Minhas atuais atividades remuneradas de presidente de uma Jari no Detran-RJ e de consultoria para companhias seguradoras de veículos permitem manter-me atualizado quanto aos acidentes de trânsito e suas causas.
É evidente que, em sua esmagadora maioria, advêm da velocidade indevida no momento do acidente, mas sempre por desobediência ou ignorância do que determina o nosso Código de Trânsito.
As prioridades nas interseções ou cruzamentos são definidas, claramente, pelos artigos 208 e 215, do dito Diploma Legal.
O artigo 208 considera infração GRAVÍSSIMA avançar o sinal vermelho do semáforo ou o de parada obrigatória.
Os ingleses criaram um slogan a fim de coibir a meia-trava no sinal gráfico vertical de PARE, que é o seguinte: parar significa parar totalmente (stop means full stop).
Infelizmente não é o que normalmente ocorre, o motorista apenas verifica se pode entrar na preferencial e não para totalmente, como se estivesse diante de um semáforo exibindo o verde.
Muitas das vezes é surpreendido por um veículo na preferencial e acontece o choque.
Recentemente, um segurado da Companhia Seguradora Azul queria ter razão por já ter invadido o cruzamento quando desrespeitou, com a meia-trava, a ordem de parar do sinal gráfico vertical regulamentar de “PAR”E,e foi abalroado.
Caso típico de ignorância da lei que, infelizmente, em mais de cinco anos de Jari, nunca vi processo por multa por este procedimento gravíssimo.
O ideal seria que a engenharia colocasse um redutor de velocidade capaz de fazer parar o veículo oriundo da via secundária, antes da palavra “PARE” pintada no solo complementando o sinal gráfico vertical.
Aliás, tanto o sinal gráfico vertical de “PARE”, como o de “Dê a Preferência”, quando pintados no solo , reforçando a sinalização gráfica vertical, deveria ser com tinta amarela, com o propósito de chamar, de fato, a atenção do motorista. Na Europa já começaram a utilizar esta norma.
Infelizmente, também, a insegurança nas altas horas, não recomendam esta obediência nem à placa “PARE”, nem do semáforo vermelho, burramente funcionando àquelas horas.
Quanto ao artigo 215, do mesmo Diploma Legal que, considera infração GRAVE deixar de dar preferência de passagem:
1- Ëm interseção não sinalizada:
- A veículo que estiver circulando por rodovia ou rotatória
- A veículo que vier pela direita
II – Nas interseções onde houver a sinalização de regulamentação de “Dê a preferência”
Estas exigências, no continente europeu são sagradas, tendo a sua obediência facilitada pelo limite de 50 km/h da velocidade urbana.
Nos dois anos em que residi em Haia, na Holanda, dirigia com absoluta confiança do respeito do tráfego circulante ao item:
Ao veículo que vier pela direita.
Tão séria e útil, é esta determinação que, nos acessos de tráfego, oriundo da direita na rotatória, quando ele perde o direito de prioridade, existir, em alguns cruzamentos em rotatória o aviso:
“Lembre-se que você não tem prioridade sobre a rotatória”
Outra desobediência contumaz, principalmente dos motociclistas, é a determinação de ceder a sua prioridade, quando existir sinalização determinando-a.
Também, nos casos de acesso das secundárias às vias preferenciais, enquadradas neste artigo, a engenharia de tráfego deveria incluir uma sinalização de redutores, calculados para 40 km/h. A esta velocidade o motorista pode frear quando houver algum imprevisto ao adentrar o cruzamento.
Tão importante para segurança do trânsito é o conhecimento do motorista de quais são as prioridades, não somente nos pontos de conflito mas, nos percursos na malha viária que, eu no meu livro, já em segunda edição, “O Código de Trânsito Brasileiro e seu Novo Código, editado em 2005, pela editora E-PAPERS (e-mail:editor@e-papers.com.br) dedica em seu último capítulo sete páginas contendo quarenta e quatro (44) figuras de testes de prioridade, com o seguinte título:
“As figuras dos testes que se seguem são extraídas dos questionários do exame para motoristas da Escola de Polícia da cidade de Frankfurt,na Alemanha.As respostas encontram-se na página 184;”
Se desejarem se graduar neste assunto, formando-se um Doutorado, basta ler o que está lá, onde todas as possíveis situações são mostradas.
Completando sua aprendizagem, lembrem-se de que se deve sempre usar o freio em vez de usar a buzina. Este é o segredo da “direção defensiva”.
Boa sorte ao volante é o que sinceramente lhes desejo.
CF