1, ditado pelo maior peso (1.607 kg contra 1.327 kg) e pela maior resistência aerodinâmica do suve em relação ao sedã.
A tração é nas quatro rodas sob demanda com as dianteiras predominantes. O acoplamento às rodas traseiras é por meio de uma embreagem multidisco em banho de óleo com atuação elétrica e esta permite jogar para as rodas traseiras, quando necessário e automaticamente, até 40% do torque total. No mostrador central do quadro de instrumentos um diagrama mostra em tempo real a força nas rodas dianteiras e nas traseiras.
O câmbio, de origem Mitsubishi, é um CVT ortodoxo no sentido de não ser tão “automático epicíclico virtual” quanto os vistos na concorrência compatriota: há o descompasso marcante entre rotação e velocidade ao menor movimento do pedal do acelerador. As posições são P-R-N-D-S. As borboletas são o recurso para primariamente se obter freio-motor nas descidas de serra e, secundariamente, para “brincar” de trocar marchas. Estas, logicamente virtuais, certamente são as mesmas 7 do sedã (esse dado não foi informado). As trocas ascendentes, em aceleração máxima, ocorrem sempre a 6.000 rpm. Em “S”, parte da gama de relações mais longas é desativada para maior vivacidade nas retomadas.
A grade do radiador fecha-se automaticamente para reduzir a resistência aerodinâmica quando as condições de funcionamento do motor o permitem, inclusive no tráfego urbano. Os faróis principais, de neblina e luz de rodagem diurna (DRL), são a LED.
A porta de carga tem acionamento motorizado por acionadores eletromecânicos tipo rosca sem-fim e a abertura pode ser comandada tanto por movimento lateral de um pé sob o para-choque, quanto por comando na chave, interruptor na porta ou acima da placa traseira. A abertura máxima pode ser configurada para adequação em locais de teto baixo e a segurança do fechamento é dupla: tanto pelo habitual encontro de objeto, como uma pessoa, quanto para evitar lesões nos dedos ou mão caso se os deixe no caminho da porta, na fresta de fechamento. O controle é pela fina borracha de vedação, na realidade um sensor de pressão. Eu mesmo servi de “cobaia” para comprovar a eficácia do sistema — dizer que sem receio estaria mentindo:
Como normalmente acontece, o novo CR-V cresceu em relação ao anterior. São mais 30,5 mm no comprimento (4.591 mm), 40,6 mm no entre-eixos (2.660 mm), 35,6 mm na largura (1.855 mm sem espelhos) e 12,7 mm na altura (1.667 mm). O espaço interno aumentou, especialmente para os ocupantes do banco traseiro, mas o porta-malas perdeu 68 litros, embora ainda mostre bons 522 litros.
O painel de instrumentos digital do CR-V fornece informações sobre o veículo através da interface com o motorista no centro do painel. Controles posicionados do lado esquerdo do volante permitem ao motorista percorrer o mostrador da interface através de múltiplas telas de informação. O sistema de alerta de manutenção avisa o motorista sobre tal necessidade e caso ocorra um problema no veículo, informações específicas são exibidas.
O mostrador avisa também quando trocar o óleo, elemento do filtro de ar, fluido da transmissão, velas ou líquido de arrefecimento, assim como quando fazer o rodízio dos pneus.
Informações fundamentais de condução, como velocidade, rotação e modo do câmbio em uso, bem como alertas, podem ser visualizados na projeção de informações em cores num visor transparente (head-up display) que se eleva no momento da partida, ajustável em altura do condutor ou mesmo desativado, se desejado.
O CR-V traz também, de série, o que há de mais recente em conectividade veicular e desempenho acústico. O sistema Display Audio do CR-V é compatível com as plataformas Apple CarPlay e Android Auto, para integração contínua dos principais itens e funções dos telefones móveis, incluindo a navegação por GPS através dos smartphones e capacidade de consultas através da voz. O sistema conta ainda com GPS nativo, com busca de pontos de interesse e fácil operação.
Pela tela tátil de alta resolução é possível acessar as funções do sistema de áudio, bem como ajustes do veículo e do sistema de climatização. A qualidade de áudio é assegurada pela adoção de oito alto-falantes e quatro tweeters distribuídos pelo interior do suve.
