Em setembro deste ano houve o lançamento do novo Peugeot 208, ocasião que acompanhei Bob Sharp em viagem de São Paulo até o Haras Tuiuti. As nossas impressões e os detalhes do carro foram relatados pelo Bob e nesta semana tive a oportunidade de dirigir o carro por mais de 850 quilômetros no meu uso cotidiano.

Desde das primeiras fotos que recebi do carro achei simpático o novo desenho da carroceria. A imensa grade dianteira ladeada pelos faróis destaca as luzes de rodagem diurna em forma de dente de sabre, e chama a atenção por onde passa. Fazia tempo que não via pessoas virarem a cabeça para acompanhar a passagem de um simples hatch compacto.

No lançamento foram anunciados apenas as versões de câmbio automático, mas no início de novembro agora a Peugeot soltou um comunicado para imprensa anunciando e exaltando a inclusão de duas versões com câmbio manual de 5 marchas (leia boxe adiante). Desta forma as versões do 208 ficaram assim distribuídos, sendo todos com motor 1,6-l flex:

• • Like manual                 R$ 65.990 (novo)
  • Like Pack manual        R$ 69.990 (novo)
  • Active automático       R$ 77.990
  • Allure automático       R$ 90.990
  • Griffe automático       R$ 95.990 (avaliado nesta semana)

Se preferir, assista primeiramente ao vídeo.

Desempenho

A cada partida o modo de condução é reiniciado para o modo normal, sendo possível selecionar Eco ou Sport através dos interruptores no minipainel de comando do lado esquerdo da coluna de direção. Ao selecionar uma dessas opções o computador de bordo recalcula a autonomia baseado em seu histórico de consumo. Portanto, se a intenção é dirigir com a máxima economia ou com maior esportividade, é necessário fazer a seleção desejada.

O motor 1,6 EC5M entrega 115/118 cv de potência máxima e o torque máximo é 15,4/15,5 m·kgf, facilitando o deslocamento com o carro de 1.178 kg. Quando se utiliza o modo Eco a resposta do pedal do acelerador é bem suave e as trocas de marcha são antecipadas. Com isso, o consumo de combustível é muito bom. Na viagem de Campinas até a Curva AE para gravar o vídeo desta matéria o consumo foi de 15 km/l. Ao longo da semana o consumo médio geral foi 12,5 km/l, sempre utilizando gasolina.

Em modo Sport a resposta do pedal do acelerador torna o carro mais responsivo, sendo para mim a melhor opção para dirigir nas grandes cidades, pois ganha-se agilidade. No uso rodoviário, ao acionar o controle de velocidade de cruzeiro, automaticamente é comutado para o modo normal, independente se a seleção era Eco ou Sport. Ao ser desativado, restabelece-se o que havia sido previamente selecionado.

O câmbio automático de engrenagens epicíclicas tem seis marchas e é fornecido pela Aisin. A calibração para troca de marchas é muito boa e escalonamento de marchas é bem ajustado. Para trajetos urbanos ficou devendo o controle de neutro e o auto-hold, a aplicação automática do freio sempre que o carro para. Há apenas o auxiliar de partida em aclives. O conversor de torque estola a 2.500 rpm e em seguida, por calibração, o motor reduz para 2.300 rpm. A 120 km/h o motor gira a 3.000 rpm, condição em que o pacote de isolação acústica e coxinização do motor estão otimizados.

As trocas de marchas manuais podem ser feitas apenas pela alavanca, subindo marcha com toques para trás. Tenho dificuldades com essa configuração de seletor (como o Bob), pois para mim o intuitivo é para frente, mas sei que há apreciadores dos dois formatos.

O desempenho geral é limitado e aparenta ser pior, pois, o curso do pedal do acelerador é muito longo. Essa opção dos engenheiros da Peugeot otimiza o consumo de combustível em detrimento à rápida aceleração. Ao pisar o acelerador a fundo o 0-100 km/h fica em 12,6/12 segundos, conforme informação do fabricante e a velocidade máxima em 190 km/h.

Conforto ao rodar

A calibração da suspensão está totalmente voltada para o máximo conforto de rodagem. A aspereza transmitida para dentro do habitáculo é baixa, mesmo com a utilização de pneus 195/55R16V, que tenderiam a ser mais ásperos. Nota-se que a ancoragem do subchassi dianteiro é bem sólida e o braço de controle da suspensão dianteira utiliza bucha vertical na fixação posterior, diminuindo assim a transmissão das vibrações de alta frequência que causam a sensação de aspereza.

Na traseira, o eixo de torção utilizado tem perfil em “U” de parede dupla. No elevador foi possível notar a inexistência de barra antirrolagem na traseira, indicando que a viga tem rigidez torcional estável e suficiente para, em conjunto com a dianteira, segurar a rolagem da carroceria. O curso da suspensão traseiro é limitado e nota-se o atingimento do final de curso ao transpor valetas ou lombadas, com a vantagem de ser isento do ruído de queda de roda.

