Pericia feita num Honda Civic 2002 que se acidentou no ano passado, no Estado do Arizona, EUA, comprovou que a morte do motorista foi provocada por estilhaços do sistema do aibag que se inflou num acidente rodoviário. Já são 24 óbitos registrados no mundo e mais de 200 feridos por estilhaços que atingem o passageiro a quase 300 quilômetros por hora. Uma das vítimas foi no Brasil: um policial num Honda Civic 2007, no Estado da Bahia, que se feriu.
Por esse motivo está em andamento o maior recall — palavra de língua inglesa que significa revocação em português — do mundo, com mais de 100 milhões de carros envolvidos, a maioria produzida entre 2001 e 2015
Este recall :
• Levou à falência a japonesa Takata, maior fabricante mundial de airbags;
• Apesar da gravidade do problema, menos da metade dos carros incluídos no recall foi levada às concessionárias para o reparo gratuito;
• Várias marcas foram envolvidas no recall, entre japonesas, europeias e americanas;
• Vários modelos brasileiros foram equipados com este airbag, até porque a Takata tinha fábrica aqui;
• Só no Brasil estão envolvidos 3,5 milhões de carros da Toyota, Honda, Subaru, Mitsubishi, Nissan, Fiat, Renault, Mercedes-Benz, Audi, BMW, Ferrari, GM, e outras.
• Também no Brasil muitos donos de carros não se preocupam com o recall. Isso significa que cerca de dois milhões de carros com air bags que podem ferir ou matar continuam circulando por aí;
• As campanhas de recall custaram a começar por os airbags demorarem a apresentar o problema e pela complexidade de se organizar as campanhas em todo o mundo, componentes de substituição, custos envolvidos, localização dos carros, etc.
A maioria dos acidentes com airbags ocorre com carros da Honda e Toyota. Por isso, as duas empresas decidiram realizar uma campanha no Brasil para encontrar estes modelos fabricados desde 2001. As duas marcas estão fazendo muito mais do que manda a lei, publicando anúncios em jornais e outdoors, recorrendo aos Detrans para localizar seus proprietários e solicitando a colaboração das concessionárias.
O que provoca o problema do aibag? O deflagrador da bolsa inflável é acionado por um gás. A Takata resolveu usar o nitrato de amônia, que é instável e varia de acordo com a temperatura e umidade, tornando sua explosão muito mais violenta. Então, ao ser acionado, ele rompe o tubo disparador, que é de aço. em fragmentos que são arremessados a quase 300 km/h para o interior do carro (a foto de abertura mostra a bolsa rasgada e os estilhaços do tubo disparador na cabine). Ou seja, o equipamento, projetado para proteger os ocupantes do automóvel em caso de acidente tem comportamento contrário e está ferindo e matando quando a bolsa é inflada, no momento de um acidente. Ou, em casos mais raros, até espontaneamente.
DICAS
• Confira pelo número do chassis se seu carro está incluído no recall. Ligue para o 0800 (SAC) ou para a concessionária de uma das 13 marcas envolvidas no Brasil;
• Ao comprar um carro usado, confira se está incluído no recall e, neste caso, se foi levado para a troca do airbag na oficina da concessionária;
• Se descobrir que seu carro deve ser levado para o recall, cuidado com algumas concessionárias que alegam estar vencido o prazo do recall: ele não tem prazo e vale por toda a vida do carro.
• Nenhuma oficina de concessionária pode alegar que a troca deve ser realizada onde o carro foi comprado: qualquer uma no Brasil faz o reparo gratuito.
• Se o seu automóvel estiver incluído na lista do recall, desligue-o caso a concessionária peça prazo para substituí-lo. O do motorista exige um técnico da oficina para interromper o circuito, mas o do passageiro, na maioria dos automóveis, tem um interruptor para desligá-lo.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor
(Atualizado, em 6/04/19 às 21h55, correção de informação sobre um fato relacionado ocorrido na Bahia)