JAC T80, NO USO

Depois de avaliar o T50 foi a vez de conhecer seu “irmão” maior o T80 — topo da linha JAC no Brasil.  O salto entre eles é grande em todos os sentidos. Seja em tamanho, equipamentos ou preço estamos claramente em outra categoria de carro. Por R$ 144.990,00 a marca aposta em 7 lugares com uma longa lista de equipamentos. O veículo avaliado tinha ainda o único, e muito interessante, pacote opcional (teto solar e som de alta fidelidade) que acrescentam R$ 6.990,00 na conta final. O editor-chefe Bob Sharp esteve presente no lançamento do modelo.

Visual

Se na dianteira a grade lembra os demais suves da marca, o interior surpreende. Se destaca o painel totalmente digital de 12,3 polegadas. São três configurações possíveis dos mostradores — usei sempre a versão clássica que em minha opinião combina melhor com o restante do carro. Muitos detalhes lembram uma certa marca estrelada — como o formato e disposição das saídas de ar do painel. Existe até mesmo um relógio analógico com algarismos romanos e de fundo claro, comum em alguns veículos importados. A central multimídia tem boas respostas e conta com espelhamento para celulares.

Já na parte traseira as grandes lanternas dominam boa parte do visual. Assim como os faróis elas possuem  assinatura em LED com a nomenclatura JAC na parte interna. O grande defletor traseiro passa esportividade e conta com a terceira luz de freio — no total são quase dois metros de largura. O espelho retrovisor direito aponta para a guia ao se engatar a marcha ré – principalmente para salvar as rodas de tocar no meio-fio. O sistema de câmeras de 360 graus com sensores — também presente no T50 — ajuda na hora de estacionar. Porém é preciso ter em mente que um carro desse porte não cabe facilmente em qualquer vaga.

Antes mesmo de ligar o motor e sentado no confortável banco do motorista a primeira impressão é perceber que o vigia traseiro está bem longe — são quase 4,8 metros de comprimento. A última fileira de bancos é apertada porém tem cinto de três pontos e porta-copos. Todos os bancos são em couro. Caso a ideia seja andar em cinco pessoas o conforto é total, com espaço de sobra para pernas e ombros. Na segunda fileira são duas saídas de ar, bancos corrediços com regulagem de inclinação no encosto, cinto de três pontos, engates Isofix e porta USB. Nessa configuração o porta malas comporta 620 litros. A tampa é grande porém pareceu um tanto quanto pesada.

É muito fácil encontrar uma boa posição no banco. Todos os comandos são elétricos inclusive o ajuste lombar. Para a ergonomia ficar perfeita faltou apenas o ajuste de distância do volante — só existe de altura. Este tem boa empunhadura com comandos para o som, telefonia, painel e controlador automático de velocidade. As portas tem um grande ângulo de abertura e o que facilita a entrada e saída dos passageiros. Se o porte inicialmente impressiona em movimento o T80 também mostra virtudes.

Motor

Para mover esse grandalhão o motor segue a atual tendência da indústria, usando uma unidade de 4 cilindros e 2 litros turbo. Projetado em parceria com a austráica AVL conta com duplo comando variável, 16 válvulas e cabeçote de alumínio. A injeção é no duto. O que se traduz em 210 cv a 5.000 rpm com torque de 30,6 m·kgf de 1.800 a 4.000 rpm — somente a gasolina. O câmbio de dupla embreagem tem troca sequenciais e modo esportivo. Neste caso o modo S deixa as respostas do motor mais vivas e rápidas. Até mesmo em um teste que fizemos na Estrada dos Romeiros com sete pessoas, o conjunto sempre respondeu a contento. O cambio de seis marchas tem boas respostas e  calibragem visando conforto.

Viajando apenas com um casal o motor gira baixo e roda com muita suavidade. Seja a 70 km/h ou a 120 km/h só se nota a mudança pelos números do painel. Pouco se ouve do motor, é aquele o tipo de carro que quando menos se percebe já está em velocidades para lá de proibitivas. Seja pelo tamanho ou pela grande “boca”  dianteira todos os veículos abriam caminho ao me aproximar — não foi preciso sequer ligar a seta. Em uma viagem rápida a média foi de 10 km/l. Existe ainda um modo econômico com tecla no painel, porém deixa as respostas bem anestesiadas. A suspensão se mostrou confortável porém sem ser mole em demasia.

Como era de se esperar em um veículo de 1775 kg em ordem de marcha que acelera de 0 a 100 m/h pouco mais de nove segundos, existem muitos itens de segurança. Os freios são a disco nas quatro rodas com o obrigatório ABS e distribuição eletrônica de frenagem. As rodas são aro 18 com sensores de temperatura e pressão dos pneus. Temos ainda controle de estabilidade e tração que ser desligado pelo painel. Outros dois úteis sistemas são o auto-hold que segura o carro parado automaticamente – muito usado em engarrafamentos — e o auxiliar de saída em rampas. Curiosamente existe também o auxiliar de descida, que mesmo numa rua bem íngreme e com cascalho funcionou perfeitamente. Fecham o conjunto seis bolsas infláveis, sendo duas dianteiras obrigatórias além das laterais e de cortina.

Detalhes

Para um carro nesse nível de preço alguns detalhes fazem muita diferença. O teto solar duplo é um deles. É um item que aprecio demais em carros, ainda mais deste tamanho. Sabendo o jeito correto dá para utilizar todos os dias. Ele ilumina muito bem a cabine e a abertura dianteira é grande com o útil defletor. A cortina interna também é elétrica e isola totalmente o interior caso necessário. O banco do motorista tem um sistema massageador, parecendo até aquelas cadeiras de massagens de shopping. Aconselho usar apenas a massagem no trânsito, pois na estrada pode te relaxar até demais. O que pode causar alguma briga matrimonial é que o banco do passageiro não tem essa comodidade. Porém ambos os bancos dianteiros são elétricos e contam com aquecimento e refrigeração — com três níveis de intensidade cada.

Outro item que se destaca é o sistema de som Infinity. Durante o uso surpreendeu com muita qualidade, potência e fidelidade de áudio, mesmo para um veículo deste porto. No total são dez alto-falantes. A chave presencial permite destrancar o carro, fechar os vidros e o teto solar além de liberar a partida via botão no painel. O freio de estacionamento é eletromecânicoassim como a direção que conta com três modos. É possível selecionar o nível de assistência deixando a direção mais leve, neutra ou mais pesada. Diferente do T50, aqui o retrovisor interno é eletrocrômico.

Ao final do teste fica claro que é fácil conviver com um carro como este. Depois que se acostuma com o tamanho, as comodidades são muitas além, é claro, do espaço de sobra em todas as ocasiões. Se você procura um suve de 7 lugares vale a pena conhecer o T80. Nessa faixa de preço temos opções para todos os gostos, estilo e bolsos.

LR