Temos que ser justos nas análises dos veículos. Com o Teste de 30 Dias do Renault Captur 1.6 CVT, choveram comentários dizendo que o veículo era lento, perigoso nas ultrapassagens, que o motor era insuficiente para seu porte e peso, e outras observações. Fiquei intrigado com o volume de críticas ao seu desempenho.
Como eu só havia dirigido um no Renault Captur Day em agosto de 2017 — pouco, cada editor levava três leitores, que se revezaram ao volante, e isso por poucas horas num sábado, pensei em andar com um novamente a fim de reavaliá-lo, mesmo que àquela altura o desempenho da versão tivesse me deixado satisfeito. Pedi um para teste para usá-lo no dia a dia durante uma semana.
Lembrando alguns números, esse Captur pesa 1.266 kg, seu motor 1,6 SCe 16-válvulas entrega 118/120 cv a 5.500 rpm e 16/16,2 m·kgf a 4.000 rpm. Por ter variador de fase na admissão, boa parte dessa potência e desse torque aparecem mais cedo do que a rotação de pico de torque sugere.
A relação peso-potência é 10,7 kg/cv com gasolina e 10,5 kg/cv, com álcool, adequada para o tipo e propósito do carro.
A aceleração 0-100 km/h é feita em 14,5/13,1 segundos e a velocidade máxima, 168/169 km/h. Portanto, não são números estonteantes, obviamente. Mas no uso normal para o qual o veículo é previsto — transporte pessoal com espaço e conforto — atendem à necessidade sem problema.
O consumo de combustível oficial Inmetro é 10,5/7,3 km/l na cidade e 11,7/8,1 km/l, na estrada.
Nos sete dias em que fiquei com o Captur fiz uma pequena viagem a Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, para atender ao lançamento do Argo Trekking. O combustível era álcool e nos vários trechos o consumo se manteve entre 9,8 km/l e 10,8 km/l.
As ultrapassagens era feitas sem dificuldade, como com tantos outros carros que dirijo por força da minha atividade. Mas nada de ser um “canhão” nesses momentos, apenas normal.
O câmbio CVT X-Tronic se mostra responsivo e obediente, com pouco “efeito elástico” associado aos CVT, e aqui cabe explicar que ‘X-Tronic’ representa duas marchas, além das polias variáveis, por meio de uma engrenagem epicicloidal na saída do câmbio. Por isso esse Captur arranca bem nas saídas da imobilidade.
Como andei esse dias sozinho, fiquei pensando nos comentários que falavam em carro com carga máxima ter sua agilidade comprometida. Foi então que me ocorreu uma ideia.
O domingo 5 de maio era dia de bate-papo nosso na Maison Blanche, na Estrada dos Romeiros (foto de abertura), e aproveitei para lotar o Captur e ver como ficaria o desempenho, inclusive comportamento dinâmico (curvas e frenagem).
Entraram no Captur quatro passageiros, dois deles bem pesados, e somados todos os pesos, meu inclusive, deu 558 kg. Isso é 24,2% acima da carga útil especificada de 449 kg.
Saí pela Estrada dos Romeiros e mesmo nessa condição de carga extrema (e irregular) o veículo pôde ser dirigido normalmente, sem “sofrer”. Minhas dúvidas acerca dos comentários, inclusive do tal zunido em marcha-lenta (fraco), se dissiparam.
BS.
Assista ao vídeo: