Tarde de sol, porta-malas cheio, três a bordo e… Vamos à la playa! No rádio nada de hits latinos, sertanejo ou música gospel, mas sim notícias, as da atualidade, cheias de margens de erro isso, margens de erro aquilo. E eu pensando no Yaris, ou melhor, em qual terá sido a margem de erro da Toyota lembrando do lançamento anterior, o Etios. Daquela vez ela errou um pouco, achou que ia vender mais do que realmente vendeu (e vende). Quem me dera acontecesse isso também nas eleições…
Com o Yaris a questão vendas, acho, será — está sendo! — diferente. Mais ajeitado, mais do jeito que o brasileiro gosta: ele é caprichado! E falando em gostar, no congestionamento da via expressa, mais conhecida como marginal, mato o tempo tentando me entender com o sistema multimídia, não muito complexo, mas eu sempre sofro com esse aparato, confesso.
Ainda entalado no trânsito do fim da sexta-feira, meu foco vai para o computador de bordo, cheio de opções, e que tem uma característica que me agrada: sempre que o carro é ligado ele começa uma análise específica sem que seja necessária nenhuma intervenção. Registra consumo e velocidade média, tempo da viagem, distância do percurso, sem cancelar outras análises em curso no trip A e trip B. Fora isso, tem outras tantas opções como oferecer a possibilidade de inserir o preço do combustível que está sendo usado e “gracinhas”(mostrar um pódio com tacinhas e as melhores marcas de consumo…). Útil, muito, é poder optar por um velocímetro digital, amigão nestes dias de radar-pegadinha.
O congestionamento passa – uma hora nele! – e chegando na rodovia cravo os 120 km/h de lei. Conversamos no carro, um dos assuntos é o conforto, inclusive o silêncio a bordo pois o Yaris é muito quietinho, mesmo. Com conta-giros variando entre 2 e 3 mil rpm a sensação dentro dele é agradável, inclusive pela luz que entra pelo teto solar. O som é bom, saiu a notícia, entrou música.
Bob e Juvenal, que andaram de Yaris antes de mim, comentaram sobre a direção carente do “center feeling” (que tanto me incomodou no Kicks de 30 Dias). Neste Toyota o fenômeno existe, mas menor, mínimo no meu modo de ver. Mais chato é não haver a seta “pisca-3” que exige apenas um toquinho, ideal para mudança de faixa. E falando em chateações lembrei de quando coloquei a bagagem no porta-malas e o “carpete-lenço” engruvinhou todo sobre a lisa placa de Duratex que cobre o estepe aro 14. É uma economia sem sentido oferecer um carro em versão topo de linha com um revestimento tão econômico, inadequado, assim como com um pneu sobressalente que nem contribui para mais espaço no porta-malas e nem pode ser usado definitivamente caso um dos quatro pneus sofra um dano.
Pouco positivo é também haver uma única porta USB e ainda por cima posicionada sob a tampa do apoio de cotovelo, que é curto e não apoia cotovelo de maneira correta. O posicionamento desta porta USB faz com que o cabo do telefone fique muito esticado caso usado no painel como assistente de navegação através de aplicativos como Waze & seus amigos. Ah, por um momento — um único só momento! — consegui emparelhar o aplicativo Waze com a central multimídia e em vez de o “ler” na telinha, o li na telona. “Cool”. Só que tive problemas: uma vez emparelhado qualquer ação que pretendi fazer implicou ler uma mensagem tipo “pare o carro para fazer isso”. Aí parei, e a mensagem continuou. Aí desliguei a ignição, o Waze sumiu e, quando liguei de novo o carro o Waze não voltou automaticamente. E nunca mais consegui emparelhar o aplicativo novamente.
Confessei, linhas acima, que centrais multimídia e seus múltiplos recursos não fazem parte da minha lista de prioridades quando avalio um carro. Sei ser esta uma deficiência minha mas… vou me empenhar para melhorar! Esse lance de ter o Waze espelhado na tela seria sensacional e espero que minha dificuldade seja à atribuir ou à minha confessa incompetência, ou a problemas no aparato (ou meu fone ou o sistema da Toyota) ou a mistérios do sistema iOS. Detalhe: com outro aplicativo, o Spotfy, uma vez feito o pareamento, sempre funcionou, assim como o sistema viva-voz.
