Eu já havia rascunhado o tema da coluna de hoje quando assisti o GP da Rússia, em que perto do final choveu e mudou o resultado, com Lewis Hamilton (Mercedes) vencendo e o provável vencedor, Lando Norris (McLaren), que liderava fácil, terminando sétimo. O inglês decidiu não atender ao chamado do boxe para colocar pneus intermediários, permanecendo com o pneus de seco (foto), levando o carro a ficar indirigível. quando a chuva se intensificou nas voltas finais. Chuvas avisam, mas em regra vêm fortes de repente, como nessa corrida. Por isso os nossos carros têm que estar preparados para quando isso acontecer.
Estar preparado significa que os pneus precisam ter capacidade de drenar a água que se acumula entre eles e o solo, caso contrário a possibilidade de ocorrer a aquaplanagem é enorme. A aquaplanagem tem o efeito perverso de eliminar o contato dos pneus com o piso, e isso significa supressão momentânea do comando do veículo. Os freios não conseguem mais exercer seu papel, tampouco o sistema de direção. Numa linguagem antiga e simplista, porém verdadeira, quem está ao volante passa de motorista a passageiro.
Quando o volume da precipitação pluvial é grande, combinado com a rapidez com que ocorre, como nas pancadas de verão, a drenagem insuficiente dos pneus aumenta o risco de aquaplanagem exponencialmente. Foi o que claramente se viu no McLaren de Norris.
E o que é estar preparado? É incrivelmente simples. É controlar a profundidade dos sulcos dos pneus de tal modo não estejam com menos de 3 mm.
O limite legal de profundidade de sulco é 1,6 mm. Todos os pneus têm marcas em quatro ressaltos equidistantes na banda de rodagem com exatamente essa altura, pelas quais se pode facilmente saber, por comparação, qual é a profundidade dos sulcos. Esses ressaltos são chamados de TWI, sigla em inglês de indicador de desgaste da banda de rodagem (tread wear indicator).
Todavia, quem conhece o assunto aquaplanagem sabe que o limite de desgaste legal é insuficiente para eficaz drenagem da água na pista,, daí o limite prático ser 3 mm (ideal 4 mm, ou meia-vida, nos pneus novos essa profundidade é de 8 mm). Por isso em muitos manuais de proprietário de carros Chevrolet existe essa recomendação expressa.
É incompreensível o limite legal, determinado por resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). Os fabricantes de pneus também clamam 1,6 mm: sou de opinião que é para não passar a ideia de que os seus pneus duram pouco. A Continental, por outro lado, costuma colocar nos seus pneus marca TWI também para 3 mm, o que merece aplausos.
Medir a profundidade do sulco é bem simples. Por exemplo, usar um palito de fósforo marcado com 3 mm a partir da ponta sem o material ignífero e comparar.
Fique atento à profundidade de sulco dos pneus. É uma despesa a mais, claro, mas considere-a investimento em segurança para si próprio, sua família e seu carro. Valerá a pena.
(Atualizada em 26/09/21 às 1508, correção no primeiro parágrafo, foi 0Norris que decidiu continuar com pneus de seco quando a chuva ficou mais forte).
BS