A suspensão dianteira do tipo McPherson utiliza os elementos convencionais deste segmento de veículo. Destaque para o subchassi em chapa larga que abriga todos os componentes do eixo dianteiro, sistema de direção e coxim traseiro do conjunto motriz.

Isolação acústica do cofre do motor combinada com o bom trabalho de coxins de motor e câmbio, resultaram em ótimo nível de ruído interno até o regime de 4.500 rpm. A partir desse ponto nota-se um crescimento mais acentuado do ruído do motor, porém sem apresentar vibrações incômodas.

Toda a integração de motor, câmbio e suspensão à carroceria foram muito bem executados e o resultado é um carro silencioso e confortável, sem perder a boa capacidade de contornar curvas. Mas não espere um comportamento esportivo. O Peugeot 208 Griffe é um hatch compacto familiar e bem comportado.

Tecnologia a bordo

O principal diferenciador é a incorporação de sistema de alerta e correção de permanência em faixa ativo, ou seja, tem capacidade de esterçar ligeiramente o volante para mantê-lo na faixa. Esse tipo de auxílio é geralmente exclusivo para carros de maior valor, portanto, ao colocar no 208, a Peugeot desafia o líder da categoria que tem apenas alerta de permanência em faixa. O sistema pode ser desativado através de um interruptor no painel.

O controle de velocidade de cruzeiro e limitador de velocidade são convencionais e acionados na alavanca adicional na coluna de direção. Como está escondida atrás do volante, é necessário familiarizar-se e decorar os comandos, pois a operação é às cegas.

Visualmente chama a atenção o novo quadro de instrumentos com grafismo tridimensional. A distribuição das informações são customizáveis tendo a opção de apenas informações básicas ou a mais completa que inclui o termômetro do líquido de arrefecimento do motor. É estranho o conta-giros que cresce no sentido anti-horário e tem a vantagem da opção do velocímetro digital, facilitando defender-se dos radares de nossas vias. A desvantagem fica por conta da baixa luminosidade e caracteres delgados, dificultado a leitura em dias ensolarados. Quando se utiliza óculos de sol é bem pior. Acredito que os engenheiros da Peugeot já estejam trabalhando para melhorar esse problema.

A central multimídia de segunda geração tem espelhamento de celular através do Android Auto e Apple CarPlay mediante cabo. Cairia bem uma atualização para o sistema que permite conexão sem fio, visto que a versão Griffe do Peugeot 208 vem equipada com carregador de celular por indução, sem fio. A operação é intuitiva, porém tem o mesmo inconveniente e dificuldade de leitura devido a luminosidade da tela, quando operando os aplicativos do carro.

O sistema de ar-condicionado tem bom desempenho, possui ajuste automático e digital através da tela da central multimídia. Para se obter um rápido resfriamento da cabine, é necessário ativar o interruptor AC Max no console central.

Com toda tecnologia a bordo, o Peugeot 208 Griffe não deixou a segurança para segundo plano. A lista de conteúdo é bem extensa incluindo reconhecimento automático de sinalização de velocidade, frenagem autônoma de emergência, detector de fadiga, bolsas infláveis laterais e de cortina além das frontais obrigatórias, entre outros.

Interior confortável

Para os ocupantes do banco dianteiro, o carro é bem agradável, confortável e com amplo espaço. O revestimento dos bancos em Alcantara traz requinte e suavidade ao toque. O painel de instrumentos tem um desenho simples e exclusivo. Há um aplique de textura diferenciada que começa nos painéis de porta e tem continuidade pelo painel de instrumentos, dando uma harmonia visual muito apreciada por quem entra no carro. Já a acomodação no banco traseiro é sofrível para uma pessoa com minha estatura (1,81 m).

O ajuste do pequeno volante de direção é feito em altura e distância, e tem boa empunhadura, mas a visualização do painel de instrumentos por cima do aro do volante é algo que custa um bom tempo para acostumar. Esse é outro item que tem aqueles que apreciam e outros que odeiam.

O porta-malas de 265 litros de capacidade total abriga o estepe temporário por baixo do tampão do assoalho, juntamente com as ferramentas. A flexibilidade para acomodação de cargas fica dificultada pelo encosto do banco traseiro ser inteiriço.

Conclusão

O Peugeot 208 ficou muito bonito nesta nova remodelação. É inegável seu poder de sedução por onde passa. Vejo muitos autoentusiastas enaltecendo as novas linhas do carro. A falta de um motor menor com turbocompressor para buscar melhor economia de combustível fica sem eco ao se analisar os resultados de consumo que a configuração atual apresenta.

A direção da Peugeot no Brasil vem trabalhando com a rede de concessionária para mudar sua imagem frente aos consumidores. O objetivo é conquistar maior confiança através do programa Peugeot Total Care, onde cliente não satisfeito não pagaria pelos serviços. A garantia oferecida para seus produtos é de 3 anos. E com isso espera entrar na lista das 10 marcas mais vendidas no Brasil, e busca incluir seus carros entre os mais vendidos também. Atualmente não tem nenhum modelo entre os 25 mais vendidos no Brasil.

GB

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