O Ford Mondeo, carro mundial da Ford, foi um automóvel médio importado da Bélgica no final de 1994, já como modelo 1995, nas versões hatch, sedã e SW (perua). Este carro foi o substituto da linha Versailles/Royale, em razão da dissolução da Autolatina. Os acabamentos disponíveis por aqui eram a CLX com motor 1,8 Zetec e a GLX com o motor 2,0 da mesma família A sua plataforma foi chamada de CDW27 e na primeira versão (MK1) já era disponível, além dos motores citados acima, com o Duratec V-6 de desenvolvimento Yamaha e fabricação americana.
O Mondeo V-6 da primeira geração não foi vendido oficialmente no Brasil, mas não quer dizer que ele não deu veio para cá. Existem dois exemplares em território brasileiro, um deles na cor vermelha placa BRP- 4141 e que segundo informações colhidas em fóruns de internet, foi da frota Ford em São Bernardo do Campo (informação dada por quem o comprou no Milan Leiloeiro) e Pace Car dos GP do Brasil de 1994 a 1996. Infelizmente não existem fotos do veículo nessa configuração.
Chegada do Mondeo MK2
No fim de 1996 chegava ao Brasil o modelo reestilizado, nas versões CLX e GLX, sedã e perua, ambas com motores 2,0 Zetec. O modelo hatch não foi oficialmente vendido por aqui, porém sabemos de uma unidade que está em Porto Alegre,RS, importada pela Ford para estudo de mercado e posteriormente vendida a um diretor de concessionária Ford do interior do Rio Grande do Sul..
Chegada tardia do Mondeo Ghia V-6 ao Brasil, modelos 98/98
Desde a chegada do modelo reestilizado, a Ford prometia trazer enfim a versão V-6 ao Brasil, para concorrer com o VW Passat V-6, Renault Laguna V-6 e Chrysler Stratus V-6 (a GM acabou não vendendo oficialmente a versão V-6 do Vectra B por aqui). O presidente da Ford na época, Ivan Fonseca, estimou a chegada do carro a partir de junho de 1998, custando em torno de o equivalente a 50 mil dólares. O primeiro lote de carros chegou um pouco antes do Salão do Automóvel, em outubro (onde o V-6 foi lançado). Foi um lote 46 unidades (pela sequência de chassis foram retirados aleatoriamente do pátio) fabricados em agosto de 1998 como modelo 1998 (ano no chassi letra W).
Oficialmente, os testes pelas revistas só começaram em fevereiro de 1999 e praticamente todas as revistas o testaram no mesmo mês; as vendas iniciaram-se em março Curiosamente, todas as unidades do primeiro lote foram emplacadas no Brasil como modelo 1999 (que deveria ter letra X no chassis), porém ainda não descobri o porquê disso.
No apagar das luzes de 1999 chegaram mais 41 unidades do V-6, ainda ano-modelo 1998, fabricados em setembro. Os carros entravam no Brasil pelo porto de Vitória, no Espírito Santo, e eram transportados pele Brazul, especializada nesse tipo de transporte.
Todos os 87 automóveis vieram equipados com as rodas Borbet aro 16 modelo KBA43620, chamadas pela Ford de modelo “Turbo” (no Brasil ficaram conhecidas como catavento). Tinham como opcionais câmbio automática, check/control (verificação/controle), alarme e vidros de acionamento elétrico nas portas traseiras.
Teto solar, aerofólio, ponteira de escapamento cromada, aquecimento dos bancos dianteiros, controle de tração, controle automático de velocidade de cruzeiro e freios com ABS eram de série em todas as unidades.
As cores do primeiro lote eram vermelha, verde escuro, azul claro, azul escuro, prata e preto.
Balde d’água fria: a desvalorização do real no verão de 1999
O ano de 1999 se iniciava com uma notícia nada boa para importadores: o dólar que se mantinha na casa de 1 real, da noite para o dia passou a custar R$ 1,60, aumento de 60% que majorou e muito o valor final do veículo, tornando-o extremamente caro para a época. Daí resultou que poucos foram vendidos no varejo e a Ford encontrou uma solução para não ficar no prejuízo. Abaixo, um texto da revista Manchete, escrito por José Rezende Mahar, sobre o fato:
“Se encalhou, vamos incorporar à nossa frota…”
A Ford acabou incorporando os veículos à sua frota na fábrica de São Bernardo do Campo, sediada na Avenida do Taboão,899, para uso de seus diretores, e alguns poucos para as frotas de imprensa e marketing. As placas dos veículos da frota foram CXL, CYM, CZK, DAE, DHR, DFG, DGB, DBK, DCW, DDP e JOL”.