Deixo aplicativos de lado e me aplico na descida da serra. Constato, entre o triste e o conformado, que o Yaris não me instiga a atacar as curvas. Lembro do Josias Silveira que quando quer definir algo sem sal, sem graça, costuma dizer que é “como dançar com a irmã.” Mesmo sendo filho único consigo captar o conceito, e o Yaris é mesmo assim, sem sal, sem pimenta e todo o resto dos temperos. Percorre a trajetória bonitinho mas não pede para ser abusado. Acelera morninho, é maciozinho, e assim deixo para a volta, na subida da serra, eventuais os assanhamentos.
Já de noite atesto a qualidade da iluminação e festejo haver o botãozinho de regulagem de regulagem de altura do facho dos faróis mas, antes disso, é impossível deixar de citar a briga que tive com outra regulagem de iluminação, a do painel, que depois de muito pelejar descobri fazer parte dos ajustes que estão embutidos no menu de “configurações” contido no visor do computador de bordo, encravado no painel. E pior: tal ação só é possível de ser feita com o carro parado. E lá fui eu, por razoável distância, sem ler o painel.
Ajustar a intensidade dos instrumentos assim é algo que me suscita dúvida: me parece menos prático do que operar que o clássico botão, exige desviar a atenção da pista para achar o que se quer e depois parar para atuar na regulagem. No sistema clássico é apenas necessário tirar a mão do volante para operar o que, para mim, é melhor. Assim, o fato do Yaris não ter as DLR nem como opcional me fez rodar bastante tempo sem enxergar bem o painel por estar a regulagem das luzes em intensidade fraca demais para a luminosidade do momento. Finalizo o discurso “luzes” considerando que a tela central bem que poderia ter a intensidade da iluminação associada à do painel, mas não está: uma é uma, outra é outra. Complicação.
Nos metros finais da viagem, depois de mais de quatro horas guiando o saldo foi bom. O mais novo Toyota da praça trata bem os ocupantes e no caso do motorista – à parte o volante que fica muito longe ou muito perto – a sensação é de agrado no que pese a necessidade de tomar um cuidado maior do que o usual com as lombadas pois a parte inferior do para-choque raspa com facilidade. Em compensação no trecho off-road, bastante irregular, as suspensões copiam o terreno de maneira soberba, sem passar o desconforto à cabine.
Na chegada ao destino o registro do consumo não foi dos melhores para a viagem de pouco mais de 200 quilômetros, prejudicada pelo para-e-anda no trecho de serra. Média de 11,5 km/l de álcool. Na semana que antecedeu a viagem em uso urbano, a média se assentou em nada animadores 5,8 km/l, sempre de álcool, sempre com ar -condicionado ligado, sempre fazendo trajetos curtos, truncados, íngremes e congestionados.
Para a volta decidi que a gasolina faria a estreia no tanque e, apesar do fator “morro acima”, a não indiferente escalada do nível do mar até os 800 metros do planalto, o registro foi obviamente melhor: média de 14,1 km/l , considerando que o pé pesou bem mais e que em vez de optar pela rodovia dos Tamoios escolhi a Osvaldo Cruz, cuja escalada da Serra do Mar ocorre de maneira mais acentuada.
Aliás, nessa subida usei, pela primeira vez, o recurso da troca de marchas manual alternado o uso das borboletas com a alavanca, e gostei. O câmbio do Yaris quase sempre obedece de maneira imediata ao comando e o “quase sempre” se deve a tentativas que são bloqueadas pela eletrônica em função de rotação julgada inadequada para a operação, tanto para mais quanto para menos.
Nas vezes em que exigi o máximo da potência do motor de 1,5 litro, seja em trecho íngreme ou em uma ultrapassagem, o achei justinho, pois não sobra força. Na verdade a progressão da velocidade evidencia a característica de funcionamento do câmbio CVT que “planta” a rotação lá nas alturas sem que haja uma sensação de que a velocidade esteja realmente subindo. Isso significa que pressa e/ou tocada esportiva não são muito bem absorvidas pelo Yaris, o que é coerente com o conceito de carro feito para quem valoriza conforto de marcha e qualidades que costumeiramente estão associadas aos Toyota de modo geral.
