Estacionei a Hilux em casa — uma casa de autoentusiasta amante de esportivos — sem as credenciais básicas para de imediato conquistar quem iria dirigi-la por uma semana. Picape alta e pesada, suspensão um tanto dura, eixo rígido na traseira, motor de pouco giro, pneus mais próprios para terra, e câmbio automático. Nada esportiva, portanto. Como se vê, estava meio deslocada, tal como chega um tímido palmeirense a uma reunião da Gaviões da Fiel.
Mas não é que ela acabou me conquistando? Sua honestidade de propósitos me fez gostar dela, a ponto de, chegada a hora de devolvê-la, sentir que deixaria saudades.
Ela não é muito larga, quando comparada com a maioria de suas concorrentes. Não é exagerada em tamanho, o que facilita dirigi-la numa cidade como São Paulo, onde carros se espremem e se fundem na barafunda de nossas ruas e pseudoavenidas. Por aqui, veículos muito largos se tornam chatos de dirigir, ainda mais tendo motos nos tirando velozes e inimagináveis finas.
A posição de dirigir é boa. O banco, com regulagem elétrica, tem bom formato e espuma, e o volante, com regulagem de altura e distância, são componentes que dão conforto ao dirigir. A direção de assistência hidráulica não tem exageros quanto à leveza e velocidade de reação. Sua relação é quase lenta, tal como deve ser a de picapes assim. Muito rápida, para esse tipo de veículo, não é bom. Ao dobrar esquinas, manobra que também é facilitada pela boa visibilidade da picape, as rodas voltam a se alinhar natural e rapidamente.
O câmbio de 6 marchas está muito bem programado. Tão bem está que acabamos por nos esquecer dele, já que não nos provoca desejos de que ele faça isso ou aquilo. A gente vê que ele vai fazendo tudo certo e se esquece dele, tal como acontece quando sentamos ao lado de quem dirige bem; deixamos de atentar para o que ele faz.
Há três modos de programação para o conjunto motor-câmbio, Eco, Normal e Hipower. Os nomes já os designam, porém entre eles pouca diferença se faz notar, realmente pouca. É deixar no Normal e boa. Há o modo Manual, acessado ao se trazer a alavanca para a esquerda, e há uma particularidade nesse modo, diferente de todos os outros que já dirigi. Este só limita a marcha mais alta.
Então, por exemplo, estando a 120 km/h na estrada e cruzando em Drive, deslocamos a alavanca para a esquerda e com dois toques para trás baixamos de 6ª e última marcha para a 4ª marcha. Ele reduz para a 4ª marcha fazendo corretas acelerações interinas e assim evitando trancos. Ótimo. Aí você acelera tudo, o giro atinge 5.500 rpm, vem o corte sujo e ele não passa para a 5ª. Tudo bem.
Aí, mantendo a 4ª marcha, você reduz a velocidade para, por exemplo, 70 km/h, e basta um leve toque no acelerador para que de imediato venha a 3ª ou mesmo 2ª marcha. Ele não mantém a 4ª e trata de acelerar sem reduzir, como normalmente os modos manuais fazem; ele reduz tal como reduziria estando em Drive. Em resumo, é uma espécie de Drive limitado à marcha comandada pelo modo Manual. É o sistema adotado e tem sua lógica, acredito que por motivos de segurança, para que o motorista tenha sempre resposta pronta de aceleração.
No modelo anterior que testei o câmbio automático tinha quatro marchas e este tem seis. O anterior estava bem programado e as marchas estavam bem escalonadas, portanto, estava plenamente satisfatório, porém duas a mais só ajudam, principalmente quando o câmbio é automático.
O motor de 2,7 litros, flex, gira macio e sempre oferece boa pegada. O torque de 25 m·kgf a 3.800 rpm não varia com o combustível usado. Já a potência, sim: 159/163 cv a 5.000 rpm. Tem duplo comando, sendo o de admissão de fase variável, então produz elevada potência em rotações bem baixas. É assim que o sentimos, um motor direcionado a ter boa pegada em baixa. A taxa de compressão é de 12:1.
O modelo anterior tinha resposta excessiva ao início de curso do pedal do acelerador. Este, não. Corrigiram. Sua saída agora é naturalmente suave. A suspensão me pareceu mais macia que a do modelo anterior. Algo ali foi feito, com certeza.
Segundo o Inmetro o consumo é 6,9/4,8 km/l na cidade e 8,1/5,6 km/l na estrada. Obtive resultados semelhantes. O tanque de 80 litros lhe dá boa autonomia, desde que com gasolina.
A tração de uso normal é traseira. Um botão giratório no painel dá mais duas opções: T4 e L4. Mudar de T2 para T4 é aceito até a 100 km/h. Para L4 é necessário parar e engatar o Neutro. Para voltar de L4 à T4, idem. No painel há uma tecla que bloqueia o diferencial traseiro. Isso só deve ser usado para desencalhe sério, e o sistema só o mantém travado até a velocidade de 8 km/h. Acima disso ele o destrava. Quem irá usá-la em terrenos acidentados vale levar a 4×4, mais cara que a 4×2, mas necessária, pois estas caminhonetes não são um espetáculo em termos de tração quando só em 4×2.
