É claro que o título é uma piada, mas é exatamente o que podem fazer mentes doentias como a da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, que resolveu impor limite de 30 km/h numa grande parte da cidade-luz (foto de abertura) já em agosto. Até onde me lembro, esse abuso de autoridade contra o cidadão-motorista, começou em Nova York em 2014 quando o prefeito Bill de Blasio impôs limite 40 km/h em toda Manhattan, objeto de matéria em novembro daquele ano no AE.
Ou seja, coisa de prefeito que certamente não noção do que é dirigir, como a prefeita francesa e o americano. Ou como Fernando Haddad, que pouco depois do início de sua gestão em 2013 baixou os limites de velocidade em São Paulo e que estão aí até hoje infernizando a vida do paulistano, tanto pelas velocidades inferiores àquelas naturais, quanto pelas inevitáveis multas por “excesso de velocidade”.
As marginais dos rios Tietê e Pinheiros também foram alvo do abuso de Haddad, que reduziu o limite das pistas expressas de 90 km/h para 70 km/h, tornando insuportável dirigir nessas duas importantes vias. Felizmente o prefeito João Dória Jr cumpriu sua promessa de campanha e restabeleceu o limite de 90 km/h. Só que vozes imbecis se levantaram contra a decisão de Dória vaticinando elevado número de acidentes e mortes, mas o que se viu em quatro anos não foi nada disso. A explicação é simples: 90 km/h nas pistas expressas das marginais é velocidade natural, nada tem de “excessiva”.
Mas o prefeito João Dória Jr. fez porcaria: manteve todas as demais reduções de velocidade do seu antecessor, tornando-se o “Prefeito Cinquentinha”. Vias importantes como as avenidas dos Bandeirantes, Tancredo Neves, Salim Farah Maluf e Jacu Pêssego continuam com o absurdo limite de 50 km/h. Criaram-se quadros esdrúxulos como atravessar uma divisa de município na região metropolitana de São Paulo e o limite, como passe de mágica, passar a 60 km/h. Caso das avenidas Presidente Tancredo Neves e Almirante Delamare,, em São Paulo, de 50 km/h, e avenida Goiás, em São Caetano do Sul, 60 km/h.
Brasília também foi alvo dessa histeria, com mais reduções em várias vias de 60 km/h para 50 km/h.
Como um câncer
A histeria de reduzir velocidade, como o câncer, está dando metástase. Várias cidades brasileiras e até rodovias estão tendo suas velocidades máximas reduzidas. Leitores têm relatado inúmeras reduções pelo país no último ano. Só que neste caso o câncer é “benigno e bem-vindo” — para municípios, estados e Distrito Federal: detectores de velocidade com câmera parecem crescer junto com as reduções de velocidade, e desse modo flagrarem os “infratores” sem dó nem piedade.
Bem recentemente, o prefeito de São Paulo desde o início do ano, Ricardo Nunes, determinou redução de 50 km/h para 40 km/h em algumas avenidas da capital como a Olavo Fontoura, onde num lado está o Parque de Exposições do Anhembi e no outro, o Campo de Marte. Dirigir ali já a 50 km/h já era penoso, seria 60 km/h sua velocidade natural. Agora virou horror.
A prefeita de Paris provavelmente achou “boa ideia” o que a Direção Nacional de Tráfego (DGT) da Espanha fez em maio último; reduziu o limite de todas as vias de mão duplo das cidades espanholas para 30 km/h.
A pergunta que fica não é onde iremos parar — já está acontecendo — mas quando voltaremos ao mundo real, à realidade, às velocidades naturais, as que dispensam ficar de olho pregado no velocímetro. E torcer para que alguma mente doente não resolva aplicar a piada do título.
BS
(Atualizada em 19/07/21 às 13h20, correção das informações de velocidade em Brasília)