No percurso de teste do lançamento, realizado no campo de provas da Ford em Tatuí, foi possível experimentar o novo Ford Bronco Sport em várias situações (confira aqui), e utilizar o seletor rotativo no console central G.O.A.T.  (Goes Over Any-Type Terrain — passa em qualquer tipo de terreno) para alternar entre os sete modos de condução. Campos de provas simulam o que é encontrado na vida real, mas ficou aquela dúvida de como seria dirigir o novo Bronco em situações de trilhas real. Para tirar essa dúvida convidei Luís Fernando Carqueijo, editor 4×4 do AE, para me guiar pelas Trilhas das Águas e Trilha do Morro da Placa, na região de Cajamar, SP, e assim testar as capacidades do novo modelo sob o comando de um motorista com pouca experiência nessas situações: eu.

Se preferir, assista primeiramente ao vídeo gravado pelas trilhas:

Usando no dia a dia

Além do domingo de trilhas acompanhado do Carqueijo e do Paulo Keller, que também apareceu para dar apoio e fotografar, e logicamente com Márcio Salvo nas gravações, utilizei o novo Ford Bronco Sport durante uma semana nas minhas atividades diárias, e não é que o suve agrada bem para uso urbano e rodoviário, não sendo um veículo pesado para essa finalidade? É um carro que pode ser utilizado para o trabalho e para o lazer, sem sombra de dúvida.

A dirigibilidade do motor quatro-cilindros 2,0 a gasolina turbocarregado que entrega 240 cv a 5.500 rpm com torque máximo de 38 m·kgf a 3.000 rpm apresenta boas respostas de aceleração, e muitas vezes preferi deixá-lo no modo Eco para atenuar a resposta do pedal do acelerador e deixá-lo mais suave. Quando o modo Esportivo é ativado a resposta fica mais ágil e o câmbio automático de 8 marchas faz as trocas em giros mais altos, sendo recomendado para uma condução mais rápida apenas.

Fiz algumas experiências de troca de marchas pelo modo manual através das borboletas atrás do volante, mas a verdade é que o câmbio automático está tão bem calibrado que dispensa brincar de piloto de Fórmula 1. Em todas as situações as trocas de marcha ocorrem de forma definitiva e sem atrasos. E mesmo em retomadas a redução de marcha e aceleração se dão de maneira bem linear e dentro do tempo de resposta esperado.

Obtive vários e diferenciados resultados de consumo de combustível. O primeiro foi no trecho São Paulo a Campinas, SP, com modo Eco ativado, ar-condicionado ligado, e velocidade de 120 km/h ajustada no controle de velocidade de cruzeiro adaptativo. É notório como cada dia que passa há mais veículos nas vias que dificilmente saem espontaneamente da faixa da esquerda quando outro veículo se aproxima. O sistema adaptativo reduz a velocidade e mantém intervalo mínimo de 2 segundos entre os carros, ajustando a velocidade à do veículo à frente, que normalmente está abaixo dos 120 km/h, mas na faixa da esquerda. Somente após aquela piscada de farol ou ligar a seta a esquerda que o cidadão acorda e se move para as faixas mais à direita, que normalmente estão vazias. É nesse momento que o consumo de combustível é prejudicado, pois são sucessivas reduções de velocidade e reacelerações ao longo do trajeto. E para reacelerar um carro de 1.700 kg são necessários vários mililitros de gasolina adicional. O consumo ficou prejudicado e indicou 10, 5 km/l no computador de bordo. Bom salientar que na aferição de velocidade e hodômetro o erro é inferior a 1%.

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Outra experiência foi novamente no trecho São Paulo-Campinas, mas em horário diferenciado com menor movimento, permitindo manter a velocidade ajustada por mais tempo e sem tantas interrupções. O resultado foi de 11,8 km/l. E o terceiro trecho foi na devolução do carro para a Ford, percorrendo o trecho inverso, de Campinas para São Paulo, porém em uma manhã fria, ar-condicionado desligado, e apesar do controle adaptativo de velocidade de cruzeiro estar ajustado para 120 km/h, o trajeto foi feito na média de 85 km/h, seguindo o ritmo dos demais carros, e o consumo pulou para 12,5 km/l. Neste último caso o carro dificilmente atingia 120 km/h, pois o movimento na rodovia era intenso (horário de pico da manhã).

