O Louro nos deixou presentes.
Velórios são momentos nada agradáveis: nos despedimos de pessoas queridas, mais, ou menos, próximas e reencontramos outras que só vemos nessas ocasiões. Com o Lourival foi diferente, foi alegre, como ele sempre foi para quem o conheceu.
A cerimônia de anteontem (segunda, 3 de junho), na Igreja Metodista de Vila Matilde, foi algo tão leve e envolvente quanto jamais vi em situações do tipo: ali houve momentos de soluços, vozes embargadas, lágrimas, muitas lágrimas, mas principalmente incontáveis sorrisos e momentos de descontração proporcionados por suas duas irmãs.
Raquel quebrou o gelo ao se apresentar aos amigos do Lourival como “a mais nova, a caçula e a mais bonitinha da família” e com uma empatia surpreendente falou da importância do tempo em nossas vidas colocando palavras que pintavam o ar daquele salão com cores leves e balanceadas.
Suzane, a mais velha, aceitou a condição de ser o “Sargento” desse trio agora fisicamente incompleto. Depois de deixar todos saberem que os últimos meses serviram para reaproximá-la do “Coronel” Lourival, ela surpreendeu a todos soltando sua bela voz em uma das canções que seu irmão mais gostava de ouvir. Daquela mulher que sentia uma perda enorme, ao som de uma guitarra bem tocada, saiu uma interpretação de “Amazing Grace” digna das grandes damas do blues.
Nosso amigo Louro nos deixou com presentes embrulhados pela leveza das palavras de Raquel e a surpreendente voz de Suzanee. O Louro sempre deixou alegres todos que estavam ao seu redor. Até o último momento.
Louro era como chamávamos o Lourival no autódromo, na Fasp..
A performance do maestro holandês André Rieu executando “Amazing Grace”, que coloquei abaixo, não é maior que a interpretação da irmã Solange.
Não há piloto que não conheça ou se lembre de Lourival Caetano, o nosso Bob Sharp entre eles, um comissário e colaborador da Fasp que também atuou no GP do Brasil. Era uma pessoa querida por todos em Interlagos — era de ‘Louro’ que o chamávamos — e onde estivesse atuando pela paixão ao automobilismo, no seu cotidiano profissional ou entre seus familiares. Eles nos deixou anteontem. Fui ao seu velório e no caminho de volta para casa refleti sobre o que vi naquela hora que passei com seus familiares e muitos amigos.
Requiescat in pace, Louro. Obrigado por sua atenção, camaradagem, carinho e, sobretudo, exemplo de profissionalismo
WG