Num país em que se falsifica até Ferrari e Lamborghini, não faltam fraudes e enganações as mais diversas, muitas capazes de pôr seu patrimônio ou sua vida em risco. Veja algumas.
Óleo do motor
Na troca, alguns motoristas se preocupam com a viscosidade recomendada (padrão SAE, sigla, em inglês, de Sociedade de Engenheiros Automobilísticos). Mas poucos com a classificação API (American Petroleum Institute), que define sua aditivação com duas letras: “S” (de “Service”) e outra que começa em “A” e vai subindo o abecedário, já estando em SN para atender às necessidades dos motores mais modernos. Mas ainda se oferecem óleos ultrapassados como SL (de 2001) ou SJ (1996), teoricamente para motores de carros mais antigos, mas à venda no Brasil e até nos EUA, sem maiores explicações. Uma empresa norte-americana (Dollar General) foi multada pela procuradoria-geral de Nova York por vender, sem deixar claro (apesar de estar no rótulo), óleos SA (para carros de 1920!) e SF (1979). Já pensou colocar no motor de seu carro novo, cheio de tecnologia, um óleo formulado para outras épocas?
Pneus
Etiqueta – Obrigatória desde o ano passado, a etiqueta classifica o pneu com três índices. O primeiro define o nível de ruído. O segundo – vai de A a G – seu atrito com o asfalto, que implica no consumo de combustível. Quanto mais próximo de A, menor o consumo. O terceiro é importante para a segurança e define a aderência no piso molhado. Também de A até G, quanto mais próximo de “G”, tanto pior: maior a probabilidade de o carro derrapar na chuva. Poucos percebem que pneus baratos têm índices de atrito e aderência próximos de “G”.
Reformado – Ou remoldado, pode ter mesma qualidade de um novo. São usados até por aviões. Mas os remoldados são perigosos no Brasil, pois o Inmetro, ao homologá-los, se “esqueceu” de exigir que sejam registradas na lateral as características originais da carcaça. Então, dois remoldados com exatamente a mesma aparência podem ter comportamento diametralmente opostos.
Frisado – Outra prática totalmente condenável é o pneu que se desgastou além da profundidade mínima dos sulcos 1,6 mm, ser “frisado”. Nos veículos pesados, está previsto aprofundar o sulco para estender o uso do pneus e vem escrito regroovable (ressulcável). Nos pneus de automóveis a operação é desaconselhável por interferir em sua estrutura.
Aditivos
Gasolina – Recomendado para a gasolina comum, aditivos detergentes-dispersantes evitam a formação de depósitos nas válvulas e câmara de combustão. Mas existe também o aditivo do tipo “octane booster” para aumentar a octanagem e, por conseguinte, o desempenho. Só que, no caso da nossa gasolina, com quase 30% de álcool e octanagem de primeiro mundo, 95 RON, seu efeito é praticamente nulo, fora que existem gasolinas de maior octanagem, as premium.
Óleo – Os homologados pelas fábricas contêm todos os aditivos necessários. Mas existem outros que anunciam aumentar a durabilidade do motor, reduzir consumo e outros benefícios duvidosos. Alguns chegam a ser prejudiciais, pois não combinam com os aditivos originais óleo recomendado pela fabricante.
Isofix
Existem dois tipos de cadeirinhas infantis: o mais antigo se prende aos cintos de segurança, o mais moderno, chamado Isofix, é preso à estrutura do carro através de engates metálicos de tipo rápido, com retenção da cadeirinha muito mais efetiva. No sistema antigo, a fixação não é rígida e os cintos não prendem firmemente as cadeirinhas.
Desde o ano passado o engate Isofix tornou-se obrigatório no Brasil, mas ainda pode-se usar a maneira antiga. Alguns fabricantes, percebendo a grande procura pelo novo sistema, estão classificando as cadeiras de retenção antigas como Isofix. Como o assunto nunca foi bem explicado e ninguém fiscaliza nada, o dono do carro leva o equipamento antigo na certeza de estar garantindo máxima proteção para seu filho. Pode?
Reposição
Peças de reposição com garantia de qualidade, só na concessionária. No “paralelo” (lojas de peças) o produto pode ter a mesma qualidade, e até fabricado pela mesma fornecedora da fábrica, no caso empresas nacionais ou internacionais de alto padrão, como a Bosch, Marelli, Fras-Le, Valeo, Hella e outras. Mas no caso de marca desconhecida, deve-se consultar um mecânico ou técnico que entenda do assunto. Como não existe fiscalização, as chances de se levar gato por lebre são enormes: peças produzidas por verdadeiros “fundos de quintal”, ou falsificadas, ou remanufaturadas sem respeito aos padrões mínimos de qualidade. No caso de componentes envolvidos em segurança veicular, o risco é grande.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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