Há comodidades o freio de estacionamento e o de parada, elétricos, o travamento automático de portas e tampas ao se afastar do veículo, e pôr o motor em funcionamento remotamente, por botão na chave, com o quê a climatização liga e provê temperatura interna de 22 ºC. O motor funciona por 10 minutos, podendo esse tempo ser estendido.
Com os encostos do banco traseiro divididos 60:40 rebatidos têm-se o assoalho totalmente plano até os bancos dianteiros. O estepe, oculto por sua tampa, é 100% operacional em roda igual às demais e mesma medida de pneu.
Andando com o CR-V
A Honda proporcionou um teste da capital paulista até Morungaba (SP) e dali mais cerca de 20 quilômetros até o local da parada para almoço. Indiscutivelmente é um suve atual com todas as boas característica presente nos automóveis de hoje, como comportamento dinâmico muito melhor que o esperado, especialmente no trecho de serra sinuosa do percurso.
Tudo parece bem casado, das suspensões dianteira McPherson e traseira multibraço aos pneus 235/60R18H (Hankook KinergyGT). Não foi informada a relação de direção, que é eletroassistida, mas são apenas 2,3 voltas entre batentes, denotando relação baixa. O diâmetro mínimo de curva aparenta ser menor que os 12 metros divulgados.
Cuidados no isolamento entre rodas e carroceria incluem coxins de elastômero de baixa densidade — que a Honda descreveu como “flutuantes” — entre os subchassis e o monobloco, mais as buchas hidráulicas das suspensões, produziram o efeito desejado, um alto conforto de rodagem. O silêncio a bordo é um destaque do novo suve Honda.
Saindo do asfalto e pegando uma estrada de terra até o local do almoço deu para sentir tanto o bom isolamento quanto a eficácia da tração nas quatro rodas sob demanda: ao acelerar forte nas subidas de piso com pouco atrito logo se percebe “uma mão” ajudando a movimentar o veículo, o que se pode testemunhar pelo mencionado diagrama no painel, as rodas traseiras produzindo força de tração.
O câmbio CVT apenas cumpre sua função, sem poder ser considerado um expoente. Ao menor toque no acelerador ocorre redução pelas polias antagônicas, elevando a rotação do motor. A v/1000 mais alta é 59,2 km/h, para 2.030 rpm a 120 km/h verdadeiros. A invasão sonora do motor é que poderia ser um pouco menor.
A Honda é conhecida por omitir dados de aerodinâmica, desempenho e consumo (fico imaginando o que Soichiro Honda acharia disso se ainda estivesse entre nós). Com a boa relação peso-potência de 8,45 kg/cv o desempenho para o tipo de veículo mais do que satisfaz, podendo-se esperar aceleração 0-100 km/h em 9 segundos baixos. A velocidade máxima certamente não ultrapassa 210 km/h, limitada forçosamente pelos pneus de classificação de velocidade H.
No percurso em autoestrada o computador de bordo mostrou consumo médio de 11~11,5 km/l com consistência, quatro adultos a bordo e — claro — ar-condicionado ligado.
Nos EUA, informado no site da Honda, o consumo é 11,5 km/l na cidade e 14 km/l na estrada, e o ciclo de teste de consumo da Agência de Proteção Ambiental (EPA) é praticamente ao do Inmetro/PBVE. Com a diferença que lá a gasolina não contém álcool.
O CR-V, suve mais vendido nos EUA nos últimos 20 anos com cerca de 4 milhões de unidades vendidas lá e mais de 90.000 no Brasil, tem tudo para atender aos anseios de quem elegeu esse formato de automóvel como ideal e num ponto que reputo essencial em qualquer veículo de quatro rodas: o para-brisa dotado de faixa degradê. Nisso a Honda (e a Fiat e a Porsche) têm o meu aplauso.
Veja em seguida à ficha técnica a lista de equipamentos.