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Mas é na trilha que as coisas se invertem e o consumo deveria ser medido em litros por hora e não km/l, pois são vários trechos de baixíssima velocidade, e períodos parado com motor em marcha lenta para esperar os demais veículos do comboio ultrapassarem os obstáculos. O consumo foi de impublicáveis 2,6 km/l, que poderia ser traduzido para 3 litros por hora. Mas esqueçam esse número e lembre-se que 11 a 12 km/l é fácil de atingir, o que não é nada mau para o desempenho que entrega o Bronco Sport.

Conforto ao rodar

Na experimentação no campo de provas notei uma maior rolagem lateral da carroceria, confirmado nesta semana com o Bronco. Se por um lado essa característica é facilmente percebida, por outro lado nota-se também que é um compromisso entre conforto e estabilidade para o asfalto, com conforto em terrenos acidentados do fora de estrada. E ao mesmo tempo que a suspensão é macia e tem maior amplitude nas médias e altas velocidades de articulação da suspensão, está bem controlada em baixas velocidades e curso de articulação.

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A utilização de pneus Pirelli Scorpion ATR 225/65R17 não prejudica o ruído de rodagem em asfalto ou terra, traz pouca aspereza de rodagem e proporciona boa capacidade de tração na lama. As rodas em liga de alumínio têm desenho com grandes aberturas, facilitando a limpeza da lama acumulada nas pinças de freio dianteira e traseira, visto que o veiculo vem equipado com disco nas quatro rodas, sendo os dianteiros ventilados.

O sistema de direção já havia chamado minha atenção no campo de provas e agora me encantou, pois tem ótima definição de centro, bom esforço em toda a faixa de velocidade, e oferece o recurso do eficiente sistema de permanência em faixa que mantém o carro no centro dela quando bem demarcada, e alerta através de vibração do volante e de grafismo no quadro de instrumentos a saída involuntária da faixa. Viagens longas deixam de ser cansativas com esse tipo de sistema de ajuda ao motorista, associado ao controle adaptativo de velocidade de cruzeiro.

Para complementar o bom conforto de rodagem os bancos dianteiros do Ford Bronco Sport têm ajustes elétricos para motorista e mecânico para o passageiro, ambos com regulagem de altura. O volante de direção conta com ajusta de altura e distância, facilitando encontrar a melhor e mais confortável posição de dirigir. Foram mais de 750 quilômetros percoridos durante a semana e cerca de 4 horas nas trilhas, e em nenhum momento senti qualquer tipo de desconforto. O revestimento em material que imita couro com texturas e cores diferenciadas alegram o interior do veículo.

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Experiência a bordo

A conectividade do Bronco Sport começa na central multimídia Sync3 que comanda o ótimo sistema de som Premium da B&O com 10 alto-falantes e subwoofer. O espelhamento de celular via Android Auto e Apple CarPlay ainda requer uso de cabo USB, apesar do carro já estar equipado com carregador por indução (sem fio). A qualidade sonora é inquestionável. A tela tátil de 8” tem ótimo grafismo permitindo fácil leitura e operação, além de oferecer GPS com mapas residentes, facilitando a navegação fora de estrada quando o sinal de internet desaparece. Só ficou devendo uma tela maior e a conexão sem fio.

O sistema de ar-condicionado tem controle automático de temperatura em duas zonas frontais, e permite rápido resfriamento da cabine e conforto para o banco traseiro através de saídas de ar climatizado na extensão do console central. Todos os comandos são através de botões físicos e bem localizados no console frontal.

