Trump e Bolsonaro não concordam. E pode haver mesmo um tanto de exagero entre os arautos do fim do mundo. Mas, mesmo com as oscilações climáticas que sempre ocorrem naturalmente com frequência na ordem de centenas de milhares de anos, está provada a interferência do homem nos problemas atuais do meio ambiente.
Não resta dúvida de que a emissão de dióxido de carbono (CO2 ) tem influência sobre a camada do gás na troposfera a impedir que o calor da Terra se dissipe no espaço e se deve desenvolver tecnologia para reduzi-la. Um verdadeiro efeito estufa. Os caminhos são os mais diversos e até surpreendentes: já se planta um capim especial para reduzir os gases emitidos pela vaca (flatulência e arroto), Puro metano (CH4), outro gás do efeito estufa, 21 vezes mais ativo que o CO2.
É pouco? Multiplique por 1,5 bilhão de vacas no mundo…
Tecnologias pipocam em todo canto para mitigar essas emissões, mas o crescimento populacional (e de renda) anula suas conquistas. Aviões emitem uma barbaridade de CO2 , pois queimam mais de 100 toneladas de querosene de aviação num voo intercontinental. Conquista tecnológica: nos últimos dez anos, essas emissões foram reduzidas pela metade. Contraponto: o número de passageiros neste período cresceu cinco vezes…
Os carros poluem cada vez menos, sem dúvida. Mas o número deles não para de crescer. O elétrico tem emissão zero, mas a energia gerada para carregar suas baterias pode emitir toneladas de gases poluidores. Na China, por exemplo, parte dela é gerada por usinas de carvão. Em muitos outros países, por geradores térmicos, a diesel ou a gás natural.
Ninguém usava celular há 30 anos. Hoje são bilhões pelo mundo, que ninguém imagina, mas poluem. Além das baterias e energia consumida, milhares de equipamentos nas “nuvens” para armazenar dados de celulares e computadores também contribuem significativamente para poluição da atmosfera.
No Brasil, temos uma boa opção energética, o álcool. Mas, engana-se quem pensa ser uma solução limpa: ele também faz sua lambança ambiental, em menor escala. São expelidos gases pelo escapamento de seus motores e a conta quase se equilibra pelo carbono absorvido no campo pela cana-de-acúcar durante seu crescimento. Mas sua produção, resíduos e transporte poluem. Há países planejando adotá-lo como combustível e importá-lo do Brasil. Mas os ecochatos prontos para protestar: vamos receber aqui um CO2 que será compensado pela absorção da lavoura lá no Brasil?
Outras questões controversas: nossa área agricultável é enorme mas, mesmo assim, um aumento gigantesco na plantação da cana não iria sobrar para o preço do feijão?
Não existe consenso para a substituição do combustível fóssil. Os motores atuais (Ciclo Otto) são excelentes candidatos ao museu e indefensáveis tamanha sua ineficiência térmica. A alternativa mais provável é a volta ao motor elétrico. Volta? Sim, milhares deles foram movidos por baterias no início do século passado. Só não vingaram por falta de… acreditem: autonomia! O álcool também movimentou motores antes dos derivados do petróleo. O Ford modelo T (1908-1927) foi o primeiro flex do mundo, pois tinha regulagem de distribuidor (um lado do “bigode” na coluna de direção para controlar o avanço da ignição) e de mistura ar-combusíivel, podendo queimar gasolina ou álcool. Outra solução já comercializada no Japão e Coreia do Sul é o “fuel-cell”: carro elétrico sem bateria de tração, com energia gerada nele mesmo por pilhas a hidrogênio.
Evaldo Costa, brasileiro, especialista entre os mais renomados do mundo em mobilidade sustentável (www;verdesobrerodas.com.br), dedica-se hoje ao intercâmbio internacional de créditos de carbono. E define as três vertentes do pensamento científico sobre as soluções possíveis para se combater os perigos ambientais que nos ameaçam:
1. “Deixa rolar” – O homem sempre se adaptou às situações mais adversas da natureza, variações climáticas já aconteceram em outras eras e ele sobreviveu a todas;
2. Há que se mitigar com urgência os efeitos do CO2 ou será o caos total: a elevação da temperatura e dos mares vai impossibilitar a vida humana na Terra;
3. Que se danem todos aqui, vou pegar um foguete e me mandar para outro planeta (*). O filé já foi, não quero brigar pelo osso….
BF
(Atualizada em 23/11/19 às 19h35, correção do nome do gás expelido pelo gado bovino na flatulência e no arroto)
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
*passagens com o Sr. Elon Musk: procurar na SpaceX ou Tesla, na Califórnia (EUA)
Mais Boris? autopapo.com.br