Impossível deixar de avaliar as chances de cada equipe e cada piloto na temporada de F-1 que começa domingo, quando será disputado o GP do Bahrein ao cair da noite no circuito localizado no deserto de Sakhir (foto de abertura). Mesmo que a experiência de muitas décadas lembre que é mais prudente e correto esperar por apresentações em três diferentes cenários, a previsão acaba acontecendo. Entre outros motivos para enxergar tudo com cautela, lembremos que os parcos três dias de testes realizados nessa mesma pista na semana retrasada servem apenas como uma limitada base de dados para refletir sobre as chances dos 20 pilotos, e dez equipes que iniciam um périplo de 23 corridas que se estende até o dia 12 de dezembro em Abu Dhabi.
Algumas das questões mais recorrentes sobre a 72ª temporada da categoria podem ser divididas em grupos. No que diz respeito aos maiores protagonistas especula-se sobre as chances da Mercedes manter a invencibilidade de sete temporadas consecutivas, se a Red Bull, novamente com dois pilotos experientes após dois anos de trocas malsucedidas, terá maiores chances de impedir que isso aconteça, se a Ferrari voltará a disputar vitórias e se a Aston Martin permitirá o renascimento de Sebastian Vettel como piloto vencedor.
Posto que não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, parece ter chegado a hora do reinado da Mercedes correr riscos mais sérios do que de costume, Mesmo assim, nem de longe espere que o exército alemão jogue a toalha. Igualmente, a chegada de Sérgio Pérez deve sanar o ponto fraco da Red Bull nas últimas temporadas, quando apenas Max Verstappen mostrou consistência para brigar com Hamilton. Todavia, é preciso cuidado para o que o holandês e o mexicano não se prejudiquem. A Ferrari reforçou a sua dose de latinidade ao trazer o espanhol Carlos Sainz para juntar-se ao monegasco Charles Leclerc. É lícito esperar que o recém-chegado contribua mais para desenvolver o equipamento de Maranello.
A Scuderia, porém, está distante de ser apontada como terceira força do campeonato: à frente dos carros vermelhos de Maranello estão os laranjas da McLaren, os azuis da Alpine e provavelmente os verdes da Aston Martin e os azul-e-branco da Alpha Tauri. Entre estes a McLaren se destaca pelos resultados que melhoraram significativamente na classificação entre os construtores nas últimas três temporadas: sexto lugar em 2018, quarto em 2019 e terceiro em 2020. A troca do motor Renault pelo Mercedes e a chegada de Daniel Ricciardo para substituir Carlos Sainz são incógnitas a decifrar.
O espanhol Fernando Alonso retorna à F-1 após duas temporadas ausente e vai defender a Alpine, nova identidade da Renault. Conhecido por seu temperamento tão exacerbado quanto seu arrojo nas pistas, o campeão mundial de 2005/2006 poderá catalisar ou afundar o empenho francês. A contratação do italiano Davide Brivio, nome bem-sucedido na principal categoria da Moto GP, pode fazer a diferença e impor uma nova ordem interna; Esteban Ocón, piloto franco-catalão, tem mais uma chance para provar que pode andar entre os melhores.
Prova por prova, nenhuma será mais árdua que a integração de Sebastian Vettel à Aston Martin, outro re-batismo, desta vez sobre a Racing Point. Dinheiro e determinação não faltam ao bilionário canadense Laurence Stroll, tampouco competência técnica ao projetista Andy Green e ao chefe de equipe Otmar Szafnauer, um romeno educado nos Estados Unidos e que foi vice-presidente da Honda Racing Developments antes de juntar-se à Racing Point em 2009. A interrogação maior será administrar o crescimento da equipe, a chegada de um tetracampeão e as aspirações de Stroll.
A vitória de Pierre Gasly no GP da Itália de 2020 e o bom desempenho de Yuki Tsunoda nos testes da pré-temporada não bastam para garantir bons resultados à AlphaTauri, equipe júnior da Red Bull. A limitação de US$ 145 milhões no orçamento de cada equipe que entra em vigor este ano na F-1, porém, poderá ajudar ao time que herdou as instalações da saudosa Minardi. Sem poder investir nos seus próprios carros, a Red Bull poderá explorar seu time de apoio para desenvolver e testar novas soluções. Isto significa grandes chances de o time andar bem em algumas provas e mal, em outras.
O mesmo conceito se aplica às equipes-satélites da Ferrari, historicamente a equipe de maiores recursos e maior influência política na categoria. Após amargar o castigo de ter transgredido o regulamento no que tange ao fluxo de combustível dos seus motores de 2019, o time liderado por Mattia Binotto precisa se reinventar para recuperar a posição de equipe de primeira linha. Suas duas equipes-satélites, a Alfa Romeo e a Haas vão colher os frutos, amargos ou doces, dessa recuperação.
A continuidade de Kimi Räikkönen e Antonio Giovinazzi na primeira, que utiliza a estrutura da Sauber, sugere maiores possibilidades de pontos do que a Haas, onde os rublos da família Mazepin e o prestígio do sobrenome Schumacher, que acompanham os nomes dos seus dois pilotos — Nikita e Mick, respectivamente —, podem amenizar as limitações dos dois estreantes na categoria.
Outra equipe em fase de recuperação, a Williams contratou o alemão Joest Capito para liderar a reconstrução de um nos nomes mais vitoriosos do grid. O pragmatismo de Capito — que tem um currículo vitorioso em diversas categorias de destaque internacional — e o fato de seus novos proprietários claramente enxergarem o investimento como uma aposta de grande potencial, podem traduzir uma temporada melhor que as últimas, algo não tão difícil: o time baseado em Grove amargou a última posição do campeonato em 2019 e 2020.
Stock promete 24 provas este ano
Um total de 24 corridas nas 10 etapas programadas para a temporada de 2021 é o que foi anunciado pelos promotores da Stock Car. Nas etapas de rodada dupla serão disputadas uma corrida de 25’e outra de 20’, com intervalo de 20’ entre ambas. A pontuação dos resultados não foi alterada, mas a pole position agora vale dois pontos e a volta mais rápida, um ponto. Ainda não há definição sobre a realização ou não da Corrida do Milhão e de uma prova longa com a participação de pilotos convidados. A temporada teve seu início adiado para o dia 25 de abril, em Londrina, por causa da pandemia.
WG