BS
(Atualizado em 28/3/18 às 11h00 com informação de consumo nos EUA no texto)
FICHA TÉCNICA HONDA CR-V TOURING 2018 | |
MOTOR | Quatro cilindros em linha, bloco e cabeçote de alumínio, transversal, 16 válvulas, duplo comando no cabeçote acionado por corrente, variador de fase na admissão e escapamento, turbocompressor Mitsubishi com válvula de alívio elétrica e interresfriador, gasolina |
Cilindrada (cm³) | 1.498 |
Diâmetro e curso (mm) | 73 x 89,5 |
Taxa de compressão (:1) | 10,3:1 |
Potência máxima (cv/rpm) | 190/5.600 |
Torque máximo (m·kgf/rpm) | 24,5/2.000~5.000 |
Formação de mistura | Injeção direta |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Quatro, sob demanda, dianteiras predominantes |
Ligação motor-câmbio | Conversor de torque |
Câmbio | Transeixo dianteiro automático CVT |
Relações de transmissão (:1) | 2,645 a 0,405; ré 1,858 a 1,264 |
Espectro das relações (:1) | 6,53 |
Relação de diferencial (:1) | 5,64 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço inferior triangular com buchas hidráulicas, mola helicoidal, amortecedores pressurizados e barra estabilizadora tubular |
Traseira | Independente, multibraço com buchas hidráulicas, mola helicoidal, amortecedor hidráulico e barra estabilizadora maciça |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida com pinhão duplo, relação variável e indexada à velocidade |
Voltas entre batentes | 2,3 |
Diâmetro do aro do volante (mm) | 370 |
Diâmetro mínimo de giro (m) | 12 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/312 |
Traseiros (Ø mm) | Disco/310 |
Controle | ABS (obrigatório), EBD e assistência à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas (pol.) | Alumínio, 7,5Jx18, inclusive estepe |
Pneus | 235/60R18H (Hankook Kinergy GT), inclusive estepe |
CARROCERIA | Monobloco em aço, suve, subchassi dianteiro e traseiro, quatro portas, cinco lugares |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 522/1.084 com encostos rebatidos |
Tanque de combustível | 57 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.607 |
Capacidade de carga | 523 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.591 |
Largura sem espelhos | 1.855 |
Altura | 1.667 |
Distância entre eixos | 2.660 |
Bitola dianteira/traseira | 1.598/1.613 |
Distância mínima do solo | 208 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
V/1000 c/ rel. mais longa (km/h) | 59,2 |
Rotação a 120 km/h, idem (rpm) | 2.030 |
MANUTENÇÃO | |
Troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/1 ano |
Revisões (km/tempo) | 10.000/1 ano |
GARANTIA | |
Termo (tempo/anos) | Três anos |
EQUIPAMENTOS HONDA CR-V TOURING 2018 |
Altura máxima de abertura da porta de carga programável |
Ajuste de altura e distância do volante |
Alças de teto (4) |
Anéis para amarração da carga no assoalho do compartimento (4) |
Bancos dianteiros com acionamento elétrico e duas memórias e ajuste lombar elétrico para o do motorista |
Borboletas para troca de marchas (virtuais) atrás do volante |
Controlador automático de velocidade |
Controle de estabilidade e tração desligável |
Engates Isofix para dois bancos infantis |
Espelho de vigilância para o banco traseiro |
Faixa degradê no para-brisa |
Faróis de LED com luz de rodagem diurna (DRL) |
Faróis de neblina |
Freio de estacionamento elétrico |
Freio de imobilização automático |
Grade do radiador de fechamento ativo automático |
Lanternas traseira de LED |
Monitor da faixa à direita do veículo |
Monitor de atenção do condutor |
Monitoramento da pressão dos pneus por diferença de rotação |
Partida remota do motor conjugada com acionamento da climatização e desembaçamento de vidros e espelhos |
Porta de carga de acionamento elétrico com comando pela chave, por interruptor na porta do motorista, por interruptor acima da placa traseira ou por movimento do pé e para fechar por interruptor na própria porta |
Porta-óculos |
Projetor de dados no para-brisa (head-up display) por visor transparente escamoteável |
Proteção antiesmagamento dupla na porta de carga por objeto no caminho e ao fechar ao encontrar uma mão entre a porta e uma coluna traseira |
Rebatimento dos encostos da segunda fileira de bancos |
Repetidoras de setas nos espelhos |
Sistema Display Audio compatível com plataformas Apple CarPlay e Android Auto para utilização plena de smartphones, inclusive navegação, mais GPS nativo. A tela tátil permite ajustes do veículo e do sistema de climatização bizona com saída para o banco traseiro. |
Teto solar inclinante/corrediço elétrico |
Travamento automático de portas ao se afastar do veículo |
Porta-revistas no dorso dos encostos dos bancos dianteiros |
Tomada de 2,5 ampères no console central (2) e no difusor de ar para o banco traseiro (2) |
Alto-falantes (8, 180 W) e tweeters (4) |