TOYOTA YARIS SEDÃ, UMA REVISITA

Fazia algum tempo que eu me perguntava como será o Yaris no uso do dia a dia. Eu só o havia dirigido brevemente em duas ocasiões, numa apresentação prévia duas semanas antes do lançamento, em que fomos da fábrica de motores Toyota, em Porto Feliz, à fábrica do Etios e do Yaris em Sorocaba, às margens da Rodovia Castello Branco, e no lançamento propriamente dito, curto percurso na marginal do Pinheiros congestionada. Assim, solicitei um a Toyota, que cedeu um  sedã XS ao AE.

Essa versão, de preço público sugerido R$ 80.990, é bem parecida com a de topo XLS, de R$ 85.990; e são mecanicamente idênticas. Em relação ao preço de lançamento em agosto do ano passado o XS aumentou exatos R$ 4 mil, 5,2%.

Comparando-o à versão XLS, o XS não tem bolsas infláveis laterais e de cortina, sensor de chuva, maçanetas externas cromadas (pintadas de prata na XS), faróis com máscara negra e luzes de guia em LED, e teto solar.

Desempenho não é extraordinário, mas agrada

O resultado de sete dias andando com o Yaris é que um carro que me agradou. O motor 1,5-litro de aspiração natural parece insuficiente em potência e torque com seus 105/110 cv a 5.600 rpm e torque de 14,3/14,9 m·kgf a 4.000 rpm, mas como precisa deslocar um carro de apenas 1.130 kg de peso em ordem de marcha, o que resulta num relação peso-potência de 10,8/10,3 kg/cv, é bem aceitável em disposição para acelerar e ganhar velocidade. O torque específico na melhor hipótese, 9,9 m·kgf/L, é 1 m·kgf menor que o do motor Fiat Firefly, o campeão brasileiro nesse quesito.

A desenvoltura satisfaz, essa versão arranca com facilidade da imobilidade. Estimo (a Toyota não informa) o 0-100 km/h em 11 a 11,5 segundos e velocidade máxima que beira os 180 km/h, coerente com um carro para servir de transporte básico com conforto e bom espaço interno. O porta-malas é de 473 litros, menor que o do irmão Etios sedã e seus superlativos 562 litros, mas aceita levar bastante bagagem. Mas a “boca” do porta-malas mede 960 mm de largura por 450 mm de altura, uma das menores entre os sedãs..

Ajuda o rodar tranquilo e agradável — longe de esportividade — o câmbio automático CVT de sete marchas chamado de Multidrive pela Toyota, com trocas manuais pela alavanca ou  pelas borboletas.. Funciona bem, estando mais para tipo epicíclico do que para relações continuamente variáveis. Sai prontamente nas arrancadas dos semáforos como se não fizesse força e vai trocando marchas automaticamente, com indicação da marcha em uso no quadro de instrumentos. Para quem quer deixar a perna esquerda sossegada vai muito bem.

Na relação de marcha mais longa o motor vai sereno a 2.700 rpm a 120 km/h  e o controle automático de velocidade de cruzeiro é comandando por prática e inconfundível pequena alavanca atrás do volante, em posição mais baixa.

O consumo de homologação no Denatran é 12,0/8,3 km/l na cidade e 14,6/10,1 km/l, na cidade. Com gasolina, o consumo oficial foi atingido sem dificuldade, às vezes um pouco pior na cidade  segundo o tráfego. O tanque é menor do que deveria ser, só 45 litros, mas com gasolina o alcance é bom, em torno de 600 quilômetros. Com álcool cai para 450 quilômetros.

O comportamento em curva é muito bom e os pneus 185/60R15 são plenamente adequados; o estepe é estreito, temporário. A rodagem mostra bom compromisso entre estabilidade e conforto. A direção eletroassistida perdeu a maior parte da relutância em retornar após uma curva e o centro está mais bem definido. Digamos que agora passa, não incomoda mais. Mas a redução da assistência com o aumento da velocidade é correta.

O Yaris XS recebeu sobrenome Connect por ser possível agora — finalmente — espelhamento de aplicativos em plataforma Android Auto e Apple Car Play,

Há itens que agradam no Yaris. Caso do ajuste do relógio, feito por dois botões a parte inferior do conta-giros. Simples, fácil e rápido. A partida é por botão e, comum hoje, é assistida, basta um único toque rápido no botão. Melhor ainda é ser desnecessário apertar o pedal de freio o para a partida, ao contrário de alguns carros..E sendo a chave presencial, o acesso ao interior é sem chave, basta tocar num botão da maçaneta da porta do motorista. O mesmo para trancar o carro. Pode parecer futilidade, mas o fato é que se acostuma rapidamente com essas modernidades.

O Yaris XS tem faróis e luz traseira de neblina, nada mais lógico — se tem um tem que ter o outro, o perigoso fenômeno meteorológico não escolhe lugar — mas tem fabricante que acha que não.

Muito bom o computador de bordo, fácil e intuitivo de usar, inclusive com a indispensável repetidora do velocímetro em leitura digital. O quadro de instrumentos tem grafismo clássico, até certo ponto antiquado, mas é belo e sobretudo fácil de ler.

Mas há a esdrúxula solução, herança do Etios, de alojar o macaco sob o banco do motorista. Tirá-lo até que é fácil, mas para fixá-lo no lugar é preciso fazer curso… Falta o útil acionamento rápido das setas, o “pisca-3”, existente em praticamente todos os carros novos hoje.

E a falta das faltas: a luz de rodagem diurna que não vem de fábrica, só colocando o sistema nas concessionárias como acessório original — ao preço superior a R$ 2 mil. O carro revisitado a tinha, um erro, carros de teste devem estar equipados do jeito que saem da linha de produção.

Para fechar a revisita, fiquei com impressão bem  melhor do Yaris do  que quando o dirigi no começo, como dito. Tem todos os atributos do seu irmão mais velho Etios, mas tem linhas incomparavelmente mais atuais e bonitas.

BS

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