Estes veículos eram usados por volta de um ano e eram vendidos em leilão do Milan Leiloeiro, empresa oficial de venda dos veículos de frota da empresa.
Abaixo, uma nota no jornal Folha de S. Paulo no início de 2000 sobre o evento:
“MILAN VENDE 160 VEÍCULOS DA FORD
Da reportagem local
Nesta sexta-feira (dia 6), a Milan promove um leilão de veículos da marca Ford. Segundo o leiloeiro Ronaldo Milan, 48, os cerca de 160 veículos comercializados são seminovos e provenientes da renovação de frota da fabricante.
‘Eles não têm garantia, mas estão em bom estado, tornando-se boas oportunidades para os ‘marinheiros de primeira viagem’, comenta Milan.
O público-alvo, segundo o leiloeiro, é o comprador final. A dica é fazer um levantamento dos valores dos carros antes de participar do evento, já que os lances começam do zero.
O preço de venda dos veículos deve ficar um pouco abaixo dos de mercado. “Alguns têm mil quilômetros rodados e devem ser vendidos pelos valores normais.”
Destaques
Entre os destaques estão oito peruas Ford Explorer. De acordo com o Guia de Preços da Folha, elaborado pelo Datafolha, um carro deste tipo ano 1998 custa cerca de R$ 50 mil.
Mais 25 modelos do Ford Mondeo, com motor V-6, também vão a leilão. O preço de cada um é estimado em R$ 42 mil. Há também cerca de 30 Ford Fiesta ano 1999, cujo valor, segundo o Datafolha, varia de R$ 12 mil a R$ 15 mil.
Os carros podem ser visitados na quinta e na sexta-feira no mesmo local onde será realizado o evento. O horário para visitação é das 8h às 17h. “É nessa hora que se escolhem os lotes de interesse”, recomenda Milan.
Os interessados em comprar os carros podem financiar em até 36 meses. O Unibanco estará no local no dia do evento para analisar os financiamentos.”
O ano-modelo 1999
Em 1999 chegou mais um lote de 32 carros, lote este com fabricação em junho de 1999 com algumas mudanças. Saem as rodas aro 16 para a entrada das aro 15 Borbet modelo F-1, que deixou o carro com um ar mais sóbrio, segundo a Ford combinando mais com o perfil executivo do comprador de Mondeo. Também foi retirado de linha o check/ontrol e agora o carro tem como opcional a disqueteira para seis discos que fica instalada embaixo do banco do passageiro. Para este ano as cores foram reduzidas para prata, preto e azul escuro. Também, o câmbio automático era opcional.
Painel do modelo 99: somente a moldura superior do painel imitava madeira. (Foto: Luiz Romagna)
O ano-modelo 2000, último ano de fabricação e a fase Camaçari
O Mondeo MK2 entrou no seu último ano de produção, tendo como inovações no ano-modelo 2000 (não existem modelos 99/00 V-6 no Brasil) bolsas infláveis laterais, molduras das portas em preto e também a moldura do rádio e do controle da iluminação imitando madeira (nos modelos 99. somente a moldura superior).
Outra novidade era a opção do controle de som na coluna de direção. As cores seguem o mesmo padrão da linha 1999, porém estes modelos foram importados unicamente com câmbio automático. Nesse ano foram importados ao Brasil 120 unidades, vindas em dois lotes. Uma boa parte destes Mondeos foi emplacada como carro de frota, porém desta vez com placa de Camaçari, BA, município da nova fábrica há pouco inaugurada. São os famosos Ford com placa JOL.
No fim de 2001 foi lançada a linha 2002 do Mondeo MK3 que infelizmente não foi importada com o motor V-6. Os V-6 2000 continuavam nos estoques das concessionárias, custando a bagatela de R$ 76.800 (vi modelos que foram vendidos em 2002 a consumidores finais).
Finalizo a matéria com algumas fotos relevantes e inéditas do modelo:
Abraço e sucesso a todos!.
Felipe Assumpção
Canoas, RS