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A alavanca seletora de câmbio foi substituída por um comando rotativo P-R-N-D com o modo M acionado por um botão central. A operação desse comando inclui o recurso de segurança que a gira automaticamente para Parking ao desligar o motor. O comando G.O.A.T. também é giratório e traz outros 4 botões satélites para ativação do bloqueio do diferencial traseiro, ativação forçada do 4×4, controle velocidade de trilha e controle de estabilidade.

O interior do veículo é provido de várias opções de porta-objetos com destaque para as bolsas no dorso dos encostos dos bancos dianteiros fechadas por zíper, e os recursos de fixação de cargas e objetos nas laterais do porta-malas. O tampão do porta-malas é construído em material plástico rígido e dobrável, o que dá bastante versatilidade para acomodação de cargas, juntamente com o encosto do banco traseiro rebatível. O mesmo tampão possui travamento em duas posições longitudinais, e ao deslizá-lo para fora da abertura do porta-malas serve como mesa para piquenique, pois tem dois pés que se apoiam sobre o para-choque traseiro. É um ótimo recurso para aquela escapada com a família para o meio do mato em épocas de distanciamento social.

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No elevador

Na análise técnica no elevador nota-se preocupação com proteções aos componentes mecânicos. O protetor do cárter do motor e câmbio é feito com chapa de aço de 2 mm de espessura que precisa ser removida para troca de óleo. O subchassi é ancorado diretamente ao monobloco e os braços de controle da suspensão dianteira do tipo McPherson são construídos em alumínio e articulados mediante uma bucha horizontal e outra vertical visando melhor controle e conforto, respectivamente.

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O cardã traseiro é duplo com mancal central e utiliza juntas elásticas em todas conexões, e interessante que por não ter movimento oscilatório vertical — o diferencial traseiro é suspenso — o cardã segue paralelo utilizando igualmente o túnel central.

O eixo traseiro está fixado ao subchassi que suporta todos os demais componentes mecânicos da suspensão traseira de arquitetura multibraço e suas semiárvores com duas juntas homocinéticas cada. O braço inferior é de alumínio estampado, diferente do dianteiro que é fundido. Ambos contribuem para menor peso total do veículo, além de reduzir a massa não suspensa da suspensão, o que melhora conforto e estabilidade.

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Tanque de combustível de plástico tem 55 litros de capacidade e é muito bem protegido por chapa metálica. E finalizando, na traseira encontra-se um enorme silenciador de escapamento que descarrega os gases em duas saídas através de ponteiras integradas ao para-choque traseiro.

Conclusão 4×4

Se no campo de provas já tinha gostado da facilidade com que o Bronco Sport encara os desafios longe do asfalto, ao fazer esse passeio pelas trilhas escolhidas pelo Luís Fernando Carqueijo ficou claro que esse veículo foi nascido e criado para enfrentar esse tipo de aventura, sem abrir mão do conforto para os ocupantes.

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Na avaliação de Carqueijo as trilhas escolhidas apresentavam obstáculos limítrofes devido às chuvas da noite anterior, e qualquer coisa mais exigente deixaria não só o Bronco mas outros veículos 4×4 originais necessitando de ajuda. Em muitos atoleiros notei que os facões eram tão profundos que o veículo deslizava tocando o centro no barro, mas em nenhum momento senti perda de tração.

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O sistema de tração 4×4 por demanda funciona muito bem e não depende de operações complexas do motorista. Em alguns momentos pude acompanhar através do quadro de instrumentos a indicação de distribuição de torque para as rodas, alternando entre eixos, ou aumentando o torque para a traseira.

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A falta de uma caixa de transferência reduzida não foi sentida nem mesmo no ponto mais crítico da chegada ao cume do Morro da Placa, onde a inclinação de 20 graus (44%) foi atingida e indicada no clinômetro do quadro de instrumentos, e o Bronco escalou sem dificuldades as erosões do piso.

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Definitivamente, o Ford Bronco Sport Wildtrak com preço público de R$ 256.990 é boa opção para quem prefere ou precisa de um suve médio com características exclusivas e que enfrente todo tipo de terreno, seja no uso diário ou nos passeios do final de semana.

GB