Dirigindo, se tudo à nossa volta ocorresse como deve ser dificilmente haveria acidentes ou, pelo menos, não seriam tantos como estamos fartos de saber. Infelizmente há imprevistos sobre os quais, obviamente, não temos controle. Você pode notar que nas corridas de automóveis há sinalizadores de pista (foto de abertura), comumente chamados de “bandeirinhas”, para avisar aos pilotos sobre qualquer anormalidade na pista. O aviso mais comum é a bandeira amarela agitada, hoje cada vez mais complementada ou mesmo substituída por luz amarela piscante.
Sob bandeira amarela, o piloto deve reduzir velocidade e ficar pronto para parar o carro, e nessa condição ultrapassagens são proibidas, o que faz todo sentido.
Um exemplo prático no nosso dia a dia, situação em deveria haver bandeira amarela mas, obviamente, não há, é vir por uma rua de duas faixas de rolamento e haver um carro parado numa delas antes de uma faixa de pedestres não semaforizada. Deve-se presumir que há algo anormal, tirar o pé do acelerador, encostar o pé no pedal de freio e passar ao largo do carro parado. Por quê? Uma pessoa pode ter visto o carro parado e começar a atravessar a rua.
Foi o que presenciei muitos anos atrás numa avenida de três faixas (para quem é de São Paulo, avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini). Era noite, um carro na faixa da direita praticamente parou, eu na faixa do meio reduzi bastante a velocidade e vi um pedestre começando a atravessar a avenida. Alguns metros adiante após ultrapassar o tal carro, quase simultaneamente vi pelo espelho um carro se aproximando rápido na faixa da esquerda, e como minha janela estivesse aberta, fiz o aviso com braço para sinalizar que havia problema. Só vi o atropelamento pelo espelho.
Exatamente como num vídeo do Rali Dakar, também anos atrás, um carro parou e outro competidor, de motocicleta, ultrapassou-o como vinha, atingindo um boi. A tomada de imagem foi aérea. Acho que houve óbito, mas não tenho certeza.
Autoestrada
Embora não definida no Código de Trânsito Brasileiro, por autoestrada entenda-se uma rodovia construída para altas velocidades, que por isso mesmo suas curvas são de raio bem grande. Na maior velocidade permitida no Brasil, 120 km/h, suas curvas são “curvas retas”, não exigem cuidado especial desde que trafegando até à velocidade-limite.
Em teoria, autoestradas são muito seguras, mas não são livres de situações imprevistas. A velocidade normalmente é alta e pode resultar em certos incidentes e acidentes.De vez em quando, por exemplo, têm-se notícia de rodas soltas, em geral de veículos pesados, passarem de uma pista para outra e se atingir uma, quase sempre acidente grave ou fatal. Por isso é tão importante ficar na última faixa da esquerda apenas a distância necessária para ultrapassar, voltando assim que possível para a faixa à direita, de maneira a sempre se contar com mais espaço para manobra evasiva — para a esquerda ou para a direita — caso surja uma roda pulando no caminho.
Aqui no nosso país é comum ver motocicletas trafegando em alta velocidade, de 180 km/h para cima. Independente de se querer ou não proteger a integridade física de seus motociclistas, ser atingido uma é acidente grave. Por isso, mesmo que eles estejam errados, é muito importante ficar atento ao tráfego à retaguarda e saber que mesmo avistada nos espelhos, a velocidade da moto é tal que quando menos se espera ela já está bastante próxima do nosso carro. Portanto, mudanças de faixa devem ser efetuadas levando em conta essa questão de velocidade muito alta em relação ao nosso carro.
Rodovias de pista dupla
Estas diferem das autoestradas basicamente pelas curvas não serem de raio tão quanto nas autoestradas. Por esse motivo, ao se trafegar mais rapidamente nelas, determinadas curvas são cegas, não se vê o que está a frente a tempo. Há alguns anos um grupo de motociclistas andando bem acima do limite de 100 km/h na via Anhanguera, no estado de São Paulo, ao fazerem uma curva depararam-se com o tráfego parado que não puderam ver a tempo, ocorrendo grave acidente com mortes. Portanto, um imprevisto.
Lombadas
Lombadas, ou ondulações transversais, ou, ainda, quebra-molas em determinadas regiões do país, nunca podem ser consideradas imprevistos, mas devido ao descaso combinado com irresponsabilidade da autoridade sobre a via — município, estado, Distrito Federal —sua clara e regulamentada sinalização não é cumprida à risca, não raro deixando de ser avistada pelo motorista.
Atingir uma lombada em alta velocidade por não tê-la avistado a tempo é um dos eventos mais ameaçadores para a integridade do veículo e, principalmente, para seus ocupantes.Se for uma motocicleta, as consequências são consideravelmente piores, podendo eventual passageiro (“garupa”) ser literalmente ejetado da moto.
Para lidar com esse maldito imprevisto a única solução é prestar a maior atenção possível, mesmo que o dirigir se torne um desprazer.
Películas escurecedoras nos vidros
Igualmente irresponsabilidade e crime de omissão da autoridade sobre a via, não há controle praticamente nenhum dos carros com películas irregulares, levando motoristas a não terem a necessária visibilidade para dirigir em meio ao trânsito. Esse fator é particularmente importante no caso de falta da fundamental visibilidade lateral — há quem pense que basta o vidro do para-brisa não ter película — nos cruzamentos e nas saídas de imóveis. Um imprevisto como qualquer outro, portanto.
Esses são só alguns exemplos de situações imprevistas no trânsito. O leitor ou leitora certamente tem as suas.
BS