A empresa alemã inaugurou sua nova unidade, em Dresden, para atender à crescente demanda por parte de fabricantes de carros elétricos, sistemas autônomos e de inteligência artificial. “A tecnologia de ponta apresentada na nova fábrica de semicondutores em Dresden é um ótimo exemplo do que os setores públicos e privados podem alcançar quando unem suas forças. Os semicondutores irão contribuir para o desenvolvimento de indústrias como a de transporte, manufatura, energia limpa e da saúde, onde a Europa se destaca. Isso contribuirá para fortalecer a competitividade europeia como um berço para inovações de ponta”, disse a dinamarquesa Margrethe Vestager, vice-presidente da Comissão da União Europeia.
O investimento da Bosch foi de um bilhão de euros, e de acordo com o comunicado, é o maior até hoje nos mais de 130 anos de história da marca. A empresa pretende contribuir para aumentar a distribuição de semicondutores para a indústria automobilística e outros equipamentos em geral. Os primeiros chips para ferramentas elétricas da Bosch sairão da linha de produção em julho próximo, seis meses antes do planejado.
“A nova fábrica é boa para a Europa, para a Alemanha e para a Saxônia. Direta e indiretamente, significa muitos novos empregos em uma indústria em pleno desenvolvimento. Este investimento fortalece a Silicon Saxony e toda a indústria europeia de semicondutores”, disse Michael Kretschmer, governador da Saxônia.
Segundo a Bosch, nenhum outro fornecedor automobilístico tem trabalhado tão intensamente com microeletrônica. Desde 1958 ela produz seus próprios semicondutores e, desde 1970, a fábrica de Reutlingen industrializa componentes especiais que não estão disponíveis comercialmente. Somente em suas fábricas de semicondutores em Reutlingen e Dresden, a Bosch investiu mais de 2,5 bilhões de euros, desde 2010.
A fábrica irá produzir pastilhas de silício de 300 milímetros, ou seja, semicondutores de alta capacidade e eficiência. A vantagem é que cada pastilha permitirá obter mais chips e, por isso, será mais eficaz e permitirá aumentar a capacidade de fornecimento desses itens às fábricas.
Os executivos da Bosch acreditam que, independentemente de o futuro da mobilidade estar em sistemas de combustão, eletricidade ou formas híbridas, sempre irá existir a demanda por supercondutores, chips e grande poder de processamento. A Bosch é um dos principais produtores mundiais de diversos tipos de sensores e sistemas para veículos, incluindo elementos de segurança e de telemática.
Esta tecnologia irá ser desenvolvida e produzida na nova unidade, que mede 72.000 m² sob o lema “Inteligência Artificial das Coisas”, numa analogia à IOT, “Internet das Coisas”. São mais de 100 máquinas em operação e até 700 empregados, quando estiver totalmente operacional. A fábrica é inteiramente conectada e orientada por dados, e gerenciada por Inteligência Artificial.
Máquinas que pensam por si mesmas, manutenção remota, óculos de dados com câmeras embutidas, tudo faz crer que a fábrica de semicondutores em Dresden seja considerada uma das mais avançadas do mundo, informa a Bosch. Para evitar qualquer entrada de poeira, os ambientes são pressurizados e os colaboradores recebem banhos de jatos de ar nos seus trajes especiais.
Os processos de fabricação e manutenção podem ser analisados em tempo real. Por exemplo, um algoritmo da IA pode detectar até mesmo as menores anomalias nos produtos, pois elas são visíveis na superfície do semicondutor, na forma de padrões de erro específicos, conhecidos como “assinaturas”. Suas causas são analisadas imediatamente e desvios do processo corrigidos sem demora, antes mesmo que possam afetar a confiabilidade do produto final, esclarece o comunicado da empresa.
O trabalho de manutenção também pode ser otimizado graças à Inteligência Artificial. Os algoritmos podem prever com precisão se e quando uma peça de maquinário de produção ou um robô precisa de manutenção ou ajuste. Em outras palavras, esse trabalho não é feito de acordo com uma programação rígida, mas exata e precisamente quando é necessário, e antes de qualquer problema surgir.
A manutenção da fábrica de Dresden também utiliza alta tecnologia, podendo ser realizada remotamente. Graças a uma câmera embarcada nos óculos de dados, as imagens são transmitidas para qualquer lugar do mundo, e um técnico fala com o colaborador sobre o processo em tempo real.
Em abril deste ano a Bosch e a Daimler AG estabeleceram uma parceria estratégica tendo em vista o desenvolvimento conjunto de soluções para veículos autônomos de níveis quatro e cinco, ou seja, sem intervenção humana.
AB