Os preços:
– SR 4×2 MAN – R$ 109.540
– SR 4×2 AUT – R$ 115.580
– SRV 4×2 AUT – R$ 125.010
– Esta, a SRV 4×4 AUT – R$ 135.770 + cor vermelha (R$ 1.650) = R$ 137.420
– Diesel, todas são automáticas e preços vão de R$ 164.450 a R$ 195.890
A Hilux oferece conforto e praticidade. Viaja silenciosa e estável, retoma velocidade rápido, ultrapassa com segurança, tem beleza discreta e é extremamente robusta. Não é um esportivo de fazer curvas com cantoria de pneus, mas há como não gostar dela. Ela é útil e agradável.
AK
Atualização: vídeo incluído em 17 de junho às 19h30.
FICHA TÉCNICA TOYOTA HILUX CABINE DUPLA FLEX SRV 4×2 | |
MOTOR | |
Designação | Toyota VVT-i Flex 2.7L 16V DOHC |
Descrição | 4-cil em linha, bloco de ferro fundido, cabeçote de alumínio |
Cilindrada (cm³) | 2.694 |
Diâmetro e curso (mm) | 95 x 95 |
Taxa de compressão | 12:1 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 159/163/5.000 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 25/3.800 |
Formação de mistura | Injeção no duto |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático epicíclico de 6 marchas + ré |
Relações das marchas (:1) | n.d. |
Rodas motrizes | Traseiras, diferencial de deslizamento limitado |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, braços duplos triangulares, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo rígido, mola semielíptica de duplo estágio e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica |
FREIOS | |
Dianteiros | Disco ventilado |
Traseiros | Tambor |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e válvula proporcionadora sensível à carga |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio, 7J x 16 |
Pneus | 265/70R16 |
CAPACIDADES (L) | |
Tanque de combustível | 80 |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.730 |
Carga útil | 730 |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 5.260 |
Largura sem espelhos | 1.835 |
Altura | 1.860 |
Distância entre eixos | 3.085 |
Comprimento da caçamba | 1.520 |
Largura da caçamba | 1.515 |
Distância mínima do solo | 222 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 12,2 |
Ângulo de ataque | 30° |
Ângulo de saída | 23° |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (Inmetro) | |
Cidade (km/l, G/A) | 6,9/4,8 |
Estrada (km/l, G/A) | 8,1/5,6 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 6ª (km/h) | 52 (aprox.) |
Rotação a 120 km/h (rpm) | 2.300 |
EQUIPAMENTOS TOYOTA HILUX FLEX SRV 4×4 |
Acionamento elétrico dos vidros, motorista 1-toque com antiesmagamento |
Ajuste de altura de ancoragem dos cintos dianteiros |
Ajuste de altura e distância do volante de direção |
Ajuste elétrico dos retrovisores externos |
Alarme com acionamento a distância |
Alças de segurança (5) |
Alerta de faróis ligados e chave no interruptor de ignição e partida |
Apoio de cabeça dianteiros com apoios de cabeça reguláveis em altura |
Apoios de cabeça traseiros (2) com regulagem de altura |
Ar-condicionado integrado frio e quente |
Banco do motorista com ajuste de altura |
Banco traseiro com assento rebatível |
Bancos dianteiros individuais |
Bluetooth com microfone no teto |
Caçamba com 4 ganchos internos |
Cinto de segurança traseiro central subadominal somente |
Cintos de segurança laterais traseiros de três pontos |
Comando interno da portinhola do bocal de reabastecimento |
Console entre os bancos dianteiros com porta-copos e porta-objetos |
Conta-giros |
Desembaçador do vidro traseiro |
Faróis de neblina |
Ganchos dianteiros (2) |
Grade do radiador com detalhe cromado |
Hodômetro parcial |
Imobilizador de motor |
Jogo de tapetes |
Limpador de para-brisa com temporizador |
Luzes de leitura individuais dianteiras |
Maçanetas no cor do veículo |
Moldura pintada nos para-lamas |
Para-barro dianteiro e traseiro |
Para-choque traseiro cromado reto |
Para-choque dianteiro na cor do veículo |
Para-sol do motorista com porta-documentos |
Para-sol do passageiro dianteiro com espelho |
Porta-copos no painel (2) |
Porta-luvas com chave |
Porta-objetos com porta-garrafas nas portas |
Porta-objetos sob o banco traseiro |
Porta-óculos no teto |
Protetor de caçamba |
Quatro alto-falantes e antena de teto |
Rádio com toca-CD/MP3/USB/Aux, compatível com iPod e iPhone |
Relógio digital |
Revestimento do teto de tecido |
Revestimento dos bancos em tecido e vinil |
Tampa traseira com chave |
Tomada 12 V no painel |
Trava para crianças nas portas traseiras |
Travas elétricas com acionamento a distância |
Vidros esverdeados; pára-brisa com faixa degradê |
Volante de direção com comandos de áudio |