Meio de temporada e véspera de um breve, e movimentado, período de férias, a F-1 vive no próximo fim de semana uma etapa normalmente das mais modorrentas, o GP da Hungria. O país tem forte apelo turístico: Budapeste é uma cidade das mais bonitas, o Hotel Gellért exibe uma das saunas das mais luxuosas, a gastronomia local é refinada e há o bom vinho de sobremesa Tokaji, feito com uvas maturadas das qualidades Furmint, Hárslevelü e Moscatel amarela. A corrida, porém, se encaixa perfeitamente no gênero 8 ou 80, mais para oito do que para oitenta. A intensa disputa entre Max Verstappen e Lewis Hamilton, respectivamente líder e vice-líder do Campeonato Mundial de Pilotos, é o maior trunfo para garantir emoção no domingo pela manhã. No ano passado o inglês venceu e o holandês foi terceiro.
O percurso travado de 4.381 metros oferece poucos pontos de ultrapassagem. Em outras palavras, a prova de classificação do sábado tem importância crucial. As curvas 2, 6, 8, 12 e 13 são exemplos que justificam essa característica. As manobras mais espetaculares acontecem na curva 1, cenário da famosa disputa entre Nélson Piquet e Ayrton Senna no GP de 1986, corrida que inaugurou o autódromo construído na cidade de Mogyoròd, cerca de 30 km do centro de Budapeste. Foi também o último GP do jornalista Janos Lengyel, húngaro naturalizado brasileiro e que representava o Brasil na Comissão de Imprensa da FIA.
Em 2010 outro brasileiro, Rubens Barrichello, protagonizou uma disputa de posição com Michael Schumacher que também entrou para a história. Na ocasião os ex-companheiros na Ferrari defendiam respectivamente a Williams e Mercedes e quando Rubinho tentou ultrapassá-lo na reta dos boxes , a cinco voltas do final, o alemão não titubeou em forçar o brasileiro em direção ao muro dos boxes. Desta vez Barrichello não tirou o pé e levou a melhor.
Três anos antes, em 1997, o então campeão mundial Damon Hill perdeu a chance de conseguir uma vitória inédita para a equipe Arrows — onde também corria o brasileiro Pedro Paulo Diniz —, e a Yamaha. Durante a corrida, na qual alinhou em terceiro lugar no grid, o inglês foi extremamente competitivo e liderou da décima-primeira volta até faltarem cinco para o final. Nesse momento uma arruela não suportou a pressão do sistema hidráulico e o filho de Graham foi superado por Jacques Villeneuve, que completou a prova 9”079 à sua frente. Até hoje o desempenho inusitado de um carro que era dos menos competitivos da temporada provoca discussões entre os entusiastas do esporte.
O GP de 2014 também é inesquecível: disputado sob chuva, algo raro na Hungria, ele foi marcado por várias intervenções do Safety Car. O vencedor foi Daniel Ricciardo e é, até hoje, o último pódio conquistado por Fernando Alonso. Mais marcante foi a decisão de Lewis Hamilton de ignorar ordens de equipe e manter-se atrás de Nico Rosberg. O inglês terminou em terceiro, cerca de meio segundo à frente do alemão.
Este ano a corrida húngara deverá ser marcada por muita agitação sobre o futuro de alguns pilotos, particularmente, Valtteri Bottas. A cada dia que passa surgem novos comentários e teorias a respeito do seu futuro na equipe Mercedes, onde o líder Toto Wolff já declarou que se tiver que dispensar o finlandês o ajudará a encontrar uma vaga em outra equipe. Uma volta à Williams ou um lugar na Alfa Romeo-Sauber são, aparentemente, suas opções. Ocorre que, em fase de renascimento, a equipe inglesa pode preferir manter Russell e a escuderia ítalo-suíça tem compromissos em absorver jovens pilotos aprimorados na Academia Ferrari.
WG