Nem mesmo a dificuldade em definir seu calendário para o ano que inicia amanhã tem arrefecido os ânimos dos automobilistas paulistas. A julgar pela movimentação notada na disputada da última etapa da temporada estadual de 2019 pode-se esperar um ano com grandes novidades e bons grids, incluindo novas categorias e até mesmo incentivos à participação feminina. Razões para esse otimismo nascem da visão de alguns preparadores da F-1600 (foto de abertura) e do sucesso de competições como a Gold Classic Interlagos e do Campeonato Brasileiro de Turismo 1600.
Praticado dentro de um espírito de automobilismo raiz, os campeonatos regionais de automobilismo no Brasil têm uma característica cada vez mais ausente nos torneios de nível nacional. Em vez de boxes fechados e exageros de profissionalismo que aumentam o custo de forma astronômica, nas competições regionais pratica-se o espírito da camaradagem sem deixar de lado o lado competitivo, algo necessário em qualquer esporte. Certamente nem tudo são maravilhas: os orçamentos mais enxutos e os patrocínios mais magros resultam em limitações para uma divulgação mais ampla.
Parte desse problema parece estar em vias de alcançar uma solução: os preparadores da categoria F-1600 optaram por criar uma associação informal visando o crescimento da especialidade. Há tratativas com a diretoria da Federação de Automobilismo de São Paulo (Fasp) para tal e nota-se disposição de ambos os lados para um final feliz a começar pelo presidente da entidade, José Aloizio Cardozo Bastos: “Estamos negociando com os principais donos de equipes da F-1600 para desenvolver novas ideias e explorar as possibilidades que nosso campeonato oferece. A sede da nossa federação está sempre aberta para analisar e desenvolver novos projetos, além de termos uma estrutura técnica e desportiva única, detalhes que garantem consistência a novas propostas.”
De acordo com Juka Gandelim, um dos líderes do movimento entre os chefes de equipe, a categoria deverá ter um grid mais expressivo e a participação de mulheres: “O foco da F-1600 2020 será o campeonato da Fasp e nossa lista de inscritos vai crescer significativamente, Estamos em contato com duas meninas interessadas em participar do nosso campeonato e esperamos anunciar os nomes ainda em janeiro.”
Além da F-1600 o calendário paulista receberá provas para as Fórmulas Vee, Inter e Delta. A primeira tem carros semelhantes aos usados na F-1600 e este ano alinharam juntas, melhorando a qualidade do espetáculo; as outras duas também tem carros semelhantes entre si. A F-Inter usa motor Ford 1.8 com preparação limitada, a segunda tem chassi semelhante, igualmente projetado por José Minelli, porém equipado com motor de Mitsubishi ASX, e as duas usam pneus Yokohama, condições que justifica dividirem o mesmo grid para oferecer disputas mais intensas e permitir um aproveitamento mais racional da programação.
Outras categorias com grande potencial para crescer na temporada paulista de 2020 são a Força Livre e a Marcas e Pilotos. A primeira absorverá os veículos que disputam as provas como a Gold Classic, onde são admitidos automóveis com diferentes níveis de preparação, expediente que dá aos preparadores de carros de turismo e protótipos a possibilidade de criar e desenvolver novas soluções de mecânica e aerodinâmica. A segunda é uma tentativa de renovar o parque de automóveis de turismo com motores de até 1.600 cm3.
Aproveito minha última coluna (e do AE) de 2019 para comemorar com o leitor ou leitora a chegada de 2020, ocorrida no exato momento — 10h00 — em que “Conversa de pista” subiu para a rede mundial de computadores. Isso porque Quiribati, país insular no Pacífico Central cuja capital é Tarawa, está 14 horas adiante.
WG