A década de 60 foi marcante para a Renault no Brasil. Tivemos no final de 1959, praticamente em 1960, o lançamento do Renault Dauphine, um carro pequeno e econômico para atender os anseios e necessidades das famílias brasileiras. No final de 1961, chegou a família Interlagos, esportivos construídos com uma carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro e plataforma mecânica totalmente baseada no Renault Alpine A108. Depois, em 1962, chegou o Gordini, praticamente uma versão mais potente do Dauphine (32 cv ante 26 cv), um carro familiar para aqueles que ansiavam mais potência. E para saciar melhor estes, dois anos mais tarde veio o Renault 1093, de 42 cv. Essas três versões de Renault tinham motor 4-cilindros de três mancais e 845 cm³. Em paralelo a todos esses lançamentos Renault, a Equipe Willys de Competição, brilhava nas pistas de corrida com o Gordini e o Interlagos.Berlineta Um sucesso de muitas vitórias e conquistas.
Mas o sucesso da Renault nas pistas não parou por aí. Os Interlagos da equipe de fábrica, pintados nas cores verde e amarelo, com a chegada dos importados nas competições precisavam de reforços. Por isso, a Equipe Willys importou no final de 1965, três Renault Alpine A110, modelo que deveria se transformar no novo Willys Interlagos, para ser lançado na segunda metade da década de 60. Dois deles foram parar nas mãos do prestigiado e competente construtor de automóveis e protótipos Toni Bianco, que os modificou para adaptá-los às nossas pistas e competições, os protótipos receberam novas bitolas; melhoras na ventilação do motor traseiro, por causa das temperaturas mais altas do nosso clima; e nas suspensões, que ficaram mais adequadas aos nossos pneus e asfalto. Os resultados foram tão bons, que os protótipos da Renault fizeram dobradinha na Mil Milhas de 1967, vencendo carros de motores bem mais potentes que os 130 cv do motor 1300 Renault Gordini.
Esses protótipos vencedores foram batizados pela Equipe Willys de Mark I. No transcorrer de 1967, o mago Toni Bianco trabalhou duro desenvolvendo o novo carro, que receberia toda mecânica Renault dos protótipos Renault Alpine A110 ou Mark I, como a Willys o chamou. O novo carro tinha um chassi tubular próprio, com suspensão independente nas quatro rodas, baseado em um chassi de Lotus 47. A carroceria foi totalmente moldada em plástico reforçado com fibra de vidro, freios eram a disco nas quatro rodas e a direção, do tipo pinhão e cremalheira, semelhante à do Renault Alpine A110.
O câmbio era Hewland de 5 marchas e o motor era traseiro-central para melhorar a distribuição de peso. O motor Renault, já o de cinco mancais, desenvolvido na França por Amedée Gordini, tinha cabeçote câmaras de combustão hemisféricas com comando no bloco. Com cilindrada de 1.300 cm³, o motor era alimentado por dois carburadores horizontais de corpo duplo Weber e coletores de escapamento individuais especialmente construídos para o carro. Com essa configuração, esse motor desenvolvia 130 cv a 7.000 rpm, resultado que dava ao pequeno motor francês a impressionante performance de 100 cv/litro. Um resultado impressionante para a época.
No segundo semestre de 1967, finalmente o protótipo estava pronto e foi batizado de Bino Mark II. Mas ele poderia também ser chamado de protótipo Renault Alpine A110. O sucesso do Bino Mark II foi tão grande que até hoje ele é tido como um dos carros que mais venceu corridas no Brasil, com Luiz Pereira Bueno como seu principal piloto. Esse resultado positivo de conquistas e sucessos certamente também foi fruto da excelente performance do conjunto motor/câmbio que impulsionava o protótipo. Um carro que nasceu fadado às vitórias.
DM