Sim, motor funciona com água. Tem também carro elétrico “turbo”. Mas, não exatamente como se imagina… Vejamos as “mágicas”.
Ligar motor flex em baixa temperatura sem partida a frio?
Carros flex abastecidos com álcool precisam de ajuda para pegar nas manhãs mais frias, pois o álcool tem dificuldade de vaporização. Nos mais antigos, por exemplo (foto de abertura), há um pequeno reservatório e uma pequena bomba elétrica que injeta gasolina e que pode não funcionar. Entretanto, dá para contornar o problema, sem recorrer ao mecânico.
Mágica? Claro que não! Basta misturar 20% de gasolina com o álcool, o suficiente para dar partida no motor.
Carro funciona com água?
Sim: do depósito de água, retira-se o H2 (hidrogênio) presente na H2O e que pode ser utilizado para a combustão do motor.
Mágica? Claro que não! O motor funciona, mas a operação não é viável, pois a energia elétrica necessária para a hidrólise (que separa o H2 do O) é maior que a fornecida pelo hidrogênio. Ou seja, a bateria permite que o carro rode alguns quilômetros, mas depois entrega os pontos…
Resolver vibração do volante só com uma chave de fenda?
Sim: Se o carro andou em estrada de terra, entrou de volta no asfalto e o motorista percebeu uma vibração ao volante, é o desbalanceamento de alguma roda que se resolve com uma simples chave de fenda.
Mágica? Claro que não! Ela é usada para retirar do sulco do pneu a pedra que nele se incrustou e provocou o desbalanceamento.
Sair de uma vaga sem nenhum espaço para manobra?
Sim: se o carro tiver tração dianteira (maioria dos nacionais), basta puxar o freio de estacionamento, virar todo o volante e acelerar.
Mágica? Claro que não! Com as rodas traseiras travadas, as dianteiras “puxam” o carro lateralmente, tirando-o assim da vaga. Sem nenhum espaço na frente ou atrás.
Carro elétrico sem bateria?
Mágica? Claro que não! O tanque do carro é abastecido com hidrogênio, que vai para uma célula a combustível (fuel-cell).
Nela, uma reação química (hidrogênio em contato com oxigênio), produz a eletricidade que aciona os motores elétricos.
101 cv + 72 cv = 123 cv. Como assim?
Essa conta tomaria “bomba” em qualquer prova de aritmética, mas correta no caso da potência total do carro híbrido (no exemplo, o Corolla).
Mágica? Claro que não! No híbrido, a potência final disponível não corresponde à soma dos motores a combustão (101 cv) e elétrico (72 cv), pois a potência de cada motor varia conforme sua rotação. Quando se pisa fundo no carro híbrido, entram os dois motores juntos. Com rotações e potências diversas que, somadas, não passam de 123 cv.
Carro elétrico “turbo”?
Sim, não existe motor elétrico turbinado, mas a Porsche anuncia assim seu elétrico Taycan, com direito a emblema ‘Turbo’ na tampa traseira…
Mágica? Claro que não! Ela diz que as versões mais rápidas de seus carros com motores aspirados são chamadas de “Turbo”,
Resolveu então adotar a mesma denominação em seus elétricos de maior desempenho. Propaganda enganosa…
Chip transforma motor a gasolina em flex?
Oficinas anunciam transformar um carro a gasolina em flex com um chip e ele passa a ser também abastecido com álcool. Mágica? Claro que não! Um simples chip não substitui o desenvolvimento do flex pelos engenheiros. Ele simplesmente “engana” a central eletrônica, passando uma informação falsa (de maior temperatura do motor) para que ela aumente a dosagem do combustível. “Corrige” a relação estequiométrica (ar-álcool), mas não aumenta a taxa de compressão. Nem a linha de combustível para evitar problemas com o álcool.
O motor funciona razoavelmente, mas com elevado consumo, emissões e baixo desempenho. E durabilidade duvidosa.
“Reparamos airbags”
É impossível, tecnicamente falando, reparar o airbag depois que se abre num impacto. Mas, tem oficina que anuncia seu reparo.
Mágica? Claro que não! Duas possíveis desonestidades:
- A oficina simplesmente desliga a luz de alerta no painel para enganar o motorista;
- É receptadora de ladrões que estão se especializando em arrombar carros para roubar bolsas infláveis.
Só pega quando chega o socorro!
Motorista pelejou com o arranque mas o motor não pegou. Desistiu, chamou o reboque. Quando o socorrista chegou e deu no arranque, o motor funcionou imediatamente.
Mágica? Claro que não! Pode ter havido excesso de injeção de combustível, por baixa temperatura ambiente no caso de álcool no motor flex. Até o socorrista chegar, o excesso de combustível se evaporou e o motor pegou.
BF
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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