Ontem, por volta de seis da tarde, voltando da curva AE onde tivemos sessão de fotos e vídeo do Tiguan Allspace R-Line, fiquei impressionado com o volume de tráfego na Castello Branco rumo à capital, um sinal de que a curva pandemia está em inflexão. Outro, o transporte rodoviário — não o caso de ontem, mas dos dias úteis — num volume de impressionar, igual ou maior do que antes do mal do coronavírus.
Mas o mais impressionante foi o comportamento dos motoristas, e eram muitos, na conhecida autoestrada paulista. O máximo que eu conseguia andar era a 100 km/h numa rodovia de 120 km/h de limite. Até aí, compreensível, mas no afã de me livrar do tráfego, procurando faixas mais livres, eu passei “zunindo” por grande número de lesmas de quatro rodas, para isso fazendo de conta que estava num país de mão esquerda, ou seja, ultrapassando pela direita.
Um parêntese: se nossa mão é direita, como é possível alguém que dirige trânsito, seja urbano ou rodoviário, achar que a numeração das faixas começa pela esquerda? Já falei nisso até matéria aqui no AE, inclusive que meu irmão, carioca, vindo a São Paulo e procurando minha residência, viu sinalização orientadora na av. 23 de Maio que no entender dela não era a que levava para onde ele queria ir. Esse parêntese serve para explicar que eu ultrapassava pela direita na faixa que dentro da mais elementar lógica é a faixa 1, não a 4. Aliás. me deram há muito tempo que é porque se escreve 1, 2, 3, etc., e não 3, 2, 1, etc… Acredite se quiser.
O tempo todo ontem me perguntava o que leva uma pessoa no comando de um automóvel a andar tão absurdamente d-e-v-a-g-a-r, constituindo verdadeiros trombos numa rodovia e, claro, agravando os problemas de tráfego intenso. Também, perdi a conta de quantos freavam nos “pardais” apesar de estarem muito abaixo do limite.
Antes que algum leitor novo do AE pense que sou um louco ao volante, que gosto de “correr”. não sou absolutamente. Apenas acho que está faltando consciência combinada com inabilidade a um vasto número de motoristas.
Quem já dirigiu na Europa sabe que existe uma consciência dos motoristas lá de que todos fazem parte de um sistema. Exemplo típico é numa estrada secundária ou mesmo vicinal, de mão dupla, de limite baixo tipo 80 km/h, todos andarem a essa velocidade e que é a natural. O resultado é que se dirige tranquilamente, sem a incômoda sensação de se estar lento demais, portanto inexiste ânsia de ultrapassar. É o oposto do que se vê normalmente aqui.
Como mudar este quadro por aqui? Muito difícil. Começa pelas velocidades de cágado na instrução nas autoescolas, ou centros de formação de condutores, onde esta noção, aposto todas as minhas fichas, é ignorada. E prossegue na fiscalização por policiais a bordo de veículos orientando e educando motoristas ter dado lugar à fiscalização de velocidade com equipamento eletrônico.
Já contei aqui mas vale repetir. Quando do embargo dos produtores de petróleo sob a égide de Opep, em 1980, nos Estados Unidos foi adotado o limite nacional de velocidade de 55 milhas por hora (88 km/h) para poupar combustível. Como a maioria andava de 60 a 65 milhas por hora (96 a 104 km/h), volta e meia havia os obedientes ao limite, ocasionando congestionamento nas estradas ou mesmo provocando acidentes. A polícia, então, emparelhava com o cumpridor da lei e o mandava acelerar para eliminar aquele “trombo” da estrada.
Será que algum dia chegaremos a este estágio de visão holística do trânsito?
BS