Uma dezena de regrinhas para incomodar quem se julga um bom motorista mas, na hora “agá” faz tudo errado…
1 – Não leve o carro para o recall, pois “sou cuidadoso e não vai acontecer acidente nenhum comigo”. Na semana passada, um policial dirigia um Honda Civic 2007 em Vitoria da Conquista (BA) e bateu no carro da frente. Os airbags se abriram e ele foi levado para o hospital ferido no peito. Os médicos suspeitaram de ele ter levado um tiro até que se identificou a causa: um dos estilhaços que saíram voando a 300 km por hora do disparador do airbag (foto de abertura, ilustrativa). Fabricados pela Takata, já mataram 23 e feriram centenas. Tem um recall para cerca de 100 milhões de carros no mundo, que levou a fábrica à falência. Mas, no Brasil, apenas 16% dos automóveis foram submetidos ao reparo gratuito. O Civic não tinha sido levado ao recall…
2 – Reclame do trânsito horrível: “não dá mais para dirigir nesta cidade!”. Minutos depois, pare o carro em fila tripla ao levar ou buscar o filho na escola, pois não dá para encostar 50 metros à frente. E, na esquina seguinte, não hesite em “fechar o cruzamento”.
3 – “Olha que gracinha; tão novinho e já quase dirigindo…” e põe o filho no colo ‘”só para dar uma voltinha, devagarinho, sem perigo”. Nenhum problema também em colocar uma ou mais crianças no porta-malas do hatch, perua ou utilitário esportivo: “elas adoram grudar o nariz no vidro traseiro”.
4 – Encoste para abastecer e peça ao frentista para encher até a boca pois, “quanto mais couber, mais rodo sem precisar abastecer”. Reclama depois que o cânister (filtro dos gases emitidos pelo tanque) entupiu e o motor não para de falhar. E das manchas na pintura abaixo da portinhola do abastecimento.
5 – Não dê a menor pelota para equipamentos de segurança. Pague alto num carro desprovido de controle eletrônico de estabilidade (ESC), de tração (TC) ou airbags laterais pois nem imagina qual é sua finalidade. Ou imagina mas “só servem para quem anda feito um louco por aí…”.
6 – Use “banguela” nas descidas, mesmo nas mais íngremes , sinuosas e longas de uma rodovia. Acha (mas está enganado) que economiza combustível, mas, na verdade, provoca um desnecessário desgaste do freio e corre risco do fading, fenômeno que deixa o carro sem freio por excesso de aquecimento do sistema.
7 – Não acredite nas recomendações sobre durabilidade do pneu. De que só conserva suas características durante cinco a seis anos: “Conversa fiada da fábrica para aumentar as vendas!…”. E que corre risco de estourar depois de dez anos de fabricação. Coloque o estepe para rodar apesar da validade expirada. Mas não se queixe se ele estourar assim que entrar na estrada…
8 – Os perigosos “quebra-matos” defronte aos para-choques dianteiros sumiram do mercado. Mas é possível instalar o engate-bola na traseira, que ainda não desapareceu. Acredite na conversa para boi dormir do vendedor de acessórios: ele jura que o equipamento protege o carro. Mas, a rigor, ele danifica o carro estacionado atrás, quebra a canela do pedestre e deforma seu próprio chassis quando impactado na traseira…
9 – Acredite nas falsas dicas que correm por aí: não se esqueça de “amaciar” o carro novo por 5.000 km, esquentar o motor de manhã, calibrar acima para reduzir consumo (ou abaixo para aumentar o conforto…), instalar economizadores, adicionar querosene no tanque, aplicar Insulfilm bem escuro…
10 – Não perca tempo em observar se as luzes alerta do painel se acendem ao ligar o carro. Se tiver alguma queimada ou com mau contato, fica tudo por isso mesmo no caso de uma pane. Quando se acende a luz da injeção alertando para um problema na central eletrônica, pode continuar rodando se não tiver “percebido” nada errado. (Mas não se assuste com o consumo elevado e baixa performance pois o motor está em regime de emergência…)
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.