No undécimo trimestre consecutivo de recuperação da indústria automobilística, tivemos neste mês de março talvez uma leve inflexão nas vendas de leves. Foram emplacadas 199.974 unidades, número 0,2% inferior a março de ’18 (200.394). Porém, com três dias úteis a menos por conta do Carnaval (ano passado foi em fevereiro), o parâmetro de licenciamentos diários atingiu 11.110 veículos/dia, o que seria o melhor mês de março da indústria desde 2.015, ano em que a recessão “Dílmica” deu mergulho profundo, recessão esta que iniciou sua cura e lenta recuperação somente após a doutora ser enxotada da cadeira presidencial em maio de 2.016.
A inflexão citada não apareceu ainda, mascarada pela diferença de dias úteis entre março de 2019 e de 2018. Ela se manifesta quando olhamos para o total de licenciamentos no varejo. Em março de 2018 registrou-se 123.563 emplacamentos nas concessionárias e neste ano foram 103.601, quase vinte mil unidades a menos (Fenabrave). Mais uma vez as vendas diretas e PcD tiveram papel importante, pois estas também foram quase 20.000 superiores a março do ano passado. No total ficou elas por elas e talvez certa apreensão, 48% das vendas pelo canal direto sabemos não ser algo saudável, tampouco sustentável nos médio e longo prazos. Todas as marcas faturaram menos no varejo, sem exceção.
Na reunião com a imprensa especializada, no último 4 de abril, Antonio Megale, em sua última apresentação frente à entidade, mostrou-se otimista com os resultados do setor. Não era para menos. As vendas de veículos leves fecharam o 1º trimestre 10% acima de mesmo período anterior e a de comerciais pesados, bens de capital, ficaram acima de 50% na mesma comparação, um crescimento vigoroso e animador.
A recessão na Argentina preocupa, foram 75.000 unidades embarcadas a menos, volume não totalmente compensado por nossas vendas domésticas. A produção, portanto, ficou 0,6% abaixo no mesmo período analisado. Os mais otimistas contavam que essa recessão ficaria para trás ainda no primeiro semestre e agora já começam a refazer estimativas e projeções. Esta semana o liberal Macri congelou preços de 60 produtos. Já vimos isso nos tempos de Sarney, da Sra. Kirchner e em nenhum deu certo. Manobras de desespero atentam contra os princípios e leis naturais de mercado e estendem as incertezas e recessão para além.
RANKING DE MARÇO E DO TRIMESTRE
Num trimestre em que o mercado se expandiu em 10%, a Citroën cresceu 38%, a Jeep +31%, Renault +29%, Jeep +23% e Chevrolet +16%, todas acima da média. Na outra ponta ficaram a Peugeot, com -10% e Mitsubishi com -4%.
A marca da gravata americana fechou o mês com 36.329 unidades vendidas e o trimestre com 106.409. Em segundo vem a VW com respectivamente 29.092 e 82.981, em 3º a Fiat, com 23.940 e 78.821. Renault se consolida no 4º posto, com 19.060 e 51.283 também respectivamente março e 1º trimestre.
Onix segue firme na liderança e abrindo distância de seus rivais diretos, num ano em que será totalmente renovado. Foram licenciadas 18.279 unidades do compacto Chevrolet e 55.511 no trimestre, uma expansão de 33% sobre ’18, num mercado que evoluiu 10% na média de todos fabricantes. Fôlego sem fim. HB20 ficou em 2º, com respectivamente 9.051 e 24.354 unidades emplacadas, Ka em 3º, com 8.341 e 23.994, Prisma em 4º, Gol em 5º, Renegade em 6º.
Fôssemos criar um ranking de vendas PcD, o Jeep ficaria em 1º, com 78% das vendas totais. Aliás, os suves compactos são os preferidos desse modal de vendas e clientes, 65% das vendas do Compass, 62% da Captur, 56% do Duster e 53% do Kicks completam a lista. O AE vem batendo na tecla da distorção que é hoje o PcD sobre os propósitos originais do programa e sobre as vendas no mercado. Mirar no programa para vender mais suves e modelos que se encaixem nele é arriscado, pois as consequências de uma possível reviravolta no programa gerada pela renúncia tributária podem afetar seriamente a cadeia produtiva do setor.
Nos comerciais leves, a Fiat Strada reina soberana, num segmento que cresceu 10,2% sobre mesmo trimestre de ’18, a compacta Fiat vendeu 5.286 unidades em março e 16.629 no acumulado, +19%. Sua irmã maior, a Toro teve 4.955 unidades licenciadas no mês e 12.348 no trimestre. Hilux em 3º, com respectivamente 3.093 e 9.246, crescimento de 21% no período. Saveiro em 4º, S10 em 5º, Fiorino em 6º, intrometendo-se no meio das picapes, depois Amarok, Ranger, Montana e L200 Triton fechando alista dos dez primeiros. Amarok superou a Ranger no acumulado do ano, numa expansão de 26%, um feito para um modelo que completou 9 anos de mercado e poucas mudanças estéticas.
Alguns modelos tradicionais estão desaparecendo da lista dos 50 mais vendidos. O Peugeot 208, Citroën C3 e AirCross, Mitsubishi ASX vieram aos poucos caindo no ranking, cedendo espaço a seus concorrentes. Isso poderia ser entendido como normal no mercado, porém o ASX era o carro-chefe da Mitsubishi e os 208, C3 e AirCross cumpriam mesmo papel para a PSA, que passaria a estar concentrada em somente um modelo para cada marca, respectivamente 2008 e Cactus.
Neste mês iniciaram-se as vendas do suve compacto da VW, o T-Cross, que promete mexer no segmento. O ano segue com mais novidades para romper a timidez dos compradores.
Até mês que vem!
MAS