Alheios às notícias de desaceleração da economia e à incessante turbulência política, os consumidores de automóveis mantiveram seu ritmo de compras inalterado no mês de maio. Jornais, telejornais e cadernos econômicos apontam um panorama recessivo se aproximando, Bancos preveem o mesmo, o primeiro trimestre fechou com -0,2% de variação do PIB, sobre mesmo período de 2018. As previsões de crescimento econômico têm sido revistas para baixo e agora convergem para entre +0,8 a +1,2%, ou patamar semelhante ao biênio ’17-’18. Bom lembrar que iniciamos janeiro com expectativas bem mais positivas, algo como 2,2% a 2,5% de expansão no PIB, reais por dólar na faixa de 3,5-3,8, inflação na casa dos 4%. O panorama externo com guerra comercial de Trump contra a China e contra o mundo adiciona incertezas às que já tínhamos e os países emergentes também enfrentam um ano difícil.
Na reunião da Anfavea com a imprensa especializada e cadernos econômicos, ocorrida no último 6 de junho, Luiz Carlos Moraes, presidente da entidade desde abril, acenou com alguns alertas nas entrelinhas: “Apesar dos indicadores econômicos pouco animadores, os números positivos do setor automobilístico devem-se mais a um processo de longa recuperação…”. Certo ele. Fato é que até as formigas de meu açucareiro contam com a aprovação da reforma da Previdência para este ano e elas mesmo sabem que a não aprovação lhes seria o equivalente a uma dose de Detefon. Desastre total.
Porém, o positivo dos números está nas vendas diretas (incluindo PcD), que cresceram 27% nos primeiros cinco meses, quando comparados com mesmo período de ’18. Em maio elas representaram 47% do total e no acumulado do ano chegam a 44,5%. No varejo, nos primeiros cinco meses, registrou-se +1%, bem mais modesto. Fiat, Renault, Toyota e VW foram as únicas marcas que cresceram nas vendas nas suas redes de concessionárias e mesmo assim, no modal diretas elas tiveram ainda melhor desempenho. Ninguém gosta de praticar elevados descontos e baixas margens das vendas diretas, porém parece elas não estarem conseguindo evitar esse caminho.
As vendas diárias de automóveis e comerciais leves mantiveram-se no mesmo patamar de abril, em 10.600, podemos notar no gráfico de comparação anual que há um deslocamento da curva de 2018, mas lembremos em maio de ’18 houve a greve dos caminhoneiros, que impactou bastante naquele mês e com sequelas nos seguintes.
Quando observamos o mercado por região, notamos que o Sudeste tem sido o motor do crescimento no ano, com +19% de expansão e em maio ele ficou com 56% das vendas nacionais, as regiões Sul e Centro-Oeste patinam.
Caminhões e ônibus seguem em ritmo mais acelerado e espera-se este ano cresçam mais de 40% sobre as vendas de 2018.
No total, a Anfavea manteve suas projeções para o ano, 11,4% de crescimento, provável tenhamos um segundo semestre mais desafiador, que pode ser atenuado se o congresso fizer a sua parte.
RANKING DO MÊS E DOS CINCO MESES DO ANO
Chevrolet teve bom desempenho em abril, 41.142 registros de licenciamento, distanciando-se no primeiro lugar. Em seguida veio a VW, com 35.591, depois a Fiat, com 31.480, Renault em 4º, com 20.962, depois Hyundai, Toyota e Ford em 7º posto, lugar que não parecia ser o seu. No acumulado do ano, a marca da gravatinha teve 185.535 unidades vendidas, crescimento de 17% num mercado que se expandiu em 11%. VW em 2º, graças ao novo T-Cross, abriu distância da Fiat e Renault em 4º lugar, com 91.466 unidades e crescimento de 23%.
Em maio a GM vendeu 22.179 Onix (foto de abertura), para um carro em final de ciclo é impressionante, 33% de crescimento no acumulado do ano. Seguem HB20, em 2º, com 10.111, Ka, com 9.484, Kwid em 4º, Gol em 5º. Corolla voltando a ficar na lista dos 10 primeiros.
Nos comerciais leves, o Fiat Strada reina, registrou 7.136 unidades vendidas, Toro em 2º, com 5.853, Saveiro em 3º, com 3.687 e Hilux na cola, com 3.675. A picape média japonesa cresceu 16% no ano, num segmento que se expandiu em 10%.
O segundo semestre terá novos Onix e HB20 e Corolla híbrido-flex, todos estes devem chegar aos concessionários no final do ano.
Até mês que vem!
MAS