No pós-viagem sequei o tanque quase que literalmente pois queria avaliar as médias em trechos urbanos com gasolina (entre 8 e 10 km/l) e secar o tanque para voltar ao álcool. Havia também outro motivo para o “secar o tanque: nos dois abastecimentos anteriores o indicador de autonomia zerava e, no abastecimento, a bomba acusava apenas 38 litros de um total de 45. Assim, levei o Yaris para passear com a indicação da autonomia avisando que ele iria parar em metros por mais de 60 km e, mesmo assim, entraram apenas 41 litros. Conclusão: o indicador de autonomia é um pessimista convicto — o que no final das contas é bom pois jamais te deixará ficar a pé…
A semana que seguirá tem previsão de cardápio trivial: acrescentar quilômetros urbanos, outra vez com álccol no tanque, e ficar de olho no comportamento em uso intenso em cidade, que é sempre preponderante para a maioria dos motoristas.
RA
Leia o relatório da primeira semana.
Toyota Yaris 1,5 XLS sedã
Dias: 14
Quilometragem total: 998 km
Distância na cidade: 388 km (39%)
Distância na estrada: 610 km (61%)
Consumo médio: 8,3 km/l (57% álcool/43% gasolina)
Melhor média (gasolina): 14,1 km/l (rodovia)/10,0 km/l (cidade)
Melhor média (álcool): 13,4 km/l (rodovia)/8,5 km/l (cidade)
Pior média (gasolina): 7,1 km/l (cidade)
Pior média (etanol): 5,3 km/l (cidade)
Velocidade média: 28 km/h
Tempo ao volante: 35h28min
FICHA TÉCNICA YARIS 1,5 XLS SEDÃ | ||||||||||
MOTORIZAÇÃO | ||||||||||
Motor | 1,5L Dual VVT-I | |||||||||
Designação do motor | 2NR-FBE | |||||||||
Tipo | 4 cilindros em linha, duplo comando de válvulas no cabeçote com variador de fase em ambos, corrente, 4 válvulas por cilindro, atuação indireta por alavancas-dedo roletadas com fulcrum hidráulico para compensação da folga de válvulas, bloco e cabeçote de alumínio; instalação transversal, flex | |||||||||
Diâmetro e curso (mm) | 72,5 x 90,6 | |||||||||
Cilindrada (cm³) | 1.496 | |||||||||
Taxa de compressão (:1) | 13 +/- 0,3 | |||||||||
Potência (cv/rpm, G/A) | 105/110/5.600 | |||||||||
Torque (m·kgf/rpm, G/A) | 14,3/14,9/4.000 | |||||||||
Rotação de corte (rpm) | 5.800 | |||||||||
Formação de mistura | Injeção no duto | |||||||||
TRANSMISSÃO | ||||||||||
Tipo | Transeixo automático CVT Multidrive de 7 marchas virtuais + ré, tração dianteira | |||||||||
Ligação motor-câmbio | conversor de torque | |||||||||
Relações das marchas (:1) | 2,386 a 0,426 | |||||||||
Espectro (:1) | 5,600 | |||||||||
Relação de diferencial (:1) | 5,833 | |||||||||
SUSPENSÃO | ||||||||||
Dianteira | Independente McPherson, mola helicoidal, braço triangular, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora | |||||||||
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora integrada ao eixo | |||||||||
DIREÇÃO | ||||||||||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade | |||||||||
Relação de direção (:1) | 18,6 | |||||||||
Número de voltas entre batentes | 3,8 | |||||||||
Diâmetro mínimo de giro (m) | 9,8 | |||||||||
FREIOS | ||||||||||
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. | |||||||||
Traseiros (Ø mm) | Tambor/n.d | |||||||||
Circuito hidráulico/assistência | Duplo em diagonal/a vácuo | |||||||||
Controle | ABS (obrigatório), EBD e assistência à frenagem | |||||||||
RODAS E PNEUS | ||||||||||
Rodas | Liga de alumínio, 5J x 15 (estepe: aço) | |||||||||
Pneus | 185/60R15H (estepe temporário 175/65R14T, 80 km/h)) | |||||||||
CONSTRUÇÃO | Monobloco em aço, sedã, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | |||||||||
DIMENSÕES (mm) | ||||||||||
Comprimento | 4.425 | |||||||||
Largura sem espelhos | 1.730 | |||||||||
Altura | 1.490 | |||||||||
Distância entre eixos | 2.550 | |||||||||
Bitola dianteira/traseira | 1.470/1.460 | |||||||||
Distância mínima do solo | 150 | |||||||||
PESOS E CAPACIDADES | ||||||||||
Peso em ordem de marcha (kg) | 1150 | |||||||||
Peso bruto total (kg) | 1550 | |||||||||
Carga útil (kg) | 400 | |||||||||
Capacidade máxima de tração (kg) | 1.550 | |||||||||
Porta-malas (L) | 473 | |||||||||
Tanque de combustível (L) | 45 | |||||||||
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | ||||||||||
Cidade (km/l, G/A) | 12/8,3 | |||||||||
Estrada (km/l, G/A) | 14,6/10,1 | |||||||||
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||||||||||
v/1000 em 7ª/CVT | 44,5 | |||||||||
rpm a 120 km/h em 7ª/CVT (km/h) | 2.700 |
EQUIPAMENTOS YARIS 1,5 XLS SEDÃ |
ESTILO |
Acabamento externo preto na coluna central |
Controle de áudio e computador de bordo no volante |
Descansa-braços dianteiros |
Difusores de ar com acabamewnto na cor prata |
Espelhos externos de acionamento elétrico na cor do veículo e repetidoras de setas integradas |
Grade inferior tipo reta |
Maçanetas externas cromadas |
Maçanetas internas cromadas |
Para-choques na cor do veículo |
CONFORTO E COMODIDADE |
Abertura elétrica do porta-malas |
Abertura interna do tanque combustível |
Acelerador elétrico com comando eletrônico |
Ajuste de altura do banco do motorista |
Ajuste de altura do volante de direção |
Ajuste elétrico de altura do facho faróis |
Ar-condicionado automático com filtro antipólen e ar quente |
Bancos parcialmente em couro |
Chave presencial (Smart key) |
Computador de bordo com visão multifunção (tela 4,2″ TFT de alta resolução com 16 funções: hodômetro total e parcial, autonomia, velocidade média, relógio, termômetro ar externo, marcha em uso, nível de combustível, velocímetro digital, Eco/Walllet e luz de condução econômica e ranking de eficiência com histórico de consumo) |
Condução ECO indicada no quadro de instrumentos |
Console central com dois porta-copos iluminados |
Controle de velocidade de cruzeiro |
Descansa-braço traseiro com porta-copos |
Direção eletroassistida indexada à velocidade |
Encosto do banco traseiro dividido 60:40 |
Espelho interno eletrocrômico |
Faróis com acendimento automático e luz de acompanhamento |
Faróis halógenos projetores com máscara negra e linha guia em LED |
Lanternas traseira em LED |
Luzes de leitura dianteiras |
Painel de instrumentos com tecnologia Optitron |
Para-sóis com iluminação |
Partida por botão |
Porta-garrafas nas quatro portas |
Porta-moedas localizadas no painel |
Porta-objetos com tampa no console central |
Porta-revistas no dorso dos bancos dianteiros |
Sensor de chuva |
Smart entry, destravamento de porta sem chave |
Teto solar elétrico |
Tomada 12 V no console central |
Vidros elétricos um-toque subida/descida com antiesmagamento |
SEGURANÇA |
Alarme perimétrico e volumétrico |
Apoios de cabeça (5) com regulagem de altura |
Assistente de partida em aclive |
Aviso de cintos dianteiros não atados |
Aviso sonoro de faróis ligados (carro estacionado, porta-malas aberto com carro em movimento |
Bolsa inflável de joelhos para o motorista |
Bolsas infláveis de cortina |
Bolsas infláveis frontais (obrigatórias) |
Bolsas infláveis laterais |
Câmera de ré |
Cintos dianteiros com ajuste de altura, pré-tensionador e limitador de força |
Cintos de três pontos (5) |
Controle de estabilidade e tração |
Desembaçador do vidro traseiro |
Engates Isofix para dois bancos infantis com fixação superior |
Faróis e luz traseira de neblina |
Imobilizador de motor |
Jogo de tapetes dianteiros em carpete |
Limpador de para-brisa intermitente |
Travamento automático de portas a 20 km/h |
ÁUDIO |
Antena-short pole |
Quatro alto-falantes e dois tweeters |
Sistema de áudio central multimídia com tecnologia Harman, tela tátil de 7″, AM/FM, MP3, tomada USB no console central, Bluetooth e conexão para smartphones e tablets através de espelhamento SDL |