A quarta vitória de Helio Castro Neves nas 500 Milhas de Indianapolis (foto de abertura), no último domingo, superou expectativas e celebrações com uma intensidade jamais vista. Voltar a vencer em Indy duas décadas após seu primeiro triunfo no famoso brickyard, em 2001, mostrou muito mais do que um piloto que soube dominar a situação durante as 200 voltas da prova com maestria. Tamanha maturidade veio com conquistas e obstáculos ao longo de uma carreira iniciada no kartódromo de Ribeirão Preto e que teve altos e baixos em pistas brasileiras, argentinas, inglesas, americanas e em tantos outros asfaltos, Macau incluído.
Convivi com Helinho em alguns momentos importantes de sua carreira, um deles particularmente devastador: a final de Campeonato Sul-Americano de F-3 de 1993, no autódromo de Buenos Aires. Naquela tarde ensolarada de 19 de dezembro ele fez o que precisava para garantir o título, mas os pilotos argentinos responderam com uma ação fisiológica: Fabian Malta e Gabriel Furlan simplesmente se deixaram ultrapassar pelo compatriota Fernando Croceri, que ao terminar em segundo somou pontos para sagrar-se campeão. Uma atitude por demais antidesportiva, para não dizer vergonhosa.
Em 1994 Helinho mudou-se para Inglaterra, onde defendeu a equipe de Paul Stewart na F.3, categoria que disputou até 1995 e terminada a temporada com uma participação no Circuito da Guia, em Macau (então um enclave português na ilha que faz frente a Hong Kong). Nessa altura dos acontecimentos as oportunidades na América do Norte mostravam-se mais interessantes e em 1996 Castro Neves passou a disputar as provas da F-Indy Light. Seus resultados tornaram-se cada vez mais consistentes e em 1998 ele já fazia parte do circo da Cart, então como piloto da equipe Bettenhausen. Nessa época houve uma aproximação entre ele e Emerson Fittipaldi, que em 1999 foi seu empresário. A experiência não foi das melhores e mesmo com uma vaga na Penske em aberto o bicampeão mundial não encaixou seu piloto em vaga tão desejada. Depois que o contrato com Emerson terminou, em 31 de dezembro, Helinho conseguiu se acertar com o todo-poderoso Roger Penske e substituir Greg Moore, falecido após um acidente em Fontana, na Califórnia.
O destino fez com que o Castro Neves formasse dupla com outro brasileiro, Gil de Ferran. Nos três anos seguintes Helinho venceu em 2001 e 2002 e foi segundo em 2003, quando terminou atrás de Gil de Ferran e à frente de Tony Kanaan. Alguns anos mais tarde, em 2008, uma denúncia anônima levou as autoridades dos EUA a processar Castro Neves alegando sonegação de impostos. Em 16 de abril ele foi absolvido e 38 dias depois venceu pela terceira vez em Indy.
Desde que disputa a prova Castro Neves conseguiu outros dois segundos lugares em 2014 e 2017. A temporada passada marcou o final de sua ligação com Roger Penske, para quem conseguiu o título da IMSA com um protótipo Accura. Este ano o brasileiro, que teve em Alfredo Guaraná Menezes seu grande mentor, estruturou uma campanha com participações esporádicas e mantém a média de 100 % de aproveitamento: além da conquista histórica em Indy, em janeiro ele venceu a 24 Horas de Daytona defendendo a equipe de Wayne Taylor. O triunfo de Indy marcou também a primeira vitória da equipe Meyer-Shank na F-Indy. Já Fernando Croceri nunca mais voltou a vencer uma corrida depois que conquistou o título Sul-Americano de F-3 naquela tarde de domingo em Buenos Aires.
Campeonato Paulista prossegue em Interlagos
O Campeonato Paulista de Automobilismo prossegue neste final de semana com a disputa de provas para categorias de monopostos (F-Delta, F-Vee, F-1600) e Turismo (Classic Cup, Marcas, Race Cup, Old Stock, Opala 250, Open Paulista e Mercedes-Benz Challenge, que promove sua primeira etapa do ano). O evento ocorre com portões fechados ao público por causa de restrições sanitárias decorrentes da pandemia do Covid-19.
WG