Em primeiro lugar, devo me desculpar que, por confusão minha, não escrevi o artigo que deveria ser publicado no primeiro sábado de setembro (7). Perdoem-me.
Em segundo lugar agradecer as inúmeras mensagens sobre meu último artigo, onde se discutia a proibição, pura e simples, do uso do radar portátil. Foram cinquenta mensagens, onde nossos fieis leitores do AE, de maneira inteligente, manifestaram sua opinião. Por causa do interesse demonstrado sobre o assunto fiscalização, vamos continuar o nosso, ouso dizer: diálogo.
Todos concordam com o que faz o Presidente Bolsonaro para exterminar a maldita “indústria da multa” que de nada adianta na melhoria do condicionamento do motorista no sentido de superar o seu comando pelo E e V, do principio do PIEV, fazendo predominante a influência do I, de Inteligência, por meio das medidas construtivas, como sempre defendo, fiel seguidor que sou da premissa básica de Sir Alker Tripp.
O atual vetusto Código de Trânsito Brasileiro (22 anos de vida) traz no seu texto elaborado, não tenho dúvida, com todo o carinho que merecia este trabalho, como novidade, a perda de pontos na CNH em função da gravidade da infração cometida, cuja soma desta perda, ao atingir o total de 20 pontos no período de um ano acarreta a suspensão do direito de dirigir pelo mesmo período de tempo.
Como se pode ver pelas estatísticas, tal “remédio” de pouco adiantou. Ninguém se lembra, quando punido ao final deste período, das faltas que cometeu. Convém lembrar que o Presidente, mal orientado, pensou ou pensa em aumentar esta pontuação para 40 pontos, que dizer, admitir-se-ão mais infrações no mesmo período..
Cabe aqui a observação de Henry Barnes, lendário diretor de Trânsito da cidade de Nova York por oito anos: “É incompatível uma eficaz direção de trânsito com o ‘bom mocismo’”.
Então, após estas criticas, o que fazer para que o sentimento da Inteligência, possa superar os sentimentos de Emoção e de Volição, hoje reinando absolutos?
Muito simples. Copiando a genial solução que a Internacional Board trouxe para o futebol, criando cartão amarelo de advertência em lugar do vermelho de expulsão sumária, coibindo o atleta indisciplinado, ou melhor, fazendo a sua inteligência superar os demais sentimentos.
Assim sendo, sugere-se que também na lei do trânsito seja eliminada a multa para qualquer infração — à exceção da infração culposa ou dolosa que teria como punição do culpado a suspensão sumária (cartão vermelho) por dez anos — e seja criada a opção da advertência, cuja anulação se dará com um período de nenhuma falta correspondente ao grau da infração.
Assim, o infrator teria direito de anular a advertência para que não se transforme em multa, não podendo recorrer por não ser ainda multa, diminuindo o número dos recursos jurídicos, desde que se comporte durante: um mês para infração LEVE, dois para MÉDIA, três para GRAVE e, quatro para a GRAVÍSSIMA.
Entretanto, caso durante estes períodos de “abstinência” cometer qualquer falta, mesmo LEVE, terá sua Carteira de Habilitação suspensa pelo período que deveria ter se comportado exemplarmente. A fim de evitar a burocracia, não precisa devolver a sua CNH ao Detran. Basta que lhe seja comunicado, no ato de suspensão, que se for pego dirigindo a terá suspensa por um ano. Ainda, se nesse período for pego dirigindo, estará cometendo crime.
Acredito que com estas medidas se conseguirá fazer com que a Inteligência se sobreponha à Emoção e à Volição.
Como diria o Almirante Saldanha, exemplo de chefe, líder e disciplinador, “Usar a mão de ferro calçada com a luva de pelica.”
Acredito, sinceramente, que apesar de esta nova concepção tentar condicionar, corretamente o “primata” que todos somos, como motoristas, segundo a classificação do psicólogo inglês Desmond Morris, que a justifica em seu clássico livro ”O macaco nu”, por sermos, mesmo ao volante, muito mais inteligentes do que os primatas, iremos restaurar a influência da Percepção e da Inteligência sobrepondo-se ao reinado da Emoção e da Volição, tão prejudiciais à segurança do trânsito. Iremos trazer o sonho de termos a “paz no trânsito”.
Infelizmente, dependemos da coragem política de quem decide para eliminar esta fantástica arrecadação da, repito, maldita indústria da multa, seguindo uma linha de ação baseada na filosofia correta para se domar o trânsito a nós ensinada pelos grandes mestres do passado.
Vamos discutir o assunto?
CF