A Volkswagen alemã anunciou ontem (17) que encerrará a produção das camionetas Golf SportWagen e Alltrack para os Estados Unidos até o final do ano. O motivo, desinteresse dos compradores, que estão preferindo os suves, categoria que nos EUA já representa 55% do total de veículos vendidos. Será a primeira vez, desde 1966, que os concessionários VW de lá não terão camionetas para vender.
“Ao dizer adeus às peruas Golf, nosso legado de ‘raízes profundas’ é algo a comemorar,” disse Megan Closset, diretor de Produto da família Golf da Volkswagen of America. “Da Squareback de arrefecimento a ar às camionetas médias Quantum e Passat, e à SportWagen e Alltrack de hoje, cada camioneta VW ofereceu algo de diferente, algo que se destaca da multidão.”
Essa preferência pelo suves, conforme informou hoje o colunista Fernando Calmon, é um fato também na Europa, onde 30% das vendas são de suves; no Brasil onde já chegaram a 21%, com tendência a aumentar.
Aqui no AE os leitores e leitoras estão fartos de saber da admiração de todos os editores pelas camionetas, tanto que criamos o hashtag #savethewagons, e sabem também como é intrigante para nós esse fascínio pelos suves, especialmente os desprovidos de capacidade fora-de-estrada, os chamados “suves de shopping”.
Apesar de entender o ponto de vista de consumidores (e consumidoras), e gosto não se discutir, sempre procurei uma explicação para o fenômeno, e nos últimos dias acho que cheguei a ela. O consumidor parece ter-se cansado dos carros baixos, tendência iniciada nos anos 1950 e que nunca mais parou. Desse modo, o consumidor teria guardado na memória, no caso dos mais velhos, ou ser questão de herança genética dos mais jovens, os carros altos da década de 1940.
Apenas para ilustrar essa linha de raciocínio, tomei como base o Ford sedã 4-portas 1947, um carro típico dos anos 1940 (o primeiro carro do meu pai foi um Mercury cupê 1946). Mas a foto escolhida para a abertura não dá ideia do tamanho desse Ford — na essência um dois-volumes como os suves —, o que pode ser visto abaixo na tabela que montei, uma comparação com o Jeep Renegade Limited 1,8 Flex 2017:
FORD SEDÃ 4-PORTAS 1947 X RENEGADE LIMITED 1,8 FLEX 2017 | ||
FORD | JEEP | |
MOTOR | V-8 | L-4 |
Cilindrada (L) | 3,9 | 1,75 |
Potência (cv) | 101 (bruta) | 139 |
Torque (m·kgf) | 24,5 (bruto) | 19,3 |
DIMENSÕES (mm) | ||
Comprimento | 5.034 | 4.232 |
Largura | 1.862 | 1.798 |
Altura | 1.763 | 1.705 |
Entre-eixos | 2.896 | 2.570 |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas | 411 | 273 |
PESOS (kg) | ||
Em ordem de marcha | 1.540 | 1.469 |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h (s) | 20,6 | 11,1 |
Velocidade máxima (km/h) | 130 | 182 |
Pode ser que não seja nada disso, eu esteja completamente enganado, que se trate de mero modismo e ponto final, mas de uma coisa tenho certeza: não sou o único que está à procura de uma explicação para este fenômeno automobilístico chamado suve.
BS