Depois de, há cerca de cinco anos, a Honda ter anunciado que estava em condições de fabricar o primeiro motor elétrico sem metais pesados de terras raras, eis que a alemã Mahle, empresa fornecedora de peças para automóveis, anuncia o seu primeiro motor elétrico livre de imãs. Ou, dito de outra forma, sem qualquer tipo de elemento das chamadas terras raras.
As terras raras, ou metais de terras raras são, de acordo com a classificação da IUPAC – International Union of Pure and Applied Chemistry – em português União internacional da Química Pura e Aplicada, um grupo relativamente abundante de 17 elementos químicos que ocorrem nos mesmos minérios e apresentam propriedades físico-químicas semelhantes.
Chamadas por alguns de “o ouro do século 21”, por sua raridade e valor econômico, as terras raras são metais que servem de matéria-prima essencial para itens de alta tecnologia. Entre as características de maior destaque estão a condução de calor e de eletricidade, além do fato de se tratarem de estruturas que são altamente magnetizáveis. São minérios que garantem características únicas a diversos tipos de ligas metálicas, como as usadas em celulares, na fabricação de imãs de alta potência e nos carros híbridos, entre outros. O nome terras raras vem da difícil localização e do processo de extração desses materiais.
Em comunicado, a empresa alemã garante que a tecnologia por ela desenvolvida, sem quaisquer elementos de terras raras, não só torna a produção mais compatível com o meio ambiente, como traz, igualmente, vantagens em termos de custos e segurança de recursos.
“Com o nosso novo motor elétrico, estamos cumprindo com a nossa responsabilidade como empresa que opera de forma sustentável”, afirma o presidente da Mahle, Michael Frick, acrescentando que “dispensar a utilização de imãs e, portanto, o uso de elementos de terras raras, oferece um grande potencial, não apenas do ponto de vista geopolítico, como também no que diz respeito ao uso responsável da natureza e dos seus recursos”, reforça Frick.
Além de ser ambientalmente mais correto, o novo motor elétrico é altamente eficiente, com eficácia na ordem dos 95%, seja em que regime for. Com esta promessa, este novo componente passa a rivalizar diretamente com os motores dos monopostos da Fórmula E, os únicos que até agora conseguiram um tal nível de eficiência.
Outro ponto destacado pela Mahle é a durabilidade, graças ao recurso de transmissão de corrente elétrica sem contato entre as partes rotativas e estacionárias, no interior do motor. O que, dito de outra forma, significa um motor sem necessidade de qualquer manutenção ao longo da vida, além de ser passível de ser utilizado numa ampla gama de aplicações.
“O nosso motor sem ímãs pode ser descrito como uma inovação, já que oferece várias vantagens que ainda não haviam sido combinadas num produto deste tipo”, acrescenta o vice-presidente corporativo da Mahle, Martin Berger. “Como resultado desta conquista, podemos oferecer aos nossos clientes um produto com excelente eficiência, a um custo comparativamente baixo”, finaliza.
AB