FORD KA 100 ANOS, UMA SÉRIE LIMITADA

Assim como o Ford EcoSport 100 anos avaliado no mês passado, que teve produzidas 500 unidades, foram fabricadas 1.000 do Ford Ka com a mesma comemoração, e se poderão ou não ser objeto de desejo de colecionadores, dependerá do  caminho que a Ford do Brasil seguirá nos próximos meses.

Breve história

Fundada em 1919, a Ford Motor Company do Brasil iniciou as atividades por aqui com a importação de veículos produzidos nos EUA. Um armazém na rua Florêncio de Abreu, na cidade de São Paulo, foi a primeira sede. Enquanto novas instalações eram construídas para ser uma linha de montagem na rua Solon, bairro do Bom Retiro, o endereço provisório da Ford foi a Praça da Republica. O primeiro automóvel fabricado no Brasil foi o Modelo T e o primeiro caminhão. o modelo TT.

A predominância de veículos Ford nas ruas do Brasil era gigantesca durante toda década de 20. Em 1923 a fábrica da Rua Solon atingiu a marca de 4.700 automóveis e 360 tratores produzidos. Isso com um time de apenas 124 funcionários, um enorme feito para aquela época.

Em 1927 a empresa adquiriu um terreno no bairro da Vila Prudente para uma nova fábrica que só seria inaugurada em 1953. Esta fábrica ficou em operação até o ano de 2001, e depois demolida para a construção de um shopping center. Posteriormente, em 1967 foi inaugurada a unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Esta fábrica tem estado na mídia ultimamente, em função da Ford ter anunciado que irá cessar atividades lá no final de 2019.

Além da fábrica de São Bernardo do Campo, a Ford possui atualmente fábricas na cidade paulista de Taubaté, em Camaçari, na Bahia. na região metropolitana de  Salvador, e um campo de provas na cidade de Tatuí, interior de São Paulo.

A fábrica de Camaçari é a mais nova e mais moderna da Ford do Brasil. Inaugurada em 2002, atualmente produz os modelos Ka e EcoSport e tem uma capacidade instalada para produção de 250 mil carros/ano.

Série limitada

É de Camaçari que vem o carro que avaliei nesta semana. Um dos mil carros produzidos para celebrar os 100 anos da Ford no Brasil. Este modelo é baseado na versão intermediária SE Plus que já foi avaliado aqui no AE pelo Bob Sharp há um ano.

A exclusividade vem na cor azul Belize metálica e similar à cor do logotipo oval da Ford. Essa cor é inédita no Ka e será utilizada apenas nesta sériaespecial.

Contrastando com a cor azul Belize alguns componentes externos foram pintados na cor preta, como teto, grade dianteira, maçanetas das portas, carcaças dos retrovisores e as rodas de liga de alumínio de 15”, substituindo o jogo original de rodas de aço e calotas da versão SE Plus.

Internamente os bancos são revestidos com um misto de material sintético imitando couro e tecido na cor preta e possuem costuras em tom azul com logo “100” ladeado pela bandeira do Brasil, em baixo relevo, nos encostos de cabeça dianteiros.

São equipamentos de série nesta versão especial: faróis de neblina, conjunto elétrico (travas, vidros, espelhos), porém os vidros elétricos sem a função um-toque para subir/descer, direção eletroassistida, ar-condicionado, controle de velocidade de cruzeiro com comando no volante, central multimídia SYNC 2.5 com tela tátil de 6,5 polegadas e conexão com celulares Android Auto e Apple CarPlayd, volante com ajuste de altura, encosto do banco traseiro dividido 60:40 e engates Isofix para bancos infantis

Modernidade na motorização

O moderno motor de 3 cilindros, 1,5 L TiVCT Flex com duplo comando de válvulas variável na admissão e escapamento entrega 128/136 cv a 6.500 rpm e 15,6/16,1 m·kgf a 4.750 rpm, com taxa de compressão 12:1. Injeção no duto, bloco e cabeçote de alumínio, coletor de escapamento integrado ao cabeçote, cilindros deslocados 10 mm em relação ao virabrequim, quatro válvulas por cilindro, correia dentada encapsulada em banho de óleo, árvore contrarrotativa de balanceamento, e bomba de óleo de vazão variável. Os bicos injetores são aquecidos, o que dispensa sistema auxiliar de partida a frio por gasolina e, claro, o pequeno reservatório no compartimento do motor.

O funcionamento do motor é suave e sem a vibração característica de um motor tricilindro. A elasticidade também surpreende positivamente. Tudo graças ao bom trabalho da árvore contrarrotativa de balanceamento associada ao coxim hidráulico aplicado o carro.

O motor é acoplado ao câmbio automático epicíclico Ford 6F15 de seis marchas que tem trocas suaves e o conversor de torque bloqueia a partir da segunda marcha. Em posição Drive a progressão das marchas e redução ocorrem dentro dos limites esperados e são indexadas à posição do acelerador, sendo 6.000 rpm a rotação máxima para troca. Já no modo Sport o câmbio parece que fica perdido em algumas situações de trânsito urbano, pois leva um tempo maior para ocorrer a troca de marcha.

A crítica severa fica para a eliminação dos botões +/- no pomo da alavanca seletora antes existentes, impossibilitando, por exemplo, escolher-se uma marcha mais reduzida para dispor de freio-motor numa descida de serra.

Quando em modo Drive aparece o sinal “D” no quadro de instrumentos, sem indicação da marcha em uso. Ao mover a alavanca seletora para “S” aparece apenas um “S” pequeno e segue faltando a informação da marcha que está engatada.

Dinâmica veicular

Curvas, ondulações, lombadas, remendos de asfalto: nada disso é obstáculo para a suspensão bem ajustada do Ford Ka. Em todas as situações que foi exigido respondeu a contento. Não notei em nenhum momento qualquer tipo de interferência com o solo.

A rolagem da carroceria em curvas é muito bem controlada, mesmo quando conduzido com maior rapidez e maior aceleração lateral resultante.

A tendência subesterçante é discreta e ao desacelerar ou frear não acontece uma transição brusca para sobre-esterçante. Em quase todas as situações há neutralidade direcional

O mesmo acontece com os freios. Diferentemente do EcoSport testado que apresentava uma curva de jump-in do freio muito pronunciada (atuação abrupta), neste exemplar de Ford Ka a modulação do pedal do freio e a curva de força no pedal versus desaceleração é bastante linear;. freios dianteiros são a disco ventilado na dianteira e traseiros, a tambor com Há o obrigatório ABS e distribuição eletrônica das forças de frenagem, que atende pela sigla EBD..

O volante de 375 mm de diâmetro tem aro emborrachado com boa anatomia, permitindo uma pegada na posição 9:15 ou 10:10 com bastante segurança. A relação da caixa de direção é baixa, portanto ela é rápida, 14,3:1, com 2,8 voltas entre batentes. A indexação de esforço pela velocidade tem boa progressividade. O sistema de direção eletroassistida consegue compensar rodas desbalanceadas em até 25 gramas, além de anular o efeito de puxar para um dos lados devido a caimento da via ou a vento lateral.

Colecionável?

Quando uma versão comemorativa é apresentada, espera-se que venha com alguma novidade mecânica ou tecnológica, o que não foi o caso neste edição do Ford Ka 100 anos. Porém sabemos que a marca Ford tem muitos entusiastas no Brasil. Talvez por isso os mil carros produzidos já foram todos entregues a rede de concessionárias. Portanto os interessados devem correr para garantir o seu ao preço de R$ 65.990.

GB

Ficha técnica  e lista de equipamentos após as fotos adicionais