AUDI RS 3 SEDÃ, SATISFAÇÃO GARANTIDA (COM VÍDEO)

Audis hatchbacks e sedãs têm denominações simples, “A” seguido de um número, de A1 a A8, do menor para o maior. Só não tem hoje o A2, produzido entre 1999 e 2005, cuja principal característica era a carroceria de alumínio (nosso editor sueco Hans Jartoft possui um no seu país). Depois dos modelos “A” vêm os “S”, versões mais potentes. Mas quando se vê o emblema “RS-espaço-número”, como RS 3, pode ir se preparando, porque tem cavalaria séria sob o capô.As versões RS são produzidas pela Audi Sport GmbH, subsidiária da Audi AG, localizada em Neckarsulm, perto de Stuttgart.

Os RS se destacam pelo excepcional desempenho global, como esse RS 3, que custa R$ 329.990.  O motor EA855 EVO é um 5-cilindros em linha turbo, transversal, de 2.480 cm³ —  um EA888 de Golf com mais um cilindro, mesmos diâmetro dos cilindros e curso dos pistões — que despeja 400 cv entre 5.800 e 7.000 rpm, com 49,9 m·kgf de 1.700 a 5.850 rpm. É o 5-cilindros em produção mais potente do mundo. Seu som é musical, e quando o modo de condução Dynamic é selecionado, o nível sonoro sobe e empolga ainda mais.

Nas trocas ascendentes, automáticas ou manuais, feitas ao se exigir mais potência, há o charmoso pipocar no escapamento produzido artificialmente por meio de pequena injeção de gasolina nele, de modo a haver uma pequena e controlada pós-combustão. Ao dar partida no motor ocorre o pipocar também. São duas saídas de escapamento, de seção oval, que mostram não haver vergonha da Audi de lançar gases queimados na atmosfera; nada há a esconder, nada mais normal.

Nas reduções, é claro, a aceleração interina automática que casa velocidade com a rotação do motor na marcha a ser engatada, isso até no modo automático.

A gasolina requerida, conforme a etiqueta no lado interno da portinhola do bocal de abastecimento, é de 98 octanas RON, a octanagem da gasolina Super Plus europeia e da nossa gasolina premium (Podium e Octopro Ipiranga têm mais octanas, 102 RON), mas a etiqueta informa também que o mínimo é 95 RON. Portanto, a menos que o proprietário deseje desempenho máximo, pode abastecer com gasolina comum (melhor aditivada) com total segurança. Perder alguma potência quando se dispõe de 400 cv quase não se nota no uso normal .

O câmbio do RS 3 é  DSG, robotizado de dupla embreagem em banho de óleo, 7 marchas, seleção manual sequencial pela alavanca ou pelas borboletas. Junte-se motor, esse câmbio e 1.515 kg, o que significa relação peso-potência de 3,8 kg/cv, mais tração integral, e é fácil prever o resultado: 0 a 100 km/h em 4,1 segundos. É exatamente a mesma aceleração 0-100 km/h do Ferrari F40, que pesa 1.235 kg e tem motor V-8 3-litros biturbo de 478 cv.

O RS 3 sedã Atinge 280 km/h, embora para o nosso mercado  ele venha limitado a 250 km/h.

A v/1000 em 7ª é 51,4 km/h e a 120 km/h o motor está a 2.350 rpm. O consumo Inmetro/PBEV é 7,6 km/l cidade e 9,9 km/l, No habitual percurso de casa (Moema) até à Maison Blanche, na Estrada dos Romeiros, o computador de bordo acusou 10,1 km/l.

Ter todo esse pujante desempenho que depende apenas da vontade e do pé direito é uma experiência que todo autoentusiasta devia vivenciar pelo menos uma vez na vida. No Encontro de 10 Anos no Box 54, dentro do tempo disponível, levei alguns leitores para uma volta, deixando-os impressionados.

Tudo isso não teria graça se não tivesse o resto, uma aderência à pista soberba e uma capacidade de frear excepcional. A altura de rodagem é 25 mm menor que a do A3 sedã normal de mercado europeu, que já é baixa pelos nossos padrões. Pode-se, então, imaginar o que essa diferença significa. Isso, mais o ponto “H” baixo — altura dos quadris motorista ao assoalho — ao se ocupar o banco do motorista o movimento de descida do corpo chama a atenção, tão próximo do solo é o banco.

A surpresa mesmo foi eu não ter tido problema com lombadas e valetas apesar da menor altura de rodagem. Com o modo de condução Comfort o rodar é razoavelmente confortável, mas o modo Dynamic só é compatível com pavimentação decente.

Um dado notável do RS 3 é os pneus dianteiros Pirelli P Zero serem mais largos do que os traseiros, 255/30R19Y e 235/35R19Y, na ordem, denotando o trabalho de acerto do conjunto rodante.As suspensões são independentes McPherson na frente e multibraço atrás, atreladas a subchassis de alumínio. Os quatro discos ventilados são de 370 mm de diâmetro, com pinças de quatro pistões na dianteira, e de 310 mm de diâmetro na traseira, pinças de dois pistões. A bitola dianteira é 20 mm mas larga em relação ao A3.

Agrada e impressiona o comportamento dinâmico do RS 3 sedã. A precisão e a resposta da direção. e a atitude nas curvas de alta (alta mesmo) são de arrancar sorrisos. Ele é plantado no chão, nota-se bem a forte aceleração lateral atuando sobre o corpo. Nas curvas de baixa pode-se começar a acelerar cedo para a saída, não há o menor sinal de roda querendo patinar e alterar a atitude do carro.

Os bancos dianteiros, de ajuste manual, “abraçam” o corpo à perfeição. Atrás, o espaço é bom sem ser um salão, e há saída de climatização nesse espaço além das duas zonas dianteiras. O porta-malas é relativamente pequeno para um sedã, apenas 425 litros, embora haja o recurso de rebater os encostos dos bancos.

O ambiente interno é correto sem ser luxuoso, e a “cabine do piloto” é primorosa, com o grande quadro de instrumentos virtual configurável de 12,3″”e a tela de 7″ do sistema multimídia escamoteável, solução que reputo ideal, dado que em determinadas condições ela incomoda. Um dos destaques do quadro de instrumentos são os mostradores de torque e potência no momento com indicação numa escala circular que representa porcentagem. E, claro, poder colocar o conta-giros no centro, ficando no seu centro um velocímetro digital de leitura muito fácil. E à esquerda, o mapa de navegação.

Há coisas que realmente encantam nos Audi, como haver no quadro de instrumentos a indicação permanente da autonomia restante. É desnecessário procurar. Há os mais diversos auxílios ao motorista comuns aos carros do Grupo VW, como pode ser visto na lista de equipamentos. E há, sim, faixa degradê no para-brisa.

Assista ao vídeo:

Dirigir o RS 3 sedã emociona. Tanto faz devagar ou (bem) rápido. O prazer é igual.

BS

Fotos: Fernando Silva
Captação e edição de vídeo: Márcio Salvo

Mais fotos e a segui, ficha técnica e lista de equipamentos.