BMW X1 xDRIVE25i SPORT, NO USO

Os suves estão a cada dia ganhando mais espaço, seja em vendas ou mesmo nos inúmeros lançamentos do setor. É quase impossível encontrar hoje algum fabricante que não tenha ao menos um deles em sua linha. Se por um lado entendo que é fabricado o que mais vende, o meu coração entusiasta ainda bate forte por peruas e carros com câmbio manual. Assumo que não sou o maior fã deste tipo de veículo, mas é inegável o quanto eles evoluíram com o passar dos anos.

A BMW não foge à regra e tem uma grande linha disponível no Brasil: X1, X2, X3, X4, X5, X6 e, ufa, X7. Tive a oportunidade de avaliar por uma semana e mais de 1.000 quilômetros o modelo “porta de entrada no mundo X” da marca — o X1 — em seu melhor pacote. Nesta última atualização da linha 2020 o modelo recebeu uma nova grade frontal, novas e maiores saídas de escapamento, faróis com matriz em LED, alterações na lanterna traseira, além de uma tela da central multimídia maior.

No total são três versões disponíveis do X1:

BMW X1 sDrive20i GP ActiveFlex (R$ 221.950)
Ar-condicionado automático digital duas-zonas, volante multifuncional com borboletas para trocas de marcha, direção eletroassistida indexada à velocidade, espelhos retrovisores externos com memória, aquecimento e rebatimento; abertura e fechamento motorizado tampa da porta de carga; abertura e o fechamento das portas sem a necessidade da chave, pacote interno de comodidade e de luzes internas. Pneus run flat, assistente de estacionamento com câmera de ré, sensores de obstáculos dianteiro e traseiro; sensores de chuva e crepuscular; controle automático de velocidade de cruzeiro; rodas de liga de alumínio de 18 polegadas Y-Spoke; e rack de teto em preto.

BMW X1 sDrive20i X Line ActiveFlex (R$ 249.950)
Além de itens em comum com a versão GP, bancos dianteiros esportivos com ajuste elétrico e memória, sistema de navegação plus, projetor de dados no para-brisa e teto solar panorâmico.

BMW X1 xDrive25i Sport ActiveFlex (R$ 272.950)
Além de itens em comum com a opção X Line, sistema de áudio Hi-Fi e rodas de liga de alumínio de 19 polegadas Y-spoke.

Olhando apenas as duas últimas versões parece um salto muito grande (R$ 23.000) apenas por rodas de 19″ e som de muito boa qualidade, mas o que a lista de equipamentos não informa é a grande diferença que o “xDrive” e o “25i” fazem no carro. O primeiro deles indica a tração integral sob demanda. Já o segundo indica que o motor turbo entrega 231 cv de potência máxima e 35,7 m·kgf de torque a partir de míseros 1.250 rpm. Se você é daqueles que corre para ler a ficha técnica já deve saber que isso é potência suficiente para levar o X1 de 0 a 100 km/h em 6,5 segundo e levá-lo à velocidade máxima de 235 km/h — números muito bons para um suve familiar. De todas as versões do disponíveis, esta que testei é a mais indicada para quem realmente gosta de dirigir — e pode pagar por isso.

No uso

Meu roteiro buscou incluiu um pouco de tudo. Saindo de São Paulo fui até Campos do Jordão junto com um grupo de entusiastas da marca. Por lá pegamos serras, curvas e até um pequeno trecho de estrada de terra. Em seguida dirigimos até o interior de São Paulo para sentir o carro no dia a dia da cidade e ao final da semana retornar para a capital paulista pelas melhores rodovias.

Logo aos primeiros metros o carro mostra todo o DNA da marca bávara, com o pedal do acelerador pivotado no assoalho e volante com respostas diretas e pouco mais de peso. Saí de São Paulo com uma leve garoa e achei melhor aproveitar o trânsito para explorar alguns ajustes. A central multimídia com tela de 10,25 polegadas é de fácil uso, podendo ser comandada tocando na própria tela ou pelos botões no console. O pareamento com o celular é totalmente sem fio (só Apple CarPlay) é muito rápido, falta apenas o carregamento por indução. Na tela também era possível ter acesso a notícias em tempo real, alertas de trânsito e GPS nativo. Nesse momento deixei a tela dividida metade para o mapa e metade para mostrar o funcionamento do motor. Foi interessante ver o sistema de regeneração de energia atuando, além do sistema de desligamento do motor nas paradas.

Na serra

Chegando em um posto para encontrar os outro participantes do passeio, o sol finalmente abriu (foto de abertura) para a alegria de todos. Foi muito interessante conhecer vários donos de carros da marca, desde os clássicos até os esportivos mais fortes da linha M. Em sua maioria são pessoas que realmente gostam de dirigir e que sabem bastante sobre o próprio carro. Antes de sair ainda aproveitei o tempo para conhecer mais os ajustes elétricos dos bancos — apenas o do motorista é possível regular também o quanto as abas laterais “abraça” o corpo. O volante tem regulagem de altura e distância, o que já é esperado neste nicho de mercado, porém impressionou a grande amplitude de ajuste permitida.

Como imaginei que a subida de serra seria animada — e como foi! — resolvi ajustar o carro para a tarefa. Bastou selecionar o moto Sport do motor e câmbio para o tranquilo X1 mostrar muitas qualidades. Com respostas diretas com menos curso do pedal do acelerador, volante de direção com mais resposta, bons freios e muita força nas saídas de curva, foi possível deixar vários donos de BMW 320i sem entender como estavam sendo ultrapassados por aquele grande suve preto mesmo em subida. A tração integral e as respostas diretas permitem colocar o X.1 exatamente onde se quer. Foi possível também deixar a central em modo Performance. Com esta opção ligada a central multimídia passa indicar a potência e torque máximos usados em tempo real. Fica convidativo tentar chegar ao ponto máximo da escala em cada acelerada.

Explorando a cidade

Já na região serrana aproveitamos para colocar no X1 na terra. Nada de trilhas pesadas ou lama, apenas estradas que seriam usadas para chegar a alguns hotéis da região. Dessa vez selecionei o modo Comfort (este modo é padrão sempre que o carro é ligado) e fomos sujar os pneus. As suspensões fazem um bom trabalho filtrando os buracos e pedras. Porém é preciso lembrar das limitações de conforto para um carro usa rodas aro 19 com pneus do tipo run flat. É um suve um tanto quanto mais firme ao rodar, porém que compensa isto com uma boa dirigibilidade. Um item que fiz questão de testar foi o controle de descida, que funcionou de forma exemplar e com muita segurança.

Depois de uma noite de descanso parti diretamente de Campos para Piracicaba, SP, onde resido, sem parar. Com bastante trânsito e muitos carros e radares na estrada foi o momento de aproveitar os bancos de couro marrom e o amplo teto solar duplo. Apenas nas saídas de semáforo era possível acelerar para ouvir mais do motor. O silêncio a bordo é outro item que se destaca. Os quilômetros foram passando e cheguei em casa sem qualquer sinal de cansaço, daria para rodar por muito mais tempo sem cansar.

No dia a dia na cidade o X1 também mostra qualidades, sendo muito confortável para quatro adultos. O porta-malas tem 505 litros de capacidade. Quem via o modelo pela primeira vez se impressionava pelos detalhes como as luzes internas coloridas e o Head-Up Display. Além de projetar a velocidade no para-brisa ele mostra indicações por setas das rotas do GPS, música escolhida ou estação de rádio. Um detalhe interessante é que as informações só podem ser vistas do posto do motorista. Outros itens de conforto interessantes são o assistente de estacionamento e o sistema de abertura e fechamento motorizado da “5ª porta” para acesso ao porta-malas. O primeiro ajuda na hora da baliza virando o volante sozinho, importante para quem está entrando no mundo dos suves. Já o segundo abre o compartimento de bagagem passando um pé sob o para-choque. Para quem está com as mãos cheias é ótimo.

Para aqueles dias mais tranquilos ou para quem busca economia máxima existe um modo de gerenciamento do motor denominado Eco-Pro. Durante seu uso o gerenciamento de marchas e até o funcionamento do ar-condicionado é alterado. Foi claramente o modo que menos usei, sendo que na maior parte do tempo usamos Sport ou Comfort. A média geral de consumo ficou em 10,5 km/l de álcool. As mudanças entre as três opções são mais sentidas na estrada. No modo esportivo as respostas mais diretas do volante pedem mais atenção do motorista, sendo que já no ajuste para conforto a direção mais anestesiada deixa o ato de dirigir bem mais relaxado.

Na viagem de volta para a capital paulista foi o momento em que foi possível explorar ao máximo o câmbio. Sem dúvida um dos melhores automáticos que já usei. É possível pular marchas com uma obediência raramente vista neste tipo de equipamento. Dá, por exemplo, para pular de terceira para sétima marcha, baixar de oitava para quinta — sempre com as aletas atrás do volante. As 8 marchas dão uma disposição invejável para o conjunto, sendo as duas últimas bem longas. A 120 km/h o motor está apenas a 2.000 rpm.

Usando o X1 no dia a dia vamos conhecendo também alguns pequenos detalhes que mostram cuidado do fabricante. Na dianteira a entrada de ar tem dois dutos de saída, um direcionado aos freios e outro na frente da caixa de rodas — para diminuir a turbulência. Ao destravar o carro as luzes de LED se acendem em cada maçaneta, além da indicação no modelo no chão. Além do retrovisor central os laterais também tem a tecnologia antiofuscante.

Conclusão

Com o final do meu tempo de uso ficou claro que o X1 consegue atingir um amplo tipo de público. Desde quem procura espaço, até quem quer versatilidade e status. Vale ressaltar que ele é fabricado em Araquari, SC e conta com tecnologia flex. Porém alguns itens ainda poderiam receber melhorias. É esperado que na próxima atualização ele fique ainda mais tecnológico com comandos de voz, controle automático de velocidade de cruzeiro adaptativo, ou o novo painel totalmente configurável já disponível em alguns veículos da marca. Hoje eu ainda não posso dizer com certeza que compraria o suve. Mas posso afirmar sem dúvida que o X1 consegue agradar muito quem em gosta de dirigir.

LR

Mais fotos; depois, ficha técnica e lista de equipamentos