Sábado último ( 21) Interlagos viveu mais uma edição da tradicional prova “500 Quilômetros de Interlagos”, corrida que se realiza desde 1957 no circuito paulista. Sua característica mais marcante era a de ser realizada no anel externo de 3,25 km, portanto de média horária elevada, a exemplo dos ovais nos Estados Unidos. Com a extensa reforma da pista em 1990 o anel externo foi abandonado (ainda existe) e o circuito completo de 7,960 km reduziu-se para 4,309 km, onde as provas de 500 km são realizadas hoje..
No ano passado a prova contou com os carros de primeira linha que disputam o Campeonato Brasileiro de Endurance (Resistência), do qual participam desde esporte-protótipos nacionais de alta desempenho, como os AJR, a carros importados da categoria GT, como Ferrari, Porsche e Lamborghini.
Neste ano, por qualquer que tenha sido o motivo, a 500 Quilômetros foi marcada no mesmo fim de semana da etapa de Curitiba do Campeonato Brasileiro de Endurance. Desta forma, os participantes desse campeonato estavam todos em Curitiba, mais precisamente em Pinhais, na na região metropolitana de Curitiba, onde o Autódromo Internacional Raul Boesel é localizado.
A organização da prova de Interlagos conseguiu formar um grid de 30 carros, reforçando o lado tradicional da prova, onde grande parte dos participantes eram de equipes amadoras, correndo pela disputa e desafio de completar as 117 voltas da corrida.
Por um lado, um bom negócio, que trouxe diversos pilotos e carros para a corrida. Carros mais simples, alguns até quase que legais para andar na rua. De certa forma, foi uma prova mais “democrática”, para não dizer popular. Não há nada de errado nisso, pelo contrário, quanto mais cheio o grid, melhor.
Foi uma boa chance para quem quisesse se desafiar numa corrida longa, com menos recursos que as equipes mais profissionais que fazem o Campeonato Brasileiro de Endurance. As 500 Quilômetros sempre foram assim, aberta a todos que topassem o desafio.
Quem esperava ver grandes carros como em edições passadas, repletas de Porsches e protótipos modernos e rápidos, ficou passando vontade. Uma pena, pois esta corrida é marcada por presenças marcantes há anos, inclusive com participantes do exterior. Mas, sempre melhor um grid com carros modestos do que uma corrida cancelada por falta de inscritos.
Os inscritos foram classificados nas seguintes categorias:
Turismo 1.6 (T1.6) – carros com motores de até 1.600 cm³, tanto de oito quanto dezesseis válvulas. Os pneus são obrigatoriamente radiais e fabricados ou no Brasil ou em algum país integrante do Mercosul. O tanque de combustível pode ter capacidade máxima de 100 litros.
Turismo 2.0 (T2.0) – carros com motores de 2.000 cm³, as equipes têm mais liberdade na preparação do carro, desde que respeitando o peso mínimo de 850 quilogramas. Os pneus podem ser radiais ou slicks de procedência livre e o tanque de combustível, assim como na divisão Turismo 1.6, deve ter capacidade de até 100 litros.
Turismo Força Livre – carros com motores acima de 2.000 cm³ com chassi tubular, ou com motores turbo de qualquer cilindrada. O tanque de combustível deve ter capacidade máxima de 100 litros. Veículos com motor turbo devem pesar no mínimo 1.000 kg e os demais devem ter no mínimo 1.200 kg.
P3 – protótipos com motor até 2.100 cm³, aspirado e de oito válvulas. Os pneus são slicks, o câmbio deve ser manual, podendo ser nacional ou importado. Tanques de combustível de no máximo 100 litros e os carros devem pesar no mínimo 630 kg sem o piloto.
P2 – protótipos com motores de no máximo 2.100 cm³, podendo ter dezesseis válvulas. O câmbio pode ser manual ou sequencial. Os protótipos P2 deverão pesar no mínimo 650 kg sem o piloto, levando 20 kg a mais que os carros da categoria P3.
Um dos destaques deste ano foi o Maverick V-8 altamente modificado para pista da dupla formada por Luiz Fernando “Batistinha” e Euclides “Kid” Aranha (foto de abertura), o carro mais rápido da pista, virando tempo de volta de 1:41,4 min, que largou em quinto mas assumiu a ponta na reta da largada. Mas depois de 17 voltas abandonou: segundo informação oficial no Instagram do Batistinha, estava previsto o carro dar apenas 17 voltas, a duração do tanque de combustível, pois seu Maverick não conta com sistema para reabastecimento rápido. Decisão um pouco estranha inscrever um carro não compatível com a prova e com uma dupla de pilotos para dar apenas poucas voltas, mas foi a decisão da equipe, que é soberana para isso..
O vencedor foi o Spyder da dupla Sérgio Pistili e Deninho Casarini, que largaram em primeiro depois da penalização sofrida pelo Maverick no treino. Este carro é uma evolução dos tradicionais Aldee Spyder do começo dos anos 2000. Alguns destes estava presentes na corrida, também ficando com a segunda colocação.
Outro destaque foi o Aldee cupê da dupla Paulo “Loco” Figueiredo e Silvio Zambello, filho do grande Emílio Zambello, que largou dos boxes e conseguiu terminar em quarto lugar. O carro mesmo sendo antigo, era muito bem acertado e competitivo.
Da categoria dos carros de turismo, o mais rápido foi o Mitsubishi Lancer turbo do trio Marco Scalamandré, Rodrigo Garcia e Fernando Julianelli, este correndo na categoria Turismo Força Livre, que terminou em terceiro lugar. Outro destaque foi o Alfa Romeo 156 do trio Erick Grosso, Fernando Kfouri e Luiz Braga, talvez o mais bonito do grid, mas que teve problemas mecânicos desde os treinos, e terminou a prova heroicamente, sendo empurrado pela equipe até a linha de chegada, depois de quebrar na última volta.
Dos demais inscritos, vimos um Chevrolet Kadett de aparência quase original, mas obviamente preparado para a corrida com os equipamentos necessários de segurança e alívios de peso. Um VW Brasilia também fez parte do grid, vencendo na categoria T1.6.
O Fusca 2-litros da dupla Marcelo Coelho e Caio Dias era espetacular, quase que um Divisão 3 do passado, totalmente modificado e com motor de quatro cilindros em linha traseiro com direto até a tomada de ar lateral similar a usada nos Fórmula 3.
Abaixo você pode ver a gravação da corrida completa e diversas outras fotos da prova.
Atenção: Avance o vídeo ate 17 min 20 s, que é o ponto de início.
MB
Resultado da corrida:
Pos | N° | Classe | Pilotos | Carro | Voltas |
1 | 151 | P3 | Sérgio Pistili / Deninho Casarini | Spyder | 117 |
2 | 10 | P3 | Roberto Dal Pont/Luiz Abbade | Spyder | 106 |
3 | 777 | TFL | Marco Scalamandré/Rodrigo Garcia/F. Julianelli | Mitsubishi Lancer | 104 |
4 | 7 | P2 | Paulo “Loco” Figueiredo/Silvio Zambello | Aldee Cupê | 103 |
5 | 222 | T2.0 | Carlos Vallone/Carlos Asciutti/ A. Fortunato | VW Gol “Tomahawk” | 102 |
6 | 66 | P2 | J. A. Machado/ Luc Monteiro | Spyder VW | 101 |
7 | 73 | P3 | J. Tinoco/ P. Cardoso | Spyder VW | 100 |
8 | 78 | P3 | J.A. Machado/ A. Cignetti | Spyder | 100 |
9 | 2 | TFL | Eduardo Bernasconi/Felipe Pilli | Audi A3 DTCC | 95 |
10 | 51 | TFL | Rodrigo Pereira/Renan Casetta/João Barret | Fiat Linea | 95 |
11 | 71 | T1.6 | Marcelo Servidone/Luís Finotti/Marcelo Fortes | VW Brasilia | 94 |
12 | 76 | P2 | L. Torri/ Z. Vilela | MRX | 94 |
13 | 510 | T1.6 | Marcos Paulo/Thiago Pereira/Konrad M. Viehman | Chevrolet Corsa | 93 |
14 | 74 | P3 | Sergio Martinez/ Edu Souza | Spyder | 91 |
15 | 18 | T2.0 | Iures Delfino/Estêvão Alexandre/Rogério Dudu | Renault Sandero RS | 90 |
16 | 22 | T2.0 | E. Grosso/F. Kfouri/ L. Braga | Alfa Romeo 156 | 89 |
17 | 118 | P2 | B. Bunn/Peter William Januário/Peter William Januário Jr. | Spyder | 85 |
18 | 65 | T1.6 | Edgard/F. Dias/F. Morassi/ Pina/R. Rodrigues | Puma VW | 83 |
19 | 971 | T2.0 | Ricardo Cimatti/Tadeu Jaime/ T. Regis | Renault Sandero RS | 79 |
20 | 34 | T2.0 | L.S. Ferreira/ F. Prado | Chevrolet Kadett | 77 |
21 | 17 | P3 | Leandro Guerra/Ciro Paciello | Spyder | 72 |
22 | 87 | T2.0 | A. Rhormens/E. Palladini/ F. Cezario | Renault Sandero RS | 71 |
23 | 178 | T1.6 | R. Lilla/C. Salto/ A. Mazzucato | Renaul Clio | 54 |
24 | 21 | T2.0 | Marcelo Ferraz/Thiago Lourenço/Fabiano Rocha | Chevrolet Corsa | 46 |
25 | 84 | T1.6 | Dimitris/ Denis/Ernest | Renaul Clio | 41 |
26 | 16 | TFL | Luiz Fernando Baptista/”Kid” Aranha | Ford Maverick | 17 |
27 | 91 | MARCAS | Hugo Doria | VW Gol | 12 |
28 | 0 | T2.0 | Marcelo Coelho/Caio Dias | VW Fusca | 9 |
29 | 12 | P3 | Mauro Kern/ H. Guerra Jr. | MCR | 7 |
30 | 77 | TFL | Edras Soares/Esdras Soares/Juarez Soares | Chevrolet Vectra | 7 |
31 | 122 | TFL | Gregao/R. Santos/ Pe. Gomes/P. Gomes | Chevrolet Opala | 1 |
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