FORD RANGER XLT 3,2, NO USO (COM VÍDEO)

Quando a Ford convidou o AE a comparecer ao lançamento da Ford Ranger 2020 na Argentina, onde a Ranger é produzida, fui designado pelo editor-chefe do AE, Bob Sharp, a fazer tal cobertura. Foi uma das minhas primeiras aparições nas páginas do AE. A versão disponibilizada para avaliação era a Limited com motor diesel 3,2-l, câmbio automático e tração 4×4. (leia aqui)

Além da versão Limited, a Ford Ranger é apresentada nas versões XL, XLS e XLT. Esta picape tanto me surpreendeu que pedi ao AEpara assim que possível solicitar um veículo para a avaliação “no uso”. Esta semana a Ford emprestou uma versão XLT, o que achei muito bom, pois dessa maneira pude avaliar uma picape bem equipada, porém não com todas as “atrações” eletroeletrônicas da Limited que já havia avaliado na Argentina.

Não quero de ser repetitivo nas avaliações, portanto todas as novidades apresentadas para o modelo 2020 podem ser vistas pelo link acima. Nesta avaliação vou destacar o que mais chamou a atenção nesse período de uso.

Quem compra picape busca a versatilidade de ter uma caçamba para suas necessidades profissionais ou de lazer. A caçamba da versão XLT não tem a proteção plástica que vimos na Limited. Isso traz certo desconforto, pois arrastar caixas ou qualquer outro tipo de carga diretamente no assoalho pintado dá uma dor no coração de qualquer autoentusiasta. Igual à versão Limited são os ganchos de fixação de carga. Apenas três de cada lado da caçamba na parte inferior, dificultando a ancoragem de cargas mais altas.

Usina de potência

Sim, chamar o motor Diesel turbocomprimido de 5 cilindros em linha de 3,2 litros e 200 cv de potência a 3.000 rpm apenas de motor é um desprezo. Essa usina fornece 47,0 m·kgf de torque na faixa de 1.750 a 2.500 rpm, e permite acelerar os 2.261 kg de 0-100 km/h em apenas 11,6 segundos.

Toda essa força é sensível na condução diária desta picape. Em nenhuma situação sente-se falta de potência para superar os diversos obstáculos do dia a dia. Além de ser uma potência respeitável é também uma potência fácil de ser administrada com o pedal do acelerador. A dirigibilidade do motor em trânsito urbano é digna de elogios.

O câmbio automático Getrag CR60 de 6 marchas que está acoplado ao motor através de conversor de torque tem troca de marchas suaves em todas condições de condução. Em retomadas de velocidade abaixo de 40 km/h é possível sentir um maior escorregamento do conversor. Este escorregamento é menor quanto maior for a velocidade ou o nível de aceleração desejado, assim como ao utilizar o modo Sport o escorregamento também é menor.

O sistema de tração permite o uso em 4×2, 4×4 e 4×4 com reduzida. Adicionalmente é possível acionar o bloqueio do diferencial para uma melhor condução em situações de off-road extremo. O controle de descida é uma “mão na roda” para as descidas mais difíceis das trilhas. Todos esses recursos são comandados eletronicamente através de seletores no console de túnel.

O desempenho de todo conjunto em rodovias é extraordinário. Em viagem de Campinas, onde resido, até à curva AE para as gravações do vídeo desta matéria foi possível sentir toda a saúde do motor e câmbio.

Na ida, conduzi a picape em velocidades de cruzeiro pelos limites das rodovias utilizadas para verificar o consumo de combustível. Chegando à Maison Blanche o consumo acumulado era de 10 km/l. Estando até melhor do que o valor homoolgado pela Ford junto ao Denatran, que é 9,4 km/l na estrada e 8,4 km/l em uso urbano.

No retorno, com a rodovia mais movimentada era mais difícil manter a velocidade de cruzeiro pelos limites das rodovias. Ainda existem muitos motoristas que gostam de ficar na faixa da esquerda, em velocidade bem abaixo do limite, mesmo quando a direita está livre. E o pior, demoram a sair, portanto tive que fazer muitas retomadas 70/80-110/120. Impressiona a rapidez com que a Ranger XLT executa essa retomada. Mesmo  utilizando o ‘Resume’ do controle de velocidade de cruzeiro a retomada é de colocar respeito. Logicamente, nessa condição o consumo de combustível foi pior, mas a diversão foi prazerosa.

Conforto de rodagem e ruído interno

Na avaliação em Mendoza, Argentina, eu já havia destacado o bom nível de ruído interno da versão Limited. Pois a versão XLT segue pelo mesmo caminho. Em velocidades de cruzeiro de 100-120 km/h é bem silenciosa, tanto no ruído de rodagem quanto no ruído de motor para dentro da cabine.

Em acelerações fortes, saindo da imobilidade em pista com leve aclive, nota-se que a adoção de amortecedores traseiros em posições invertidas, um ancorado pela frente do eixo e outro por trás, ajuda a minimizar a vibração e o saltitar proveniente do conjunto de transmissão (câmbio, cardã e eixo traseiro).

A cabine é apoiada no chasss em três coxins de cada lado na sua parte central e dois coxins adicionais próximo ao para-choque. A calibração desses coxins em conjunto com a calibração da suspensão (mola/amortecedores) é fundamental para o conforto geral. Rodando com a picape em pisos variados é difícil de notar qual elemento de amortecimento está trabalhando em cada condição, dada a boa integração que foi obtida pelos engenheiros da Ford.

O ajuste da suspensão desta versão XLT é o mesmo da Limited e todas as alterações de geometria dos braços dianteiros, molas, barras antirrolagem e amortecedores são idênticos. Pneus 215/60R18T (Bridgestone Dueler H/T) equipam esta versão e estão montados em rodas de liga de alumínio. Trafegando com a picape nas condições conhecidas do dia a dia fica claro a preferência na calibração que foi dado para o conforto de rodagem. A picape não chega a ser um sedã de 3 metros de entre-eixos, mas dentro do segmento das picapes médias é um forte competidor a tirar nota máxima em conforto.

Nas curvas da Estrada dos Romeiros, local da famosa Curva AE, a picape também demonstrou solidez para contornar as curvas com pouca rolagem da carroceria e causando pouco desconforto para os ocupantes do veículo.

Segurança, conectividade e comodidade

A XLT não tem todos os recursos de auxilio de condução voltados a segurança relatados na Limited, como: alerta de ponto cego, frenagem autônoma de emergência com detecção de pedestres, sistema de permanência em faixa e reconhecimento de sinais de trânsito. Porém, o conteúdo oferecido satisfaz a grande parte dos usuários desse tipo de veículo e dão plena segurança na condução.

A central multimídia é a versão mais completa da linha Ford, o SYNC 3, sendo bem fácil e intuitiva a operação. A surpresa fica pelo toca-CD que está incorporado ao console central, componente que tem sido cada vez mais raro encontrar nos novos veículos. A qualidade de som proporcionada pelos alto-falantes instalados na cabine é muito boa.

Sistema de climatização com controle eletrônico automático e bizona é um atrativo desta versão, fica a ressalva pela falta de saídas de ar para o banco traseiro. Há duas portas USB e duas tomadas 12-V no console central.

Picapes costumam ser um veículo mais cansativo e pesado para dirigir, pois os comandos de freio, acelerador e direção são mais pesados do que nos veículos de passageiros. Isso acontece principalmente pelo maior peso deste tipo de veículo. No caso da Ranger XLT o freio é pesado proporcionalmente ao tamanho do veículo, sem ser desconfortável.

O sistema de direção eletroassistida utilizado em picapes é diferente do utilizado em veículos de passageiro. Picapes utilizam a caixa de direção de dois pinhões, em que o primeiro pinhão está conectado à árvore de direção e consequentemente ao volante, e o segundo pinhão está conectado ao motor elétrico que proporciona a assistência de esforço. (vide ilustração abaixo). Porém a progressão de esforço é ajustável da mesma maneira que os sistemas com motor instalado na árvores de direção.

Tradução
Assist mechanism > mecanismo de assistência
Motor/ECU > motor elétrico/unidade de controle eletrônico
Reducer > redutor
Rack bar > barra da cremalheira
Pinion > pinhão
Steering wheel shaft > árvore do volante de direção
Torque sensor > sensor de torque

Conclusão

A Ford Ranger XLT é uma boa opção para quem busca uma picape 4×4 com flexibilidade para uso urbano, tranquilidade para viagens mais longas e boa capacidade de utilização fora de estrada. Toda essa versatilidade acompanhada do luxo e conforto do acabamento interior em couro nos bancos.

A versão testada tem preço público de R$ 176.420 e as demais versões tem preço inicial de R$132.320 no modelo de entrada XL 2,2 4×4 Manual a R$ 188.990 na Limited 3,2 4×4 Automática.

Assista ao vídeo:

GB

Ficha Técnica e Lista de Equipamentos após as fotos adicionais