Claro que para os apaixonados por motores não poderiam passar em brancas nuvens os robustos 4 e 6-cilindros que surgiram em nosso mercado inicialmente para propulsionar os Opalas. Esses motores chegaram no mercado nacional no final de 1968 com o lançamento dos Chevrolet Opala no Salão do Automóvel em novembro.
Não eram o ápice da modernidade, pois possuíam comando de válvulas no bloco e eram totalmente fundidos em ferro, mas os tuchos hidráulicos garantiam o silêncio e a suavidade de funcionamento e dispensavam a regulagem das válvulas.
Inicialmente, 4 e 6 cilindros eram praticamente idênticos: diferiam entre si apenas no número de cilindros, mas dimensionalmente eram parecidos e compartilhavam pistões, bielas e anéis. A versão de 4 cilindros era de 153 pol³ (2.509 cm³) e a versão de 6 cilindros era de 230 pol³ (3,768 cm³). Diâmetro dos cilindros e curso dos pistões eram idênticos, 98,42 mm x 82,55 mm
Esses motores, oriundos dos Estados Unidos e lançados em 1962, quando o 6-cilindros passou a ter sete mancais do virabrequim em vez de quatro, eram usados por lá em versões simples e baratas que utilizavam motores de entrada com 4 cilindros e versões mais caras como do Chevrolet Impala ou do próprio Camaro dotados em suas versões de entrada de motores de 6 cilindros. Se eles não possuíam a sofisticação da modernidade, certamente eram muito robustos e duráveis.
Em 1971, aqui no Brasil, aumentou o curso dos pistões do motor 3800 para 89,66 mm e assim chegou-se ao motor 4100, de 250 pol³ (4.093 cm³). Esse motor foi lançado inicialmente em uma versão ainda sedã do Opala, batizada de SS, Nesse momento, o Opala já dava mostras de um desempenho acima da média para o nosso mercado.
Uma reclamação constante dos proprietários do motor de 4 cilindros era a de que o motor era áspero em seu funcionamento, principalmente nos baixos regimes de rotações e na marcha-lenta. Alterações foram feitas no diâmetro dos cilindros e no curso dos pistões: aumentando o primeiro para 101,6 mm e reduzindo o segundo para 76,2 mm com novo virabrequim, juntamente com alongamento das bielas e adoção de volante do motor mais pesado. Com essas alterações, a cilindrada do motor de 4 cilindros foi ligeiramente reduzida para 2.471 cm³ (151 pol³). Esse novo motor de 4 cilindros foi lançado em 1974. Acalmou a marcha-lenta e aquela aspereza dos baixos regimes praticamente desapareceu.
Da mesma forma, o motor 4100 também evoluiria em 1974 para enfrentar a chegada do Maverick V-8 da Ford nas corridas de carros de Turismo. Ganhou novo comando de válvulas em combinação, com tuchos mecânicos, a taxa de compressão foi aumentada, o carburador passou a ser de duplo corpo com novo coletor de admissão de alumínio, transformando o pacato e silencioso 4100 no nervoso e potente 250S. Um versão civilizada com tuchos hidráulicos em 1976 transformaram a versão SS do Opala em uns dos carros mais rápidos do nosso mercado.
Esses motores, tanto na versão 4 quanto na versão de 6 cilindros, foram produzidos pela General Motors até meados dos anos 90 e uma versão atualizada do 6-cilindros com injeção de combustível e cabeçote com dutos de admissão individuais (siameses antes) chegou a ser utilizada de 1994 até o final de produção do Omega em 1998.Até na picape Silverado foi usado.
Atualmente, esses motores altamente preparados com turbocompressor e cilindrada elevada para 4.785 cm³ (292 pol³), utilizado em provas de arrancada, chegam a gerar mais de 1.000 cv. É impressionante lembrarmos que esses motores em seus primórdios em 1968 não passavam de 4.000 rpm e, atualmente nessas nervosas versões esportivas de competição chegam a girar a mais de 7.000 rpm depois de devidamente preparados para isso.
Certamente um motor que marcou época na história de nossa indústria automobilística.
DM
A coluna “Perfume